Ação anulatória de título de crédito, cumulada com pedido de indenização por perdas e danos.
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA DE ....., ESTADO
DO .....
DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA
Autos nº ....
....., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., com
sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP
....., representada neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). .....,
brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do
CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., por intermédio de seu advogado (a) e bastante
procurador (a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito
à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe
notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa
Excelência propor
ANULATÓRIA DE TÍTULO C/C PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS
em face de
....., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., com
sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP
....., representada neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). .....,
brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do
CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., pelos motivos de fato e de direito a seguir
aduzidos.
DOS FATOS
A autora recebeu na data de .... 9 (nove) intimações expedidas pelo .... Ofício
de Protesto de Títulos desta Comarca, encaminhada a pedido da ré, cujos débitos
são improcedentes, conforme se provará, tudo como se verifica das intimações
distribuídas sob os n°s ...., abaixo especificados (docs. ....):
- Duplicata por indicação sob n° ...., no valor de R$ .... (....), com
vencimento em .../.../..., emitida pela ré e portador o Banco do Estado de ....
(doc. ....);
Excelência, assim que a autora tomou ciência de tal situação, ajuizou Medida
Cautelar de Sustação de Protesto distribuída para este respeitável Juízo de
Direito, sob n° ...., a qual teve deferido o pedido de liminar de sustação no
que concerne aos títulos acima mencionados, culminando na expedição do
competente ofício ao referido Cartório de Protesto.
Ao receber as intimações do Cartório de Protesto a autora verificou em sua
contabilidade a inexistência de qualquer débito em aberto referente a notas
fiscais de compra e venda de mercadorias ou de serviços, motivo pelo qual
requereu a sustação dos protestos.
Posteriormente, melhor examinando os seus apontamentos contábeis, a autora
verificou que as cártulas em questão foram todas quitadas conforme pode-se ver
dos recibos e cópias dos cheques, anexos.
As cártulas enviadas a protesto pela ré, o foram indevidamente, pois também
sacadas maliciosamente.
A ré apontou para protesto títulos devidamente quitados como bem demonstram os
recibos e cópias dos cheques anexos, nada mais havendo que possa ser cobrado
pela emitente das duplicatas.
Trazem os recibos de quitação de dívidas os valores e números respectivos das
duplicatas devidamente saldadas.
A ré, agindo de má-fé, sacou duplicatas sem causa, colocando-as em cobrança, o
que as tornam nulas na forma do artigo 20 e demais aplicáveis da Lei n° 5474/68.
Assim, as duplicatas cujo protestos foram sustados por este Douto Juízo, jamais
poderiam ser encaminhadas a protesto ante o simples fato de estarem quitadas
conforme os recibos anexos que comprovam a veracidade de suas alegações .
Na realidade nada deve a autora para a ré que indevidamente encaminhou para
protesto títulos quitados.
DO DIREITO
Título causal por natureza, tal como previsto no artigo 1° e no artigo 20 da Lei
n° 5474, a duplicata deve estar vinculada, ou a uma compra e venda, ou, a uma
prestação de serviços.
Neste mesmo sentido é o entendimento exarado por RUBENS REQUIÃO ao conceituar a
duplicata:
"Conceituaremos assim a duplicata:
É um título de crédito formal, circulante por meio de endosso, constituindo um
saque fundado sobre crédito proveniente de contrato de compra e venda mercantil
ou de prestação de serviços, assimilado aos títulos cambiários por força de
lei." ("in" "Curso de Direito Comercial", 2° Vol., 8ª edição, fls. 437) (grifo
nosso)
Assim, inexistindo a relação contratual subjacente, nula é a duplicata sacada
sem causa.
No caso em questão, os títulos estão quitados.
Ademais, a argüição da inexistência da causa de emissão de duplicata está de
acordo com o entendimento seguido pelos nossos tribunais, como segue:
"DUPLICATA MERCANTIL - INEXISTÊNCIA DE CAUSA - ARGÜIÇÃO. A duplicata mercantil
há de corresponder a uma venda efetiva ou a prestação de serviços, podendo o
sacado argüir frente ao sacador a inexistência de causa. No que diz respeito ao
terceiro, portador do título, há que distinguir entre duas situações. A
primeira, quando se estiver diante de títulos aceitos pelo sacado. hipótese em
que não será curial admitir-se que possa opor a terceiros aquela exceção. A
segunda, no caso contrário, em que poderá apontar ao portador a inexistência de
causa." (1º TA Civ. SP - Ac. unân. da 6ª Câm. Julg. em 12-9-89 - Ap. 408.374/5 -
Capital - Rel. Juiz Castilho Borba). (grifamos)
A expedição de duplicatas sem origem em contrato de compra e venda mercantil ou
de prestação de serviços, configura um ato ilícito, porém o processo de
duplicatas já quitadas, caracteriza um abuso de direito, gerando decorrentemente
à autora o direito ao ressarcimento por perdas e danos.
WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO, em sua obra "CURSO DE DIREITO CIVIL", define o
abuso do direito, "verbis":
"... esse abuso existirá sempre que anormal ou irregular o exercício do direito.
Se alguém prejudica a outrem no exercício do seu direito, fica adstrito a
recuperar o dano, se anormal ou não regular esse exercício". (Autor e obra
citados, Vol. I, pág. 282, grifamos)
Funda-se a autora, para pleitear tal ressarcimento, no dano praticado pela ré ao
nome e conceito da mesma, pois, sendo empresa exemplar, cumpridora de suas
obrigações, é inadmissível a existência de protesto em seu nome em razão de má
fé da ré.
O protesto, conforme consta na obra "Repertório Enciclopédico do Direito
Brasileiro" (1947, vol. 1/2-3) é uma das formas mais comuns do abuso do direito,
bem como do abalo de crédito, "verbis":
"Outrossim, dentre as causas mais comuns de abuso de direito, consistentes
também em abalo de crédito, exemplificam-se:
.... "omissis".....
c) o protesto;." (grifamos)
Pelo exposto, requer-se a Vossa Excelência seja a ré condenada ao pagamento das
perdas e danos, no valor a ser apurado em liquidação do julgado.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, consubstanciada nas razões fáticas e de direito, requer a
autora:
a) A distribuição por dependência da presente ação para este douto Juízo de
Direito Cível, apenso aos autos sob n o. ...., no que concerne a Medida Cautelar
de Sustação de Protesto, determinado o apensamento dos autos;
b) A citação da ré no endereço já declinado por carta registrada com AR, na
forma do que preconiza os artigos 222 e 223 do Código do Processo Civil, para
que, querendo, venha a contestar a presente, notificando-se o Banco ....,
Agência ...., para que tome ciência do feito, sob pena de serem considerados
verdadeiros os fatos ora alegados;
c) Seja a ação julgada procedente, julgando nulas as referidas duplicatas
sacadas pela ré contra autora, determinando a expedição de ofício ao Cartório do
.... para o cancelamento dos apontamentos existentes;
d) A condenação da ré ao pagamento das perdas e danos, no valor a ser apurado em
liquidação do julgado, bem como nas despesas processuais e honorários
advocatícios;
e) "Ad cautelam", requer a produção de prova testemunhal, cujo rol será
oportunamente apresentado, o depoimento pessoal do representante legal da ré,
sob pena de confesso, juntada de documentos na hipótese que reza o artigo 397 do
Código de Processo Civil, e se necessário, a realização de perícia.
Dá-se à causa o valor de R$ .....
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
[Local], [dia] de [mês] de [ano].
[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]