Não quis te chamar de velha!
Minha querida, mil desculpas!
Não precisava ficar brava comigo, eu apenas me expressei mal. Quando disse que
você parecia a minha nona, não quis dizer que você está velha, mas apenas
lembrei que você é tão meiga e delicada quanto a minha vózinha; isso, aquela que
você conhece, a velha Violeta, que mora lá no Sul!
É que você não tem a menor paciência comigo e toma tudo ao pé-da-letra, pôxa
vida! Eu só estava querendo ser gentil com você e, portanto, acho uma injustiça
você ficar esse tempo todo sem querer falar comigo. Ainda mais que eu sei que
você não pára de ouvir aquela música do Djavan na qual ele diz que "Deus criou a
via-láctea e os dinossauros pensando em você"... A via-láctea, tudo bem; mas, os
dinossauros é demais, não é! Já pensou se eu te digo uma coisa dessas? Era capaz
de você dar com o rolo de macarrão no meio dos meus cornos (ôpa, olha só eu me
expressando mal de novo, ainda bem que isto é uma carta e dá tempo de explicar
que eu não quis te chamar de infiel)! Mas, voltando à história dos dinossauros,
se fosse eu, você ficaria fula, mas o Djavan cantando você acha o máximo.
Quer saber mais: outro dia você ficou nervosa só porque eu disse que a sua
mãe parece com a Erundina. Vê se pode, ficar brava por causa disso? Eu só queria
dizer que a sua mãe é uma pessoa batalhadora e luta pelos seus objetivos. Foi um
elogio, mas até você entender, fiquei repetindo explicações feito um papagaio de
circo e quase te chamei de burra, de tão teimosa e irredutível que você estava.
Puxa, ainda bem que eu não disse que você era burra, não é minha flor*?
Um beijo do
(assinatura)
* já ia me esquecendo: flor quer dizer flor mesmo, tá?