Petição
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Trabalhista
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Ação de indenização de reparação de danos por acidente de trabalho
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Ação contra a empresa em razão de acidente ocasionado
por culpa de preposto do patrão, que ordenou que empregado não qualificado
tecnicamente procedesse a limpeza de maquinário ativado.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA .... ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE
....
................................, (qualificação), residente e domiciliado na Rua
.... nº ...., vem respeitosamente, por seu advogado, procuração inclusa (doc.
....), nos termos dos arts. 7º, XXVIII da Constituição Federal, art. 159 e 1521
do Código Civil, propor
INDENIZAÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS POR ACIDENTE DE TRABALHO
em face de ................................., pessoa jurídica de direito
público, portador do CGC/MF nº ...., com sede na Rua .... nº ...., pelas razões
de fato e de direito que seguem:
DOS FATOS
1. O Autor era ...., tendo sido contratado na função de ...., em ...., como se
comprova com documento incluso (doc. ....), foi lotada para trabalhar na .....
Decorrente da promulgação da nova constituição, a sua função foi transformada em
cargo público, em .... (doc. ....).
Neste interregno foi designado para a função de .... do .... (doc. ....).
2. No dia ...., por volta das .... h, o autor, por determinação de sua Superior,
foi executar a higienização de um equipamento, movido a eletricidade, utilizado
para fazer massa.
A necessidade da limpeza de tal equipamento era decorrente de estar desativado,
a muito tempo, tanto que a autora já não o operava a mais de .... (....) anos.
3. Para proceder a limpeza do equipamento, foi determinado ao Autor, a
utilização de água e sabão.
Para a limpeza era necessário que o equipamento estivesse ligado.
Na ocasião, o autor estava usando bota.
4. Quando procedia a limpeza do equipamento, em decorrência da água e sabão
sobre chão liso, o autor veio a resvalar e, consequentemente, perdeu o
equilíbrio, ocasião que sua mão direita adentrou entre os cilindros utilizados
para amassadura.
Mesmo sentindo enorme dor, o autor conseguiu desligar o equipamento.
O supra relatado está comprovado nos termos da Comissão designada pela Portaria
nº ...., da ...., documento incluso (doc. ....), para apuração do acidente, como
consta do documento anexo (doc. ....):
A Comissão reuniu-se visando levantar os fatos que culminaram com o acidente do
servidor ...., matrícula nº ...., às .... horas do dia .... próximo passado. O
servidor quando executava a higienização de um equipamento, (....), escorregou e
desequilibrou-se, prendendo a mão direita no rolo. Para execução da limpeza é
necessário que o cilindro esteja ligado. Foram ouvidos os servidores: .....,
...., ...., ...., que presenciaram o acidente e confirmaram os fatos descritos
pelo acidentado.
5. O acidente ensejou graves conseqüências à integridade física do Autor,
produzindo também nefastos efeitos morais, como adiante ficará comprovado.
Os danos físicos, conforme: LAUDO MÉDICO Nº ...., cópia juntada (doc. ....), tem
o seguinte DIAGNÓSTICO e PARECER:
"DIAGNÓSTICO: Acidente de serviço, com perda total do terceiro dedo, perda
parcial do polegar a nível da falange proximal, retração do segundo quarto e
quinto dedos da mão direita. Redução funcional de no mínimo 50%.
PARECER: Invalidade total para atividades laborativas."
6. Em ...., o Autor veio a protocolar Requerimento ao Magnífico ...., onde
deduzia os seus problemas para, finalmente, requerer uma indenização ante aos
problemas advindos pela sua inutilidade para o serviço, inclusive como dono de
casa.
O Requerimento foi protocolado sob nº ...., sendo que no doc. ...., encontramos
despacho exarado pelo DAP, onde se constata:
"DN/D.A.P.
Primeiramente, solicitamos o encaminhamento do presente processo à Comissão de
Saúde Ocupacional, solicitando que seja elaborado perícia médica no requerente,
visando estipular em valores atuais, qual seria o valor indenizatório que
poderia cobrir as perdas que a ex-servidora vem sofrendo."
Pelo supra letrado, fica evidenciado que a própria Ré tem consciência e confessa
que teve CULPA pelo acidente e está a dever reparação ao Autor.
O pedido supra transcrito foi respondido, documento incluso (doc. ....), pelo
Dr. ...., em cujo PARECER ...., define:
"Em resposta ....
1. As lesões residuais decorrentes do acidente em serviço, sofrido em ....,
afetam o exercício profissional impossibilitando o desempenho de qualquer função
- motivo da sua aposentadoria por invalidez permanente;
2. Quantificação das seqüelas:
O acidente caracterizou-se por lesões múltiplas interdependentes, na mão direita
do membro superior principal, ocasionando perda da anatomia de .... (....),
comprometimento de ....% (....) dos movimentos articulares por imobilidade e
redução e perda de .... (....) da capacidade funcional.
3. Critério utilizado para a avaliação: - Tabela de Avaliação de Seqüelas do
INSS (SUS)."
Como se depara do Parecer Médico, o Autor perdeu .... (....) de sua capacidade
funcional da mão direita, ou seja, definiu total perda de utilização de tão
importante membro, pois o autor é destro.
O Requerimento em si não foi decidido pela Autoridade a quem se requereu, porque
os documentos finais, documentos .... e ...., dizem respeito a um Parecer
Jurídico, concluindo pelo INDEFERIMENTO da indenização pretendida, do qual foi
dado ciência ao Autor, doc. ....
7. Do supra relatado e comprovado, pode se concluir que:
a) - o autor sofreu um acidente de trabalho;
b) - o acidente ocorreu por estar cumprindo ordem superior;
c) - a ordem foi para o Autor desempenhar trabalho que não é inerente à sua
função e para o qual foi designado, pois como .... não lhe caberia proceder a
limpeza dos equipamentos, atribuição, claramente, dos ocupantes dos cargos de
...., etc.;
d) - tendo em vista ao grande período de inoperância, a vistoria, revisão e
limpeza do equipamento deveria ser procedida, indubitavelmente, por algum dos
serviços técnicos, especializados em manutenção de máquinas e equipamentos
elétricos, e nunca o Autor;
e) - o modo de limpeza, com o equipamento ligado, com eletricidade e água, que
aumenta, em muito, o perigo do "choque", e em chão liso, nunca poderia ter sido
ordenado para que o Autor o desempenhasse;
f) - a Ré, através de seu preposto, veio incorrer em GRAVE CULPA, pois,
indubitavelmente, em razão dos problemas no equipamento, poder-se-ia,
claramente, prever e ter consciência do perigo em que foi colocada a integridade
física do autor, tanto que aconteceu o acidente, e, portanto,
g) - a responsabilidade da Ré, pelo acidente e os nefastos efeitos dele
decorrente, é inafastável.
8. Ante ao supra exposto, só resta ao Autor vir procurar o respaldo do
Judiciário, objetivando ver atendido nos seus direitos, para que haja
verdadeiramente reparação pelos danos físicos e morais sofridos ante acidente de
trabalho, ocasionado, exclusivamente por CULPA GRAVE, em ato emanado da Ré
DO DIREITO
9. A Constituição Federal, no inciso XXVIII, do art. 7º, o expressa de maneira
clara que:
"Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir
a indenização a que está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa."
(destacamos e grifamos).
Assim, é princípio constitucional que se houver um acidente de trabalho, por
culpa do empregador, este deverá responder pela indenização, obrigatoriamente.
10. No nosso Código Civil, o definido no seu art. 159 é de uma clareza
meridiana, quando letra:
"Art. 159 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou
imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a
reparar o dano."
Já o inciso III, do art. 1521, do mesmo Diploma Legal, expressa:
"Art. 1521, São também responsáveis pela reparação civil:
III - O patrão, o amo ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos,
no exercício do trabalho que lhes competir, ou por ocasião dele." (destacamos).
Pelo consignado no nosso Código Civil, fica consistente o entendimento de que
havendo dano, por negligência ou imprudência de preposto, o empregador é o
responsável pela reparação.
O egrégio Supremo Tribunal Federal já apaziguou tal entendimento, na súmula 341:
"É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou
preposto."
11. Até o advento da atual Constituição Federal, utilizava-se o que consta da
Súmula 229, do STF, a qual ensejava determinar que "A indenização acidentária
não exclui a do direito comum, em caso de dolo ou culpa grave do empregador"
(destaque nosso).
Assim, só haveria responsabilidade desde que se provasse que o empregador
houvesse praticado o ato ou omissão com culpa grave.
Contudo, como se depara do dispositivo constitucional, supra transcrito, o
princípio desse define que a responsabilidade surge com culpa, não sendo
necessário que ela seja graduada como grave.
O colendo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA já decidiu sobre o assunto, e de maneira
indubitável ementou:
"RESPONSABILIDADE CIVIL - ACIDENTE DE TRABALHO - CULPA LEVE DO EMPREGADOR - FATO
ANTERIOR À CF/88
ACIDENTE DE TRABALHO - APLICAÇÃO DA NORMA CONSTITUCIONAL A FATO OCORRIDO ANTES
DE SUA VIGÊNCIA. ALEGAÇÃO DE QUE CONTRARIANDO O DISPOSTO NO ARTIGO 6º DA LEI DE
INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL. Para que uma norma possa determinar o conteúdo da
outra, necessário que uma tenha hierarquia superior. A lei ordinária não se pode
dizer violada porque outra, da mesma hierarquia, dispôs de modo diverso. Menos
ainda se a norma posterior é constitucional. Hipótese em que, de qualquer sorte,
era desnecessária a invocação da Constituição. Com a integração o seguro
acidente do trabalho no sistema da Previdência Social, revogadas, pro ais se
justificarem, as normas constantes dos Decretos-leis 7036/44 e 293/67, haverá
responsabilidade do empregador, com base no direito comum, desde que haja
concorrido com CULPA, AINDA QUE LEVE, PARA O ACIDENTE." (aC. UN. DA 3ª T do STJ
- REsp 30.396-9-SC - Rel Min. Eduardo Ribeiro - j. 07.02.95 0 DJU 1 03.04.95, p.
8.127. In Repertório IOB de Jurisprudência - 1ª quinzena de junho de 1995 - nº
11/95 - página 171).
Pelo decidido, conclui-se inexoravelmente que após o advento do princípio
constitucional, o empregador deve ser responsabilizado por reparação de danos,
quando incorrer em CULPA, independente de sua graduação, mesmo que LEVE.
DO DIRETO DO AUTOR
DA RESPONSABILIDADE DA RÉ
12. Pelo supra a legado, demonstrado e comprovado, o acidente sofrido pelo Autor
decorreu de ato emanado de preposto da Ré.
Neste ato fica evidenciado, manifestamente, a negligência e imprudência da Ré,
em mandar que o Autor viesse a proceder limpeza em equipamento elétrico, ligado,
em chão liso e que estava inoperante a mais de dois anos.
Mesmo que se queira argüir a graduação da CULPA, ela fica evidente que é GRAVE,
porque se ordena que funcionário exerça atividade que não é inerente a sua
função, com a possibilidade de vir a sofrer até acidente que poderia ter lhe
ocasionado danos mais graves, porque não dizer, a sua morte.
Ainda, pelo que consta em princípio de ordem constitucional, a responsabilidade
de responder pelos danos independe da graduação da culpa.
Assim sendo, fica óbvio, evidente e intuitivo que a Ré deve responder pelos
danos físicos e morais que, por ato seu, veio o autor a sofrer e padecer pelo
resto de sua vida.
13. Com as seqüelas, decorrentes do acidente, o Autor teve a sua capacidade de
trabalho diminuída, em muito, advindo inúmeros problemas no seu cotidiano.
Tendo ainda a esposa com idade avançada, dependente do auxílio do Autor para
lavar, cozinhar, limpar etc.
Estes serviços o autor não pode mais desempenhar em sua casa, dependendo de
filhos e empregadas que teve de contratar.
Portanto, além dos gastos que tem com serviçais, o Autor veio a enfrentar
problemas de ordem moral, porque nem a sua casa pode administrar, já que depende
de auxílio.
Em suma, no final da vida o autor vem a ter graves problemas de ordem financeira
e moral, porque está totalmente incapacitado para vir desempenhar tarefas
inerentes ao ...., dentro de seu lar.
14. Dentro do contexto, fica evidenciado que para ter uma empregada doméstica, o
Autor está gastando e deverá dispender, no mínimo, .... (....) salários mínimos
mensais.
Como dano moral, atendendo ao problema estético agravado pela impossibilidade de
desempenhar a sua atividade doméstica, poder-se-á deduzir que o autor tenha, no
mínimo, direito a .... (....) salários mínimos mensais.
Tais valores são, indubitavelmente, moderados.
Assim, teria o Autor direito a obter .... (....) salários mínimos, mensais,
durante os .... (....) meses de sua projeção de vida, resultando uma indenização
por dano físico e moral, no equivalente a .... (....) salários mínimos.
Isto sem que a Ré tenha efetivamente ressarcido todos os danos ocasionados ao
Autor, principalmente, os de ordem moral.
DO PEDIDO
15. Isto posto, REQUER a Vossa Excelência, a citação da Ré, através de seu
representante legal, no endereço contido no preâmbulo, para contestar a
presente, querendo, no aprazado de lei.
Protesta-se por todos os meios de prova admitidos em direito, em especial a
ouvida do representante legal da Ré, bem como as testemunhais e periciais, se
necessários.
Ao final, pede-se a condenação da Ré a indenizar os danos causados ao Autor, nos
valores supra demonstrados, como único meio de ressarcir os danos que este veio
a sofrer, por culpa daquela, acrescidos das custas e honorários advocatícios,
atendendo os ditames jurídicos válidos e aceitos.
Por ser de inteira justiça, REQUER-SE o benefício da assistência judiciária
gratuita, ante a impossibilidade do autor em arcar com as custas antecipadas.
Dá-se à presente o valor de R$ .... (....).
...., .... de .... de ....
..................
Advogado OAB/...
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