Pedido de reconhecimento de nulidade de auto de prisão em flagrante.
 
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ....., 
ESTADO DO ..... 
....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador 
(a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua 
....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de 
seu (sua) advogado(a) e bastante procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01), 
com escritório profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade 
....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui 
respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor
RECONHECIMENTO DE NULIDADE DE AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
DOS FATOS
a) O Requerente, após desentender-se com sua ex-companheira, ...., por motivos 
de somenos importância, foi detido por volta de .... horas do dia .... de .... 
pretérito, pelos policiais militares ...., .... e .... conduzindo à presença do 
Senhor Delegado de Polícia desta cidade, Senhor ...., que determinou sua remoção 
para ...., onde foi trancafiado na Cadeia Pública desta cidade.
b) Que no dia posterior, .... de ...., por volta de .... horas, foi retirado do 
cárcere, levado ao Cartório da Delegacia de ...., e ali, autuado em flagrante 
delito pela prática de resistência à prisão, onde figurou como vítima os 
milicianos acima, conforme depreende da Nota de Culpa, apensada ao presente 
documento, tendo sido, na ocasião arbitrada a fiança, nos termos legais, após o 
que o Requerente foi posto em liberdade.
DO DIREITO
Embora a lei seja silente, existe farta jurisprudência admitindo a prisão em 
flagrante delito nos crimes de ação privada. Essa assertiva é aqui evidenciada, 
tendo em vista que a Autoridade Policial que presidiu o Auto de Prisão em 
Flagrante Delito, haver constado em seu bojo e na Nota de Culpa, a infrigência 
ao art. 147 do Código Penal, relativa a uma ameaça que teria sofrido a vítima 
Sra. ...., fazendo constar do inquérito policial uma representação onde a 
aludida jovem manifesta seu desejo em ver o Requerente processado por tal 
ameaça.
Mas para que tal exigência legal estivesse sido cumprida em sua íntegra, 
necessário se faria que a representação estivesse integrada ao corpo do Auto de 
Prisão em Flagrante Delito (Prática de Processo Penal - Fernando da Costa 
Tourinho Filho, pag. 45) e não em ato diverso.
Por outro lado, no que tange a resistência à prisão de que faz menção os autos, 
por mais boa vontade que se tenha, não se vislumbra a oposição a ato legal com 
violência ou mesmo ameaça, preceituados no conteúdo do art. 329 do Código Penal. 
O Requerente teria se obstinado a ingressar na viatura policial, no que foi 
contido "com moderada força", conforme depreende dos depoimentos colhidos. Se 
nos parece mais um ato de desobediência do que, propriamente, uma resistência o 
que deveria ser calcada com requintes de violência física acima da moderada. É 
de se destacar que o Requerente possui constituição franzina e nem de longe 
teria condições físicas para enfrentar e resistir à dois policiais, armados e 
dotados de recursos para tal situação.
Subjugado e algemado, foi o Requerente introduzido no "camburão" da Polícia 
Militar e conduzido à presença do Sr. .... que determinou sua remoção ao cárcere 
da Delegacia de Polícia de ...., onde permaneceu até por volta de .... horas do 
dia posterior, ocasião em que foi levado à Cartório a autuado em flagrante 
delito. A que se prevalecer as acusações de ameaça ou de resistência, ambos os 
crimes seriam afiançáveis, o que, de pronto, faria com que o Requerente 
respondesse a tudo em liberdade. Como não houve a perseguição específica, nenhum 
dos incisos do art. 302 do CPP justificaria a lavratura do Auto de Prisão em 
Flagrante Delito .... horas depois, com o acusado mantido em cárcere privado, 
ali aguardando. Foi, portanto punido por antecipação.
Respeitosamente inquirimos quanto ao local da lavratura do Auto de Prisão em 
apreço. Não entendemos porque foi o acusado removido para ...., ali preso por 
dezoito horas para depois, no Cartório Local, sob a presidência do Delegado de 
Polícia de ...., ter sido autuado.
Finalmente, nos parece que todos os procedimentos acima foram em vão. Quando do 
interrogatório do Requerente a fls. 3 do Auto de Prisão em Flagrante Delito, 
ficou claro sua menoridade, pois o mesmo declarou possuir 20 (vinte) anos de 
idade. Nessa ocasião, conforme preceitua a Lei, dever-se-ia ocorrer a nomeação 
do Defensor ao réu presente, o que não foi feito, tornando nulo, por vício 
processual, todo o ato aqui tratado.
DOS PEDIDOS
Requer, pois, com vistas ao alegado e tendo por fulcro o art. 564, letra "c" do 
Código de Processo Penal, determine Vossa Excelência a nulidade do Auto de 
Prisão em Flagrante Delito de que faz menção o presente documento postulatório.
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
[Local], [dia] de [mês] de [ano].
[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]