Petição
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Tributário
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Inexigibilidade da CPMF
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Inexigibilidade da CPMF.
Exmº Sr. Dr. Juiz Federal da Vara da Seção Judiciária do Estado de
___________ a quem couber por Distribuição.
servidor público federal, (devidamente qualificado), inscrito no Cadastro de
Pessoas Físicas sob o nº __________, vem, através de seu advogado ao final
assinado, constituído nos termos da procuração anexa(Doc __), com escritório
profissional à Rua _________, respeitosamente a presença de V. Exª, impetrar
MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR, contra ato a ser praticado pelo
DELEGADO DA RECEITA FEDERAL, nesta cidade do _______, com fundamento no inciso
LXIX do Art. 5º da Constituição Federal, c/c o disposto na Lei nº1.533/55 e
alterações posteriores, pelos seguintes fatos e fundamentos jurídicos a seguir
aduzidos:
A - PRELIMINARMENTE
Em razão da natureza no feito, onde a prova necessariamente deverá ser
pré-constituída, seguem anexos ao presente MS extratos bancários do Impetrante,
bem como declaração do Imposto de Renda, documentos estes protegidos pelo sigilo
e privacidade, pelo que, consoante previsto do art.155, I do CPC e no art.5º, LX
da Constituição Federal -
CF - Art. 5º - LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
CPC - Art. 155 - Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo
de justiça os processos:
I - em que o exigir o interesse público;
- assim, encontra-se exposta a privacidade e sigilo Bancário do Impetrante, pelo
que, requer a V. Exª que se digne DETERMINAR QUE O PRESENTE FEITO TRAMITE SOB
SEGREDO DE JUSTIÇA.
B - HISTÓRICO DOS FATOS
B. I - O Impetrante é Servidor Público Federal, atualmente ocupando a Função
Comissionada ______ Junto ao Juízo Federal da ____ Vara - Seção Judiciária de
_________________;
B.II - Em virtude da atividade exercida pelo Impetrante, o mesmo mantém
relacionamento financeiro junto à (instituição financeira), AGÊNCIA _____ - PAB
JUSTIÇA FEDERAL - situado ______________________, possuindo junto à referida
instituição financeira a CONTA-CORRENTE nº _____ (Doc.__), ONDE É DEPOSITADO O
SEU SALÁRIO, pela Justiça Federal (Doc.__);
B.III - A Autoridade Impetrada, a partir do dia _______________do corrente,
passou a exigir a CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE
VALORES E DE CRÉDITOS E DE DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA - CPMF, e que
incidirá, inexoravelmente, sobre os rendimentos do Impetrante;
B.IV - As malsinadas incidência e exigência, por parte da Autoridade Impetrada,
decorrem das absurdas disposições constantes da Emenda Constitucional nº 21/99,
que investe a Autoridade Coatora na função de exigir de todos os correntistas
bancários, inclusive o ora Impetrante, a chamada CPMF com alíquota fixada em
0,38%(trinta e oito centésimos de ponto percentual) nos primeiros 12 meses e de
0,30%(trinta centésimos de ponto percentual) nos 24 meses seguintes;
B.V - Consta ainda do bojo da Emenda Constitucional nº21/99 a determinação de
que a cobrança da CPMF deveria obedecer ao comando normativo constante da Leis
nº 9.311/96, com as alterações introduzidas pela Lei nº9.539/97, as quais
determinou sua prorrogação, "verbis":
As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art.
60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte emenda ao texto
constitucional:Art. 1º Fica incluído o art. 75 no Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, com a seguinte redação:
"Art. 75. É prorrogada, por trinta e seis meses, a cobrança da contribuição
provisória sobre movimentação ou transmissão de valores e de créditos e direitos
de natureza financeira de que trata o art. 74, instituída pela Lei nº 9.311, de
24 de outubro de 1996, modificada pela Lei nº 9.539, de 12 de dezembro de 1997,
cuja vigência é também prorrogada por idêntico prazo.
§ 1º Observado o disposto no § 6º do art. 195 da Constituição Federal, a
alíquota da contribuição será de trinta e oito centésimos por cento, nos
primeiros doze meses, e de trinta centésimos, nos meses subseqüentes, facultado
ao Poder Executivo reduzi-la total ou parcialmente, nos limites aqui definidos.
§ 2º O resultado do aumento da arrecadação, decorrente da alteração da alíquota,
nos exercícios financeiros de 1999, 2000 e 2001, será destinado ao custeio da
previdência social.
§ 3º É a União autorizada a emitir títulos da dívida pública interna, cujos
recursos serão destinados ao custeio da saúde e da previdência social, em
montante equivalente ao produto da arrecadação da contribuição, prevista e não
realizada em 1999."
Art. 2º Esta Emenda entra em vigor na data de sua publicação.
C - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
C.I - Malgrado toda a ânsia arrecadatória do governo federal, para fazer frente
aos compromissos assumidos com AGIOTAS INTERNACIONAIS, reveste-se a anômala
contribuição, bem como a Emenda que pretendeu ressuscitá-la de defeitos
irremediáveis, fazendo "tábula rasa" e violentando os mais comezinhos princípios
constitucionais e legais, em razão do que deverá ser banida do ordenamento
jurídico, constituindo sua exigência em ATO ABUSIVO, ARBITRÁRIO E ILEGAL da
Autoridade Impetrada.
C.II - Em 17/03/1993, o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional nº03,
que dispunha em seu art. 2º -
"A União poderá instituir, nos termos de lei complementar, com vigência até 31
de dezembro de 1994, impostos sobre movimentação ou transmissão de valores e de
créditos e direitos de natureza financeira."
- tratava-se do IPMF, que foi regulamentado através da Lei Complementar nº77/93,
pela alíquota de 0,25%. Posteriormente, foi promulgada a Emenda Constitucional
nº 12/96, incluindo-se o artigo 74 no Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias (que estão se tornando permanentes), atribuindo competência a União
Federal para instituir a Contribuição Provisória sobre Movimentação ou
Transmissão de Valores e de Créditos e de Direitos de Natureza Financeira -
CPMF, nos seguintes termos:
Art. 74 - A União poderá instituir contribuição provisória sobre movimentação ou
transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira.
- era a gênesis da CPMF, instrumentalizada a partir da promulgação das Lei nº
9.311/96, que deveria vigorar pelo período de 13(treze) meses, a contar do
nonagésimo dia de sua publicação, vigindo a partir de 23 de janeiro de 1997 e
com termo em 23 de fevereiro de 1998. Posteriormente, e ainda na vigência da Lei
nº9.311/96, foi promulgada a Lei nº9.537/97, que prorrogou a vigência e
incidência da CPMF até 23 de janeiro de 1999, conforme abaixo -
Lei n. 9539/97 - Art. 1º Observadas as disposições da Lei nº 9.311, de 24 de
outubro de 1996, a Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de
Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF incidirá sobre os
fatos geradores ocorridos no prazo de vinte e quatro meses, contados a partir de
23 de janeiro de 1997.
- deste modo, até o dia 23/01/1999 a cobrança da CPMF era legítima, e, a partir
desta data, FOI EXTINTA DE PLENO DIREITO, EM VIRTUDE DO ADVENTO DO TERMO
LIMITADOR DE SUA VIGÊNCIA, não mais subsistindo no mundo jurídico.
C.III - Contrariando todos os mais elementares princípios do direito, conhecidos
desde à antigüidade, o Congresso Nacional, bisonhamente aprovou a Emenda
Constitucional nº21 de 18/03/99, publicada no dia 19/03/99, em que acrescenta um
novo artigo ao ADCT - art.75 - e, tal qual Jesus Cristo fez com Lázaro,
PRETENDEU RESSUSCITAR A LEI 9.311/97, COM AS ALTERAÇÕES DA LEI 9.539/97, QUE NÃO
MAIS EXISTIA, PRORROGANDO A VIGÊNCIA DE ALGO QUE TAMBÉM NÃO MAIS EXISTIA .-
(Vide transcrição no item B.V) - Saliente-se ainda que a alíquota da
contribuição foi majorada para 0,38%, e que o produto da arrecadação foi
transferido do Custeio da Saúde para o financiamento da Previdência Social.
C.IV - Deflui-se necessariamente da fundamentação supra que todo o conteúdo
normativo da Emenda Constitucional nº 21 é TOTALMENTE INEFICAZ, INÓCUO, porque
pretende prorrogar uma legislação que não mais vigia, trata-se de "res nullius".
Com efeito, se é certo que as Leis 9.311/97 e 9.539/97 somente tiveram vigência
até a dia 23/01/1999, decorre necessariamente e sem nenhum esforço que as mesmas
só poderiam ser PRORROGADAS por ato legislativo de igual ou superior hierarquia,
EDITADO DURANTE O LAPSO TEMPORAL EM QUE VIGORARAM, restando ineficaz qualquer
tentativa de prorrogação realizado posteriormente ao termo da mesma, pois,
evidentemente, SÓ SE PODE PRORROGAR O QUE AINDA EXISTE.
C.V - A este respeito aplica-se ao caso presente o determinado no art.2º da Lei
de Introdução ao Código Civil, -
Art. 2º - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que
outra a modifique ou revogue.
§ 3º - Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a
lei revogadora perdido a vigência.
- conclui-se, pois, que no ordenamento jurídico pátrio as leis têm vigência
indeterminada no tempo, mas comporta exceção como no caso presente, em que a
legislação foi ELABORADA PARA VIGÊNCIA CERTA E DETERMINADA, LIMITADA NO TEMPO
POR TERMO CERTO (Dies ad quem). Por outro lado, ainda que a lei tenha vigência
indeterminada e seja revogada, a perda de vigência da lei revogadora não
implicará na restauração da revogada, salvo expressa disposição em contrário,
visto que repugna à estabilidade e segurança das relações jurídicas a
REPISTRINAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS.
C.VI - Tratando-se a contribuição ora em comento de obrigação de natureza
tributária, como manifestação do "Ius Imperii", do Poder de Império do Estado
que busca angariar recursos para as burras do governo, invadindo e agredindo o
direito de propriedade do indivíduo, na medida em que o interesse coletivo deve
prevalecer sobre o interesse individual.
"...Importante, porém, é observar que a relação de tributação não é simplesmente
relação de poder como alguns tem pretendido que seja. É relação jurídica, embora
seu fundamento seja a soberania do Estado. Sua origem remonta à imposição do
vencedor sobre o vencido. Uma relação de escravidão, portanto. E essa origem
espúria, infelizmente, às vezes ainda se mostra presente em nossos dias, nas
práticas arbitrárias de autoridades da Administração Tributária. Autoridades
ainda desprovidas da consciência de que nas comunidades civilizadas e relação
tributária é relação jurídica, e que muitas vezes ainda contam com o apoio de
falsos juristas, que usam o conhecimento e a inteligência, infelizmente, em
defesa do autoritarismo." (GRIFEI) HUGO DE BRITO MACHADO, in CURSO DE DIREITO
TRIBUTÁRIO - MALHEIROS EDITORES - 14ª EDIÇÃO - 1998 - PÁG.27.
Todavia, referida agressão deve manifestar-se formal e materialmente perfeitas,
obedecidos os requisitos intrínsecos e extrínsecos da atividade estatal,
principalmente a obediência ao princípio da estrita legalidade. Protegendo o
direito dos cidadãos a Constituição determinou em seu art. 5º - caput -
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;
- é o princípio constitucional da legalidade, que não obstante as
inconstitucionalidades acima observadas, foi violado pela Emenda Constitucional
nº21, ao pretender prorrogar a vigência de lei após o término de seu prazo de
vigência.
Prorrogação, do latim "prorrogatio", exprime originalmente, a ampliação do
prazo, o espaçamento do tempo, prestes a se extinguir, para que as coisas possam
continuar, em seguimento, sem solução de continuidade. Nesta razão, a
prorrogação pressupõe prazo ou espaço de tempo, que não se extinguiu e que é
ampliado, dilatado, aumentado, antes que termine ou se acabe. - (Vocabulário
Jurídico - DE PLÁCIDO E SILVA)
C. VII - Em aditamento ao rosário de incongruências e anomalias que o legislador
pátrio, em sua obsequiosa subserviência ao poder executivo, açodadamente tem
aprovado, podemos acrescentar a absurda e risível incompatibilidade material
entre o art.74 e o art.75 do ADCT. Enquanto o caput do art. 75 do ADCT determina
a PRORROGAÇÃO DA CPMF PREVISTA NO ART.74 DO ADCT, ESTE MESMO ART.74 DETERMINA
QUE REFERIDA CONTRIBUIÇÃO NÃO PODERÁ SER COBRADA POR PRAZO SUPERIOR A DOIS ANOS.
A vinculação das receitas é determinada no art.74 ao Fundo Nacional de Saúde,
enquanto que a destinação das mesmas receitas é determinada no art.75 ao custeio
da previdência social.
C.VIII - Dentre as inúmeras vedações à sanha arrecadatória do Estado,
encontra-se insculpido no inciso IV do art.150 da CF, verbis -
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado
à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
IV - utilizar tributo com efeito de confisco; - Segundo o Mestre Hugo de Brito
Machado -
"Não obstante seja problemático o entendimento do que seja um tributo com efeito
de confisco, certo é que o dispositivo constitucional pode ser invocado sempre
que o contribuinte entender que o tributo, no caso, lhe esta confiscando os
bens. Cabe ao Judiciário dizer quando o tributo é confiscatório. A regra
constitucional, no mínimo, deu ao Judiciário mais um instrumento de controle da
voracidade fiscal do Governo, cuja utilidade certamente fica a depender da
provocação dos interessados e da independência e coragem dos magistrados,
especialmente os que integram o Supremo Tribunal Federal ...O caráter
confiscatório do tributo há de ser avaliado em função do sistema, vale dizer, em
face da carga tributária resultante dos tributos em conjunto."(GRIFEI) -in CURSO
DE DIREITO TRIBUTÁRIO - MALHEIROS EDITORES - 14ª EDIÇÃO - 1998 - PÁG.35.
- Ainda que desprezada a lição de Hugo de Brito Machado quanto à necessidade da
avaliação de todo o sistema tributário para aferição do caráter confiscatório da
exação, AGIGANTA-SE no presente caso o confisco, posto que a alíquota de 0,36% é
por vezes equivalente ou mesmo MAIOR que as remunerações pagas pelas aplicações
financeiras.
- Caracterizada, às escâncaras, a violação aos DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS
do Impetrante, resta fulminada a Emenda Constitucional nº21, posto que mesmo uma
emenda a constituição não pode contrariar ou modificar disposto nas chamadas
"cláusulas pétreas" da constituição, ao seu núcleo imodificável, imutável -
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
§ 4º. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:IV -
os direitos e garantias individuais. - Restando feridos os direitos e garantias
individuais do Impetrante pela pretendida prorrogação da CPMF nos termos em que
foi concebida, violando os princípios da isonomia, legalidade, da vedação ao
confisco, atraiu ainda a incidência da inconstitucionalidade por não poder ser
objeto sequer de deliberação pelo Congresso Nacional.
C.XIX - Não bastassem os vícios e defeitos da Emenda Constitucional nº21,
acrescente-se à lista O VÍCIO DECORRENTE DO PROCESSO LEGISLATIVO. Como foi
amplamente divulgado nos meios de comunicação, a instituição da exação sob
comento ocorreu por iniciativa do Líder do Governo, Senador Élcio Álvares,
levando o Senado Federal a apresentar referida proposta de emenda constitucional
com arrimo no art.60 e seguintes da CF. Assim, referida PEC - Proposta de Emenda
Constitucional - deveria ter observado o disposto no art. 65 da Carta Magna,
onde há determinação expressa de devolução do projeto à Casa Legislativa
iniciadora, no caso de alteração no seu texto pela outra casa, visto que no
Brasil vigora o sistema BICAMERAL.
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um
só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa
revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora.(GRIFEI)
- Na verdade, a emenda a um projeto de lei realizado por uma das Casas
Legislativas equivale à apresentação de um novo projeto, diferente do anterior,
impondo-se sua revisão pela outra Casa Legislativa, que de iniciadora passará a
revisora e vice-versa. Comentando a disposição constitucional supra, assim
lecionam IVES GANDRA MARTIN E CELSO RIBEIRO BASTOS, in Comentários à
Constituição Federal do Brasil:
"A emenda, de rigor, transforma a Casa revisora em Casa iniciadora de nova
proposta e a Casa iniciadora, em Casa revisora da sugestão legislativa. Se a
Casa iniciadora, agora revisora, aprovar a emenda, será ela tida como aprovada
em duplo grau de exame e enviada à sanção ou promulgação. Se não aprovar, tanto
a proposta inicial quanto a emenda serão arquivadas, à falta de aceitação por
aquela Casa que funciona com o papel revisional para tais efeitos. Funcionará,
portanto, a Casa iniciadora como uma Casa revisora, sendo, para esta finalidade,
autentivo legislador negativo, se não a aprovar, decretando o arquivamento da
proposta."(GRIFEI)
- No caso presente, o PEC que resultou na Emenda Constitucional nº 21, que se
iniciou no SENADO FEDERAL, FOI OBJETO DE EMENDA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS, onde
parte do texto aprovado no Senado foi retirado do mesmo. No trecho abaixo
transcrito a parte GRIFADA FOI RETIRADA DO TEXTO PELO DEPUTADOS:
Art.75 do ADCT - § 3º - É a União autorizada a emitir títulos da dívida pública
interna, cujos recursos serão destinados ao custeio da saúde e da previdência
social, em montante equivalente ao produto da arrecadação da contribuição,
prevista e não realizada em 1999, HIPÓTESE EM QUE O RESULTADO DA ARRECADAÇÃO
VERIFICADO NO EXERCÍCIO FINANCEIRO DE 2.002 SERÁ INTEGRALMENTE DESTINADO AO
RESGATE DA DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL.(Parte suprimida pela Câmara dos Deputados)
- Em razão da emenda introduzida na PEC pela Câmara dos Deputados, impunha-se
cogentemente a remessa do referido projeto ao Senado Federal para revisão, nos
termos do art.65 da Carta Política, transformando-se o Senado em Casa revisora e
a Câmara em Casa iniciadora. Todavia, não foi isto o que aconteceu, POIS O TEXTO
EMENDADO PELA CÂMARA DOS DEPUTADOS FOI EFETIVAMENTE PROMULGADO, SEM QUE TIVESSE
SIDO OBJETO DE REVISÃO PELO SENADO, AO ARREPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO,
PREVISTO NA PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO FEDERAL EM SEU ART.65.
C.X - Como conseqüência da inobservância às formalidades constitucionais, restou
vulnerado outro princípio constitucional, na medida em que a instituição de
normas legislativas no ordenamento jurídico deve observar os tramites previstos,
sendo certo que a República Federativa do Brasil adotou o BICAMERALISMO, onde as
normas durante seu processo criador são submetidas à aprovação de ambas as Casas
Legislativas de todo o seu conteúdo, com antes demonstrado.
- Pois bem, ao promulgar diretamente a Emenda Constitucional nº21/99 sem
remetê-la ao Senado Federal para revisão, violou-se o princípio do BICAMERALISMO,
suprimindo-se a apreciação de uma das Casas Legislativas em relação a parte da
norma, o que evidentemente é inadmissível, por ofensa aos parágrafos 2º e 3º do
art.60 da CF, -
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
§ 2º. A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos
votos dos respectivos membros.
§ 3º. A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
- A este respeito merece referência o magistério de CELSO RIBEIRO BASTOS, em seu
Curso de Direito Constitucional:
Se o projeto decorre de iniciativa do Presiente da República, dos tribunais ou
de deputados, ou de iniciativa popular, a discussão de inicia na Câmara dos
Deputados. Sendo de iniciativa do Senado, a discussão tem início na Câmara Alta.
A primeira Câmara que examina o projeto é chamada de Casa Iniciadora. A segunda
de Casa Revisora (arts. 61, parágrafo 2º e 64).
Casa Iniciatora - na Casa Iniciadora, o projeto passa primeiro pelo crivo das
comissões permanentes e, posteriormente, é levado à discussão e votação em
plenário. Poderá ser discutido e votado, nas próprias comissões, dispensando, a
competência do plenário, respeitando, no entanto, o regimento, e salvo a
hipótese de haver recurso de um décimo dos membros da Casa....
Casa Revisora - enviado à Casa Revisora, esta, de acordo com o disposto no
art.65, poderá: a) aprovar o projeto. Neste caso será enviado para sanção e
promulgação do Presidente da República. b) Emendar o projeto. Neste caso deverá
devolvê-lo à Câmara Iniciadora para que aprecie a Emenda. c) Rejeitar o projeto.
Será arquivado.
COMO SE VÊ, A APROVAÇÃO DE UM PROJETO DE LEI SE DÁ PELA CONJUGAÇÃO DA VONTADE
DAS DUAS CASAS LEGISLATIVAS. (GRIFEI)
C.XI - Ao lado dos fundamentos acima expostos, que podem ser imputados
genericamente a todos os contribuintes, NO CASO PARTICULAR DO IMPETRANTE, mais
um vício macula a malsinada contribuição. Conforme faz prova com a cópia de sua
Declaração de Ajuste do Imposto de Renda _____ - Ano Base ______ - (Doc.__), A
ÚNICA FONTE DE RENDA DO IMPETRANTE É A DECORRENTE DE SUA REMUNERAÇÃO COMO
SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. Ora, sendo referida remuneração OBRIGATORIAMENTE
CREDITADA EM CONTA CORRENTE DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA por força das normas
impositivas da Administração Federal, através do SISTEMA INTEGRADO DE
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - SIAFI, decorre que o exação ora atacada INCIDE
DIRETAMENTE SOBRE O SALÁRIO DO IMPETRANTE, que JÁ SOFREU INCIDÊNCIA DO IMPOSTO
DE RENDA, afigurando-se como verdadeira BITRIBUTAÇÃO, POSTO QUE SOBRE A MESMA
BASE DE CÁLCULO ESTÃO A INCIDIR DUAS EXAÇÕES, o que é expressamente vedado pela
Constituição, verbis:
Art. 154. A União poderá instituir:
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde
que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios
dos discriminados nesta Constituição;(GRIFEI)
- Desnecessárias maiores elocubrações acerca da bitributação acima demonstrada,
pois contra fatos não há argumentos, impondo-se mais uma pecha de
inconstitucionalidade à referida Contribuição, PRETENDENDO O GOVERNO FEDERAL,
PELA VIA TRANSVERSA, TRIBUTAR NOVAMENTE A RENDA DO IMPETRANTE, COM O QUE NÃO
PODE COMPACTUAR O PODER JUDICIÁRIO.
D - DO CABIMENTO DO PRESENTE WRIT OF MANDAMUS
D.I - Trata-se de remédio constitucional previsto no inciso LXIX do art. 5º da
Constituição Federal,
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
Leciona o Mestre Hugo de Brito Machado, acerca do cabimento do mandado de
segurança em matéria tributária:
"O mandado de segurança pode ser impetrado pelo contribuinte desde que tenha um
direito líquido e certo lesado ou ameaçado por ato de autoridade. Direito
líquido e certo, protegível mediante mandado de segurança, é aquele cuja
demonstração independe de prova. Sabe-se que todo direito(subjetivo) resulta da
incidência de uma norma. Resulta, pois, do binômio norma-fato. Para que o
direito seja líquido e certo basta que o fato do qual resulta seja
incontroverso. A controvérsia quanto à norma não lhe retira a liquidez e
certeza. O mandado de segurança pode ser impetrado para atacar o ato lesivo ou a
ameaça de sua prática. Neste último caso diz-se que a impetração é preventiva. A
doutrina tem afirmado que a impetração preventiva só é admissível com a prova da
ameaça, e isto tem gerado equívocos na apreciação do mandado de segurança em
matéria tributária. Como em grande número de impetrações preventivas o
contribuinte ataca a futura exigência de tributo fundada em lei
inconstitucional, tem-se dito que tais impetração voltam-se contra lei em tese.
Impetração contra lei em tese, porém, não se confunde com impetração preventiva.
Se a lei já incidiu, ou se já foram praticados fatos importantes á configuração
de sua hipótese de incidência, a impetração já é possível, e tem caráter
preventivo, posto que a exigência do tributo ainda não ocorreu. Não há
necessidade de comprovar a ameaça de tal exigência porque, sendo a atividade de
lançamento vinculada e obrigatória, não é razoável presumir-se que a autoridade
vai deixar de praticá-la. Pelo contrário, presume-se que ele vai cumprir a lei
e, assim, fazer o lançamento. Daí o justo receio da justificador da Impetração
preventiva." - (Obra citada - Pág.359) (GRIFEI)
- Portanto, plenamente cabível e adequada a via processual mandamental para
proteção do direito do Impetrante.
E - DO FUMUS BONI IURIS
E.I - A presença do fumus boni iuris é insofismável, decorrendo diretamente dos
fundamentos jurídicos da impetração, demonstrados à saciedade nos tópicos C.I a
C.XI do presente arrazoado, que consiste na IMPOSSIBILIDADE DA COBRANÇA DA CPMF
nos moldes em que foi elaborada.
F - DO PERICULUM IN MORA
F.I - Do mesmo modo também esta presente o "periculum in mora", tendo em vista
que, mesmo sabedora do vícios insanáveis que permeiam a esdrúxula contribuição,
a Autoridade Coatora, por força da atividade plenamente vinculada a que esta
obrigada (Parágrafo Único do art.142 do Código Tributário Nacional) irá exigir o
pagamento da CPMF sobre as movimentações financeiras do Impetrante. Pior, tanto
o Impetrante como a instituição financeira com quem mantém relacionamento
ficarão à mercê das arbitrariedades e desmandos da Autoridade Coatora, pelo que
faz-se necessário o deferimento da medida liminar, permitindo que o Impetrante
não seja obrigado a recolher a CPMF e a instituição financeira não efetuar a
respectiva retenção.
F.II - Por outro lado, resta claro e cristalino que caso a medida liminar não
seja concedida, restará prejudicado o próprio direito do Impetrante, posto que a
lesão é diária e atual, não podendo aguardar pelo reconhecimento na sentença.
Tal espera equivale a expropriar o patrimônio do Impetrante, para recomposição
incerta, futura e penosa, afigurando-se em verdadeiro "solvet et repet", o que
não se coaduna com os princípios norteadores da justiça e com o ordenamento
jurídico pátrio.
G - DA MEDIDA LIMINAR
G.I - Consequentemente, presentes os dois requisitos necessários à concessão da
medida liminar, requer a V. Exª. que conceda liminar, inaudita altera pars, para
o efeito de DESOBRIGAR O IMPETRANTE DO RECOLHIMENTO DA CPMF, NA FORMA PRETENDIDA
PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº21 E DETERMINAR A AUTORIDADE IMPETRADA QUE SE
ABSTENHA DE COBRAR O PAGAMENTO DA REFERIDA EXAÇÃO, BEM COMO DE ADOTAR QUALQUER
MEDIDA DE CARÁTER PUNITIVO CONTRA O IMPETRANTE E A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA COM O
QUAL MANTÉM CONTA CORRENTE.
G.II - Considerando a natureza da CPMF, cujo recolhimento é efetuado mediante
retenção dos valores pela instituição financeira, requer a V. Exª que se digne
MANDAR OFICIAR A ____________ - INSTITUIÇÃO FINANCEIRA REFERIDA NO ITEM B.II,
PARA QUE A MESMA NÃO EFETUE A RETENÇÃO DA CPMF DAS MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRAS DA
CONTA CORRENTE DO IMPETRANTE.
H - DA MULTA PECUNIÁRIA
H.I - Requer a V. Exª que em virtude dos sólidos argumentos da demanda, e
considerando o dano diário e de difícil reparação a que está sujeito o
Impetrante, arbitre MULTA PECUNIÁRIA, em favor do Impetrante, caso haja
descumprimento do IMPETRADO a liminar concedida por V. Exª, nos termo do
art.461, § 4º do CPC.
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou
não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o
pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente
ao do adimplemento.
§ 4º. O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor
multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou
compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do
preceito.
I- DO JULGAMENTO DEFINITIVO
I.I - Requer seja ao final declarada, incidenter tantum (Controle Difuso de
Constitucionalidade), a inconstitucionalidade da Emenda Constitucional nº21/99,
reconhecendo o direito do Impetrante em não recolher mencionada exação, por
qualquer dos fundamentos desdobrados nos itens C.I a C.XI da inicial, qualquer
deles suficiente por si só a estribar o direito do Impetrante;
J - DOS REQUERIMENTOS FINAIS
J.I - Após concedida a medida liminar, requer a V. Exª que se digne mandar
notificar a Autoridade Impetrada, o Ilmº. Sr. DELEGADO DA RECEITA FEDERAL EM
___________ para de no decêndio legal preste as informações que tiver, se assim
lhe convier.
J.II - Prestadas as informações ou transcorrido, in albis, o prazo para
prestá-las, sejam os autos remetidos ao MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL para
oferecimento de parecer, após o que seja julgado procedente o presente writ of
mandamus CONCEDENDO-SE AO IMPETRANTE A SEGURANÇA DEFINITIVA REQUERIDA.
K - DO VALOR DA CAUSA
K.I - Para efeito meramente fiscal, atribui a causa o valor de R$ _________
(_______).
Nestes Termos
Pede Deferimento
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Advogado OAB
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