Ação de indenização em face de empresa proprietária de ônibus coletivo, tendo em vista que a freada brusca do motorista causou ao autor danos materiais, morais e estéticos.
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA DE ....., ESTADO
DO .....
....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador
(a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua
....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de
seu (sua) advogado(a) e bastante procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01),
com escritório profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade
....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui
respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR ATO ILÍCITO
em face de
....., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., com
sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP
....., representada neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). .....,
brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do
CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., pelos motivos de fato e de direito a seguir
aduzidos.
PRELIMINARMENTE
DA LEGITIMIDADE PASSIVA "AD CAUSAM"
Diante dos fatos expostos e dos documentos juntados, não há que se perquirir a
respeito da culpa do condutor do veículo pertencente à Ré, quanto ao acidente em
que Autora incontestavelmente restou vitimada.
O Código Civil é cristalino a esse respeito, vejamos:
"Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
..........
III. O empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhe competir, ou em razão dele."
DO MÉRITO
DOS FATOS
No dia .... de .... de ...., aproximadamente às .... horas, o condutor, Sr.
...., trafegava pela Av. ...., um veículo de propriedade da Ré - um ônibus
coletivo biarticulado, placa ...., quando agindo de forma imprudente e
negligente, repentinamente e de forma brusca, freou o ônibus.
A Autora devido a brusca freada, acabou sofrendo uma queda no interior do
veículo, vindo a chocar-se violentamente contra a barra de ferro de um dos
assentos.
O referido ônibus é meio de transporte de vários cidadãos, principalmente
trabalhadores, que todos os dias se destinam a seus empregos, entre eles a
Autora.
Em decorrência do sinistro, a vítima sofreu vários ferimentos, sendo o mais
grave deles o ocorrido no seu braço direito, mais especificamente no punho, que
acabou restando danificado devido a uma grave fratura exposta.
Devido à exposta fratura, foi encaminhada para o Hospital .... para atendimento
emergencial, e logo em seguida teve que ser submetida a uma intervenção
cirúrgica para inserção de um fio de platina em seu punho.
O laudo de lesões corporais do Instituto Médico Legal, em anexo, comprova de
forma inconteste o dano ocorrido:
"Houve ofensa à integridade corporal ou à saúde do examinado?
Resposta: Sim
Qual o instrumento ou meio que a produziu?
Resposta: Instrumento contundente."
Atualmente encontra-se totalmente inapta para o trabalho, pois perdeu 50% da
função de seu braço direito.
Nem mesmo as suas atividades cotidianas pode realizar, como lavar louças, varrer
a casa, vestir-se, entre outras, pois o seu punho perdeu a capacidade de
movimentar a mão e fazer movimentos essenciais, principalmente o de "pinça",
pois a vítima está impossibilitada de segurar qualquer objeto.
O atestado definitivo, em anexo, é conclusivo, vejamos:
"8. Descrever exatamente quais as alterações anatômicas ou funcionais
definitivas que produziu o acidente?
Fratura em extremidade de radio e punho direito, provável perda de função de
50%."
DO DIREITO
1. DOS DANOS MORAIS
Contemporaneamente, a reparação do dano moral é, em regra, pecuniária, ante a
impossibilidade do exercício do "jus vindictae", ou seja, da realização da
justiça através da vingança, pois estamos deveras distantes dos tempos das
Ordálias e dos Juízes de Deus.
Destarte, encontra na presente ação o meio adequado para clamar pela reparação
do dano para que seu sofrimento seja atenuado.
"In casu", em virtude do ocorrido, a Autora, que trabalhava em dois empregos
realizando serviços de limpeza, hoje em dia encontra-se inapta para continuar
exercendo os serviços de outrora, ainda mais tendo em vista que tratava-se de
serviço estritamente braçal.
Além do mais a dor e o medo que sofreu e continua sofrendo, posto que sente
constantes dores, são de difícil valoração.
Porém, a reparação pecuniária do dano moral, visa ao menos amenizar o sofrimento
da vítima, proporcionando-lhe uma vantagem, que atenderá em parte seus anseios
materiais ou ideais que repute convenientes, atenuando, assim, em parte, seu
sofrimento.
Pleiteia apenas o que lhe é de direito, pois, a provocação do Judiciária não
seria necessária se o Réu estivesse conduzindo o veículo de maneira mais
condizente, ou seja, tomado de cautelas de prudência e atenção.
Diante do acima exposto requer seja arbitrado por este r. Juízo um valor para
indenizar a vítima pelos danos morais, tendo em vista a vantajosa situação
financeira da Ré, que é uma próspera empresa do ramo de transportes, e a
precária condição da vítima, que, data venia, foi agravada pelo dano causado.
2. DOS DANOS ESTÉTICOS
Atualmente, o braço lesionado possui uma extensa cicatriz e também não é um
braço esteticamente normal, pois está torto.
Assim, requer também seja arbitrado um valor para que seja indenizada pelo dano
estético existente.
3. LUCROS CESSANTES
Conforme documentos inclusos, trabalhava como .... para dois empregadores e
percebia no total .... salários mínimos.
Desde o dia do acidente nunca mais pode trabalhar, pois como foi dito
anteriormente, realizava serviços braçais, que se consubstanciavam na .... dos
escritórios.
A professora Maria Helena Diniz, bem ministra o que vem a ser lucros cessantes,
"in verbis":
"O aumento que seu patrimônio teria, mas deixou de ter, em razão do evento
danoso." (in Curso de Direito Civil Brasileiro, Responsabilidade Civil, 7º
volume, 1984, Editora Saraiva).
Sobre o tema é salutar a exposição contida no Vocabulário Jurídico De Plácido e
Silva, volumes III e IV, J-Z, Editora Forense, 1986, "in extenso":
"É a expressão usada para distinguir os lucros, de que somos privados, e que
deveriam vir ao nosso patrimônio, em virtude de impedimento decorrente de fato
ou ato, não acontecido ou praticado por nossa vontade."
Destarte, os lucros cessantes são devidos, "data venia", de forma inconteste,
conforme Jurisprudência, "verbis":
"APELAÇÃO CÍVEL 437/85 - MARINGÁ - 3ª VARA CÍVEL - AC. 23010 JUIZ FRANCISCO
MUNIZ - 1ª CÂMARA CÍVEL UNÂNIME - JULG.: 13/02/86.
Responsabilidade Civil - Lucro Cessante. A responsabilidade civil pelo que se
deixou de ganhar - indenização pelo reflexo patrimonial de se encontrar
impossibilitado de trabalhar (frustração do ganho)."
Os documentos em anexo comprovam os rendimentos mensais que percebia e
conseqüentemente, ampara o requerimento de indenização pelos lucros cessantes.
4. DA CULPA DO RÉU
O ato culposo do Réu encontra previsão em inúmeros dispositivos legais, bem como
a conseqüente pretensão indenizatória requerida.
Sobre a reparação por dano moral e material, a Constituição Federal dispõe, "in
verbis":
"Art. 5º - (...)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação."
O Código Civil, por seu turno, determina "in verbis":
"Art. 186: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito".
Indubitavelmente, foi o condutor do veículo da Ré que causou os danos físicos e
morais, em decorrência de sua ação imprudente, na forma contida no retro
transcrito.
Súmula 341 do STF:
"É PRESUMIDA A CULPA DO PATRÃO OU COMITENTE PELO ATO CULPOSO DO EMPREGADO OU
PREPOSTO."
DOS PEDIDOS
"Ex positis", requer:
a) Determinar a citação do Réu no endereço mencionado, para o fim de apresentar
resposta, sob as penas da lei;
b) Requer o benefício da Justiça gratuita, conforme dispõe a Lei nº 1.060/50:
c) Requer o depoimento do representante legal da Ré, sob pena de confissão,
oitiva de testemunhas, prova documental subsidiária, prova pericial, além de
todas as demais provas admitidas em Direito;
d) O julgamento da presente ação pela procedência in totum do pedido, para o fim
de condenar o Réu ao pagamento do valor total dos danos causados, tanto
patrimoniais quanto morais, bem como os lucros cessantes, corrigidos
monetariamente, a serem arbitrados em sentença.
e) A condenação da Ré ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios à razão de 20% sobre o total do pleito.
Dá-se à causa o valor de R$ .....
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
[Local], [dia] de [mês] de [ano].
[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]