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Você está em:   IGF Modelos de documentos Petição Civil e processo civil Interposição de embargos de terceiro para revogação de medida cautelar de seqüestro de veículo

Petição - Civil e processo civil - Interposição de embargos de terceiro para revogação de medida cautelar de seqüestro de veículo


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Interposição de embargos de terceiro para revogação de medida cautelar de seqüestro de veículo.

 

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA DE ....., ESTADO DO .....

....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor

EMBARGOS DE TERCEIRO

em face de

....., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP ....., representada neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). ....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

DOS FATOS

O requerente é proprietário e legítimo possuidor do veículo marca ...., categoria particular, modelo ...., cor ...., ano de fabricação ...., placa ...., adquirido em .... do corrente ano de .... através de Contrato de Compra e Venda de Veículo pelo preço de R$ .... (....), ocorrendo a tradição conforme faz prova através do incluso documento, o qual seu original se encontra nos autos de manutenção de posse de nº ....

No referido contrato ficou avençado entre as partes que o vendedor entregaria os documentos necessários à transferência no DETRAN até a data de .../.../..., visto que o bem ainda se encontrava em nome da ré, revenda autorizada da marca, que o comercializou como usado com .... há mais de .... ano.

Em decorrência do não cumprimento do prazo ali fixado, além do que foi informado pelo vendedor de que ainda faltava um pequeno saldo a ser pago para a embargada, o autor, para salvaguardar os seus direitos, ajuizou em data de .... de .... de ...., ação ordinária de preceito cominatório que tramita perante a ....ª Vara Cível da Comarca de .... (doc. incluso), para compelir o vendedor a cumprir com o avençado no contrato.

No entanto, a despeito de aparentar a embargada .... ser uma empresa idônea, foi o autor surpreendido em data de .... de .... de .... às .... horas, de forma criminosa, por empregados da embargada, que em verdadeiro desrespeito à ordem jurídica, já que destituídos de qualquer amparo legal por ocasião em que o embargante deixara seu veículo no interior do .... (estacionamento do ....º piso) para efetuar compras, aproveitaram-se da situação e simplesmente com atos de vandalismo, depredaram o automóvel com o seu arrombamento através da destruição do vidro lateral direito e do pára-brisas dianteiro, quando na ocasião furtaram de seu interior, o módulo de ignição (microprocessador) impedindo seu funcionamento, além de uma capanga com documentos e dinheiro pertencentes ao requerente. Os documentos em anexo, inclusive com a Comunicação e Auto de Exibição da autoridade policial, bem como do Relatório da Segurança do ...., provam os fatos aqui narrados.

Com isso, além de causarem ao embargante danos morais relevantes e constrangimento ilegal perante todas as pessoas que ali se encontravam, haja vista que era uma sexta-feira, dia de intenso movimento, os prepostos da embargada tentaram levar o veículo a "manu militare", impedidos pela pronta oposição legítima do embargante que solicitou dos mesmos que apresentassem Ordem Judicial que justificasse seus tresloucados atos, o que, por óbvio, não o fizeram.

Diante da turbação e da insistência em esbulhar o bem, foi solicitada pelo mesmo a presença da autoridade policial que lhe assegurasse o direito, o que foi apenas em parte atendido, visto que o veículo foi ilegalmente removido para a Delegacia de Furtos e Roubos de Automóveis.

Dessa forma, o requerente teve a sua posse Criminosamente destituída, dado o engodo que culminou com a sua indevida apreensão.

Tal fato gerou a revolta justificada do embargante como o ajuizamento da competente Representação Criminal junto ao MM. Juiz de Direito da Central de Inquéritos da Comarca de ..., para que se apure as responsabilidades penais dos empregados da embargada e de seus patrões, conforme faz prova com o documento em anexo.

Imediatamente, após a consumação dos delitos praticados por seus prepostos, a ré ora embargada, sabedora das graves conseqüências que a atingiriam e ciente de que o embargante procuraria resguardar seus direitos através do Poder Judiciário (Manutenção de Posse nº .... - ....ª Vara Cível da Comarca de .... - liminar concedida), ingressou com uma verdadeira e criminosa aventura processual que culminou com o induzimento desse D. Juízo em erro, pois em decorrência das falsas alegações que compõem o bojo da exordial conseguiram que Vossa Excelência deferisse liminarmente a medida pleiteada, e o que é mais grave, atingindo o seu ilegal intento, qual seja, a de ficar na posse do bem que juridicamente não lhe pertence. As provas a seguir demonstradas sepultam tal pretensão e autorizam o Ministério Público, através de seu ilustre representante, em diligenciar no sentido de apurar as responsabilidades penais dos fraudadores.

MM., a embargada narra em sua inicial, verbis:

"2. Em .... de .... a requerente houve por bem ceder ao requerido, por liberalidade o uso do automóvel supra descrito. Tal liberalidade prendeu-se ao fato de que o requerido, que já fora cliente da autora, tendo celebrado alguns negócios de compra e venda de automóveis usados, estava adquirindo um veículo de valor ponderável, uma ...., cor ...."

"3. Por ocasião da compra da ...., o requerido entregou à autora, como parte do pagamento, o veículo ...., cor ...., avaliado em R$ ...., obrigando-se ao pagamento do saldo de R$ ...., que ficou garantido pela emissão de .... Notas Promissórias de R$ .... cada (anexo por fotocópia). Saldo este não pago até este momento e em execução judicial."

Ora, é flagrante a mentira perpetrada pela embargada que confessa descaradamente que o veículo .... é de propriedade de .... e que com ele já comercializou diversos veículos usados, com se denota pelos grifos, e diz ainda que esse veículo foi dado como parte de pagamento de outro, modelo ...., sendo que o saldo devedor está sendo executado. Risível, pois não prova em momento algum do caderno processual ter recebido esse veículo como entrada no negócio que cita, e muito menos apresenta documentos da transação que envolvam o mesmo. Confessa ainda, que o que apenas existe é uma execução de saldo devedor da malsinada transação.

Voltemos a analisar a inicial, que aduz:

"4. A .... vendida pela autora, porém, demorou alguns dias para poder ser entregue. Por esta razão, a autora, a pedido do réu e num gesto de liberalidade, e confiança, cedeu temporariamente a ... de sua propriedade ao requerido, até que a entrega da .... fosse efetivada. Note-se que tal cessão deu-se em caráter inteiramente informal, do que é evidência o fato de que a documentação de titularidade do automóvel ficou nas mãos da autora (doc. em anexo)."

"5. Pois bem. Com a chegada da .... ao estabelecimento da autora, esta efetuou sem problemas a entrega do novo carro ao requerido, que comprometeu-se a devolver a .... emprestada. ..."

"6. Passou o tempo, todavia, e apesar de reiteradas insistências da autora, o requerido ainda reluta em promover a devolução do automóvel .... cedido em comodato ..."

Salta aos olhos a evidente fraude processual, pois tenta a embargada aparentar uma segunda negociação entre ela e o Sr. ...., quando então este último teria dado como entrada o veículo objeto da presente demanda para adquirir um outro modelo, mas não apresenta documento algum que comprove ter voltado tal automóvel ao domínio da embargada em decorrência dessa negociação.

Alega ainda a embargada que a prova de que o veículo lhe pertence e foi cedido por mera liberalidade ao Sr. ...., encontra-se no fato de que a documentação da titularidade do bem permanece em nome da mesma. Ora, tal alegação é sem qualquer suporte fático e jurídico, eis que a transferência só não foi efetuada para o nome do Sr. ...., pela embargada, tendo em vista, naturalmente, seus desacertos financeiros que nada tem a ver com o autor que pagou à vista e integralmente o valor do veículo. Além do mais, quando da aquisição à vista, pelo embargante junto ao vendedor, este lhe entregou o veículo imediatamente, o que caracterizou a tradição do bem, requisito necessário para a transferência de propriedade.

Além do mais, não é crível que uma empresa do porte da .... a qual pertence a embargada, deixasse de registrar oficialmente um negócio do volume que apresenta, e muito menos emprestado um veículo da categoria de um ...., em comodato apenas verbal, junto a cliente inadimplente, "que reluta em promover a sua devolução", por prazo superior a .... ano, sem tomar qualquer medida judicial visando a sua recuperação.

As incongruências do negócio jurídico que a ré diz ter entabulado com o Sr. ...., são tão flagrantes que não convencem aos mais crédulos, pois profissionais de vendas acostumados a todos os tipos de negócios, não se pejam em querer passar ao D. Juízo, imagem de ingênuos, que confiaram no cliente em negócio de quase R$ ....

Quer nos parecer que, "ad argumentandum", fosse verdade a estória da carochinha contada pela requerida, era de se apurar que tipo de transação desenvolve em seu estabelecimento comercial, pois não tem o hábito de registrar suas vendas e muito menos dar entrada legal nos bens que recebe como parte de pagamento nas vendas que efetua, naturalmente, se assim for, com a intenção de lesar a Fazenda Pública Federal e Estadual, ciente da impunidade fiscal. Mas queremos crer não ser este o comportamento usual da mesma e portanto mentirosa é sua versão dos fatos.

DO DIREITO

Saliente-se que a fraude processual que aqui se alega não é fruto de mera construção cerebrina, e sim de robusta e incontestável prova documental, que agora passamos a demonstrar com os inclusos documentos.

MM., a embargada aduz em sua inicial, que em .... de ... cedeu por mera liberalidade o uso do automóvel objeto da presente demanda ao Sr. ...., inicial esta subscrita pelo advogado .... Mas, pasmem, o mesmo advogado firma recibo de R$ .... (....), datado de .... de .... de ...., em nome da empresa ora embargada, onde menciona que o referido veículo foi adquirido da mesma e que restaria tão somente um saldo devedor de R$ .... (....).

Ora, é evidente que se o veículo supracitado tivesse sido alvo de transação comercial envolvendo a ...., como quer a embargada, jamais haveria saldo devedor uma vez que o automóvel objeto da demanda, segundo suas próprias palavras, teria sido dado como entrada do negócio, portanto, se saldo devedor existisse na conformidade alegada pela ré, este seria relativo ao veículo .... e não ao ...., placa ...., perfeitamente descrito no recibo acostado.

Da mesma forma, o incluso recibo passado pela ré no valor de R$ .... (....) de nº ...., cujo teor informa a aquisição do ...., placa ...., prova que o veículo .... foi regularmente adquirido perante a ré por ....

Destarte, diante da ausência de qualquer prova, nos Autos de Seqüestro, que indique ter sido o referido veículo entregue à embargada como parte de pagamento em qualquer negociação envolvendo outro automóvel e que tenha o mesmo sido entregue a .... como simples comodato verbal, desde já se impõe a Revogação da Liminar de Seqüestro concedida mediante induzimento a erro desse D. Juízo, pois baseada em condenável Fraude Processual, o que se requer de forma imediata, no sentido de salvaguardar os indiscutíveis direitos do embargante - Legítimo Proprietário.

O direito do autor está protegido pelo dispositivo no art. 1.046, parágrafo 1º e seguintes do CPC, verbis:

"Art. 1.046 - Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer lhes sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos.
§ 1º - Os embargos podem ser de terceiro senhor e possuidor, ou apenas possuidor."

O instituto dos embargos de terceiro, esposado pela lei adjetiva civil, visa proteger o direito violado de quem tem seus bens contristados judicialmente de forma irregular. A oposição do presente remédio legal é consentâneo com as gravidades narradas, "in casu", que autorizam de imediato o uso do permissivo legal como única forma de estancar o esbulho que ora se pratica.

Além do mais, a jurisprudência de nossos Tribunais tem sido uníssona em proteger o direito à manutenção da posse quando discutível o domínio do bem, mesmo quando se trata de reserva de domínio, o que não é o caso dos autos, como se infere do aresto abaixo coletado:

"Legitimidade 'ad causam' - Embargos de terceiro - Embargante depositário e credor do executado - Posse direta dos bens - Liminar deferida por outro juiz concedendo reintegração na posse dos mesmos aos embargados em virtude de contrato de compra e venda com reserva de domínio - Interposição visando a evitar a eficácia da medida - Admissibilidade - Carência afastada.
Quando a eficácia do ato judicial fere a órbita do direito, pretensão ou ação de terceiro, constringe-o, conferindo-lhe legitimidade para a propositura dos referidos embargos de terceiro o depositário, por ter a posse direta dos bens sujeitos à sua guarda e responsabilidade." (1º TASP - Ap. 353.503 - Rel. J. Paulo Bonito - RT 607/107)

Na espécie, a liminar deferida na ação cautelar de seqüestro ora espancada, interfere de forma violenta na órbita do direito do embargante, não só na qualidade de possuidor inquestionável do bem contristado, como também na de legítimo proprietário do mesmo.

Resta portanto, comprovado o direito do autor em embargar de terceiro, para que seu direito de senhor e possuidor do bem venha a emergir diante do engodo praticado pela embargada, que de forma condenável o desapossou do veículo que lhe pertence, com o induzimento do juízo em erro, o qual com toda certeza não compactuará com tamanha ilegalidade.

É portanto MM., diante das gravíssimas razões de fato e de direito trazidos ao conhecimento de Vossa Excelência, de suma importância que a liminar concedida na medida cautelar de seqüestro tenha os seus efeitos estancados, imediatamente, através de sua revogação por este D. Juízo, com a conseqüente validade da medida de manutenção de posse deferida pelo ilustre D. Magistrado da ....ª Vara Cível da Comarca de ...., nos autos nº ...., haja vista que o embargante se encontra privado injustamente da fruição e gozo de seus direitos de proprietário e possuidor do veículo.

Além do mais, está provado nos autos que:

1. O embargante é senhor e possuidor de boa-fé do bem objeto da constrição judicial.

2. Foi desapossado do veículo de forma criminosa, com utilização de violência por parte de empregados da embargada.

3. O D. Juízo foi induzido a erro por fraude processual, sendo que a liminar de seqüestro foi concedida de forma viciada.

4. Inexiste por parte da ré qualquer contrato de comodato para com o proprietário anterior.

5. Nos autos de seqüestro não existe qualquer prova de que tenha sido o veículo .... dado como entrada em qualquer tipo de transação comercial entre a embargada e o Sr. ....

6. O embargante procurou, imediatamente, de forma legal, manter-se na posse do bem com o deferimento de liminar em ação possessória ajuizada na ....ª Vara Cível da Comarca de ....

DOS PEDIDOS

"EX POSITIS", REQUER:

Diante dos fatos relevantes e das razões de direito esposados pelo embargante, digne-se Vossa Excelência em receber os presentes embargos, para, em primeiro:

a) revogar a liminar concedida na medida cautelar de seqüestro, autos ...., que tramita neste D. Juízo, com a conseqüente suspensão de seus efeitos;

b) determinar seja o bem supracitado (automóvel ...., placa ....), "inaudita altera pars", liminarmente, restituído ao embargante pela embargada, sob pena de desobediência e das cominações legais pertinentes.

Em segundo, mandar citar a embargada, para que querendo, conteste os presentes sob pena de revelia.

Requer ainda, julgar procedente os presentes embargos para em definitivo manter a restituição da posse do bem em favor do embargante, condenando-se a embargada ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios no importe de 20% sobre o valor da causa.

Finalmente, a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, mormente testemunhal e pericial, juntada de novos documentos e outros que se fizerem necessários, bem como o depoimento pessoal do representante legal da embargada sob pena de confesso.

Dá-se à causa o valor de R$ ......

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]


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