Pedido de declaração de reconhecimento de união estável, cumulada com meação e partilha dos bens deixados pelo companheiro falecido.
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE .....,
ESTADO DO .....
....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador
(a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua
....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de
seu (sua) advogado(a) e bastante procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01),
com escritório profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade
....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui
respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor
AÇÃO ORDINÁRIA DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL, C/C PARTILHA DE PATRIMÔNIO
COMUM OU INDENIZAÇÃO
em face de
ESPÓLIO de ...., a ser citado por seu inventariante ....., brasileiro (a),
(estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º ..... e
do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º ....., Bairro
....., Cidade ....., Estado ....., pelos motivos de fato e de direito a seguir
aduzidos.
DOS FATOS
A requerente viveu maritalmente com o falecido ...., durante .... anos, o qual
era funcionário da secretária de ....
Em .... de ...., foi o mesmo demitido do seu emprego, passando a condição de
desempregado, e assim permanecendo até que foi readmitido em .... de .... de
...., na mesma função.
Durante esse tempo, inclusive, veio a sobreviver ele com os parcos rendimentos
que a mesma recebe como ....
Durante o tempo de convívio, com muitos esforços, adquiriram um .... situado
nesta cidade a Rua .... nº ...., financiado através do Banco ....
Eram proprietários também de um automóvel ...., a gasolina, placa ...., chassis
...., com os dados constantes da documentação inclusa.
Durante os tempos de penúria, como já disse anteriormente pagou ela impostos
incidentes sobre o imóvel, despesas de condomínio do apartamento, e outras
comprovados com inclusos documentos.
Com a morte do seu companheiro, a requerente arcou inclusive com as despesas de
funeral, conforme comprovantes em anexo.
Após o falecimento, foi ela procurada por um filho(a) do mesmo de nome .... que
solicitou-lhe pertences pessoais do "de cujus", levando inclusive o veículo
...., sob a condição de não mais importunar a requerente.
No entanto, nos últimos tempos, vem sendo a requerente molestada pela requerida
viúva, a qual insiste com ela na desocupação do apartamento, como se vê na
inclusa correspondência, assinalando-lhe inclusive prazo para desocupação.
DO DIREITO
A respeito assim decidia a jurisprudência na vigência do Código Civil de 1916:
"CONCUBINA - Participação efetiva, com o companheiro, para aquisição do
patrimônio - Direito a participar desse mesmo patrimônio, considerados os seus
trabalhos não somente nas atividades verdadeiramente produtivas mas, também, nas
do próprio lar - Ação procedente. a Concubina que, com seus esforços, também
contribuía para a criação de um patrimônio, desde que há de participar com seu
companheiro, pois ambos devem ser considerados como sócio de fato." (TJ do
R.G.S., em Revista dos Tribunais, vol. 417, p. 354).
"CONCUBINA - Cooperação para a formação do patrimônio em nome do companheiro -
Sociedade de fato demonstradas - Direito à meação - Ação procedente. Provada a
cooperação efetiva da concubina na construção de um patrimônio, surge o seu
direito à meação desse acervo, como conseqüência do princípio segundo o qual a
ninguém é ilícito locupletar-se à custa alheia," (TJ. de SP, em revista dos
Tribunais, vol. 373, p. 153).
"CONCUBINA - Sociedade de fato com o companheiro - Direito à meação do
patrimônio conseguido com o esforço comum - Ação procedente. A concubina tem
direito a meação, comprovada a existência de sociedade de fato na constituição
do patrimônio comum, sem participação da família legítima." (TA da GB, em
Revista dos Tribunais, vol. 427, p. 267).
Sendo certo:
Mas, mesmo adulterino, se chega a caracterizar-se a sociedade fática, dentro da
mesma premissa de que o sobreleva à comunhão de interesses, sem outras
conotações puramente pessoais, não vemos porque não deferir a meação, baseada
nessa comunhão.
Enfrentando o problema, em julgamento, o Tribunal da Justiça de São Paulo
repeliu o argumento da adulterinidade como poderoso para afastar o direito à
meação ementando:
"CONCUBINATO - SOCIEDADE DE FATO - DIREITO À MEAÇÃO - IRRELEVÂNCIA DA
ADULTERINIDADE.
O que importa no concubinato é a sociedade de fato, geradora do direito à meação
dos bens deixados pelo companheiro, sendo irrelevante que tenha ocorrido
adulterinidade na ligação. A jurisprudência dominante dos tribunais brasileiros
consagra o direito da concubina à menção, com base na sociedade de fato
existente entre os companheiros, ou seja, nas hipóteses em que o patrimônio do
"de cujus" foi constituído pelo esforço comum de ambos.
Na realidade, o direito, na hipótese, não decorre do concubinato, mas, sim, da
sociedade de fato. Atribui-se à concubina um direito como sócia de fato que foi
do companheiro e não em virtude da existência entre ambos de concubinato ou de
relações sexuais reiteradas. Pode-se afirmar até que a evolução jurisprudencial
foi no sentido de admitir o direito da companheira como "sócia, não obstante a
existência do concubinato e não em virtude da ocorrência dele." (Ap. 275.219 -
em Boletim de jurisprudência ADCOAS, ano 1980, nº 9, pág. 132).
DOS PEDIDOS
Por estes motivos, requer, mui respeitosamente, seja expedido mandado de citação
ao Requerido para que, conteste, a ação e finalmente veja ser declarado a
sociedade de fato com o falecido, e sua dissolução, com reconhecimento de
direitos de partilha do patrimônio, cabendo-lhe à meação, condenando-se o
Requerido a pagar as custas processuais e honorários advocatícios e demais
combinações legais.
Requer provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, inclusive
testemunhais.
Requer, ainda, seja concedido a Requerente os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA,
nos termos da Lei nº 1060/50 combinada com a Lei nº 7510/86, por se tratar de
pessoa pobre na acepção jurídica do termo.
Dá-se à causa o valor de R$ .....
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
[Local], [dia] de [mês] de [ano].
[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]