À aeromoça
Querida,
é impossível lembrar de você e não lembrar de algumas das mais belas qualidades
possíveis de serem encontradas nos seres humanos: gentileza, simpatia, presteza,
educação, graça e jovialidade. Se isso fosse pouco, você ainda é bonita e
inteligente, e me deixa literalmente nas nuvens, quando, com sua voz angelical,
dá boas vindas aos passageiros em português, inglês e espanhol (no mínimo, não
é, amore mio!).
Sempre que penso em você me vem à cabeça a imagem de um anjo-da-guarda
velando por nossa segurança e conforto, preocupado em fornecer pelo menos um
cobertorzinho para que o frio não nos açoite com sua fúria; um anjo atento a
umedecer nossa garganta com um copo d`água, cerveja, refrigerante ou whisky,
caso aquele ar árido do avião nos açoite; sempre pronto para nos tranqüilizar
com seu sorriso ao menor sinal de turbulência, ou mesmo capaz de perceber
(antecipadamente) aquela gota de suor frio que está prestes a brotar nas palmas
de nossas mãos.
Na verdade, você é um anjo! Eu só queria, mesmo, sinceramente, que você
abrisse as suas imaculadas asas exclusivamente sobre mim. Mas, além das asas,
traga-me também seus lábios, sempre umedecidos de fino e brilhante batom.
Traga-me a doçura da sua voz, sempre disposta a perguntar se eu desejo mais
alguma coisa. Traga-me a paz deste seu sorriso, único, próprio de quem vive no
céu e capaz de me fazer pisar em nuvens. Sabe, estou apaixonado por você, e além
de achar que você se parece com um anjo, ouso dizer que você, na verdade, é um
avião! (e não me venha com essa história de que você acha seu nariz muito
grande, porque Concorde também voa, tem nariz grande e é bonito!*).
Um beijo (pouco passageiro, espero) do teu,
(assinatura)
P.S.: se for para cair, que não seja como aquele Concorde que desabou na França,
mas que seja pegando fogo - e no meu quintal...