Ao economista
(nome),
meu querido, eu sei que em tempos de crise econômica a cartilha reza pela
ortodoxia. No entanto, no nosso mundinho particular não existe crise e, assim,
eu só quero saber de atitudes heterodoxas e criativas de sua parte, a fim de nos
livrarmos de toda a pressão do mercado e conseguirmos aqueles superávits
fantásticos que só nós dois juntos, bem juntinhos, somos capazes de conseguir.
Meu bem, quando estivermos juntos não se preocupe com ajuste fiscal...
Preocupe-se apenas em ajustar o seu fluxo de caixa à minha conta corrente;
afinal, você sempre fez isso com maestria e nunca ficou em débito na balança de
pagamentos, o que fez - e isso é muito importante - com que eu nunca recorresse
a órgãos internacionais para obter apoio.
Penso que não há crise no mundo capaz de abalar o nosso amor ou de fazer com
que o seu imenso PIB caia, não é meu bem? No que depender de mim, saiba que eu
sempre estarei aberta às suas exportações e às iniciativas que fomentem o
crescimento.
No entanto, hoje eu queria que você não ocupasse todo seu tempo pensando em
soluções que conciliem desenvolvimento e austeridade tributária, porque quando a
coisa se desenvolve eu esqueço dos tributos e só penso em "atributos".
Espero que você tenha entendido o teor desta minha carta de intenções. Juro,
que vou cumprir todas as metas aqui estabelecidas, mas confio, como sempre
confiei, na sua contrapartida.
Uma inflação de beijos para você,
(assinatura)