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Você está em:   IGF Modelos de documentos Petição Civil e processo civil Pedido de nulidade de negócio jurídico em face de transferência de bem ao credor pignoratício

Petição - Civil e processo civil - Pedido de nulidade de negócio jurídico em face de transferência de bem ao credor pignoratício


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Pedido de nulidade de negócio jurídico em face de transferência de bem ao credor pignoratício.

 

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA DE ....., ESTADO DO .....

....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor

AÇÃO ORDINÁRIA DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE ATO JURÍDICO

em face de

....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

PRELIMINARMENTE

Sendo os autores pobres na acepção jurídica da palavra, impossibilitados, portanto, de arcar com as despesas processuais sem prejuízo do sustento próprio e de seu lar, requer, desde logo, lhes seja concedida a benesse da JUSTIÇA GRATUITA, de conformidade com o artigo 2º, parágrafo único da Lei 1060 de 05/02/60.

DOS FATOS

1. Os ora requerentes, em data de ...../...../..... firmaram um contrato de mútuo, com o requerido. À época o requerido exigiu, como garantia do empréstimo firmado entre às partes, lhe fosse outorgada procuração (anexa), onde os requerentes conferiram ao requerido, amplos, gerais e ilimitados poderes, para o fim especial de vender, compromissar, hipotecar ou de qualquer forma alienar o imóvel constituído pelo lote n.º ....., da planta ......, situado no Município de ........., havido por força da matrícula ....... Reg. ....... do Registro de Imóveis de .......

Em data de ..../..../...., os requerentes quitaram o empréstimo, momento em que foram revogados (instrumento de revogação anexo) os poderes outorgados ao requerido, como garantia do pactuado entre as partes.

2. Em data de ..../..../...., os requerentes novamente firmaram contrato de mútuo com o requerido, que lhes emprestou à importância de R$ ......., valor este consignado, no instrumento de procuração (anexo) novamente exigido pelo requerido, como garantia do empréstimo efetuado aos requerentes.

Cumpre consignar, que os requerentes, foram induzidos em erro ao assinar a procuração exigida pelo réu nesta feita, achando tratar-se de procuração com o mesmo teor da anteriormente firmada.

Ocorre, Excelência, que em poder do instrumento procuratório que lhe conferia os mais amplos poderes para fazer o que bem entendesse com o imóvel, objeto da procuração em tela, o requerido passou a dificultar de todas as maneiras possíveis, a quitação do empréstimo adquirido pelos requerentes, cobrando-lhes juros abusivos, não entregando recibos das quantias até então pagas, chegando até a ocultar-se para não receber o valor devido pelos requerentes.

Pois bem, Excelência, diante de todas as dificuldades enfrentadas pelos requerentes para tentarem quitar o empréstimo efetuado junto ao requerido, este não foi possível, e, em data de ..../..../...., o requerido, de posse da procuração (anexa), transferiu o imóvel, objeto da garantia exigida, para o seu nome.

Ressalta-se ainda, que o valor do bem dado em garantia pelos requerentes por imposição do requerido, é de R$ ......, ou seja, muito superior ao mencionado na escritura de compra e venda, qual seja, R$ .........

Ainda, é imperioso ressaltar, que os requerentes nunca saíram da posse, do imóvel dado em garantia, como se denota através da correspondência anexa, enviada ao inquilino dos requerentes.

DO DIREITO

De acordo com os artigos 2º e 3º da Medida Provisória n.º 1.914-8 de 23 de novembro de 1999, "in verbis":

"Art. 2º - São igualmente nulas de pleno direito as disposições contratuais que, com pretexto de conferir ou transmitir direitos, são celebradas para garantir, direta ou indiretamente, contratos civis de mútuo com estipulações usurárias."

"Art. 3º - Nas ações que visem à declaração de nulidades de estipulações com amparo no disposto nesta Medida Provisória, incumbirá ao credor ou beneficiário do negócio o ônus de provar a regularidade jurídica das correspondentes obrigações, sempre que demonstrada pelo prejudicado, ou pelas circunstâncias do caso, a verossimilhança da alegação.

E ainda, conforme os artigos 1428, 167, II do Novo Código Civil "in verbis":

"Art. 1428. É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento."

"Art. 167. é nulo o negócio jurídico simulado, mas substituirá o que se dissimulou, se válido for na substancia e na forma:

Parágrafo primeiro:

Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - ....
II - quando contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira
III - ....."

Portanto, em total consonância com o acima exposto, deverá ser declarada a nulidade da venda do imóvel, dado em garantia do empréstimo efetuado pelo requerido aos requerentes, uma vez que, é nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento, devendo ainda ser considerada a simulação existente no ato jurídico em tela, como denota-se da boa jurisprudência ( Obs: jurisprudência com base no Código Civil de 1916):

"Ementa: Escritura passada como garantia de empréstimo. Nulidade desta. Art. 765/CC. Nula é a escritura passada não como representativa de real compra e venda, mas somente como garantia de empréstimo. Há indícios de que a escritura de compra e venda encobre negócio de mutuo quando o pretenso comprador, não entrou na posse do imóvel objeto do contrato; foi registrado o instrumento da compra e venda por mais de um ano; o valor da transação foi bem inferior ao do imóvel; o pretenso vendedor continuar a residir no mesmo imóvel e, finalmente, o pretenso comprador já tiver sido acionado por terceiro pelo mesmo motivo. A existência do contrato de empréstimo, a mingua de instrumento, pode ser provado por testemunhas, mesmo quando de valor superior ao décuplo do salário mínimo, quando haja começo de prova por escrito e outros indícios veementes ainda mais quando se destine a fazer prova de pacto comissório proibido por Lei, em benefício da parte prejudicada pela simulação (art. 102, II, CC). "Havendo pacto comissório, disfarçado por simulação, não se pode deixar de proclamar a nulidade, não pelo vício da simulação, mas em virtude de aquela avença não ser tolerada pelo Direito" (RESP n.º 21.681-7/SP - Rel. Min. Eduardo Ribeiro - DJU de 3.8.92) - (Apelação Cível 37398200 - Segunda Câmara Cível - TJPR - Rel. Des. Fleury Fernandes - julg. em 07/08/1996)

Finalmente, cabe ao requerido, consoante ao disposto na Medida Provisória n.º 1.914-8 de 23.11.99, o ônus de provar a regularidade jurídica da presente transação, diante da verossimilhança dos fatos alegados nesta exordial, pelos requerentes.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto requer:

a) a concessão do benefício da justiça gratuita, pelos motivos expostos em preliminar;

b) a citação do requerido, através de mandado, no endereço declinado, para, querendo apresentar defesa no prazo legal;

c) contestada ou não, seja declarada a nulidade da Escritura registrada no CRI de ......., onde os requerentes "venderam" o imóvel constituído pelo Lote n.º ......, da planta ....., (registro anexo), conforme fundamentação supra, condenando-se o réu, ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios;

Os autores pretendem provar o alegado através de todos os meios de prova em direito admitidos, inclusive o depoimento pessoal do réu e inquirição das testemunhas, caso necessário.

Dá-se à causa o valor de R$ .....

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]


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