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Cartas - Amor - Ao engenheiro de segurança do trabalho


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Ao engenheiro de segurança do trabalho


Meu amor,

por mais que eu confie em você, saiba que eu sempre me sinto trêmula ao escrever-lhe qualquer coisa. Será que a caneta que eu uso para declarar o meu amor atende às normas de segurança? Será que o meu computador não vai explodir quando eu deixar explícito o quanto eu te AMO! Oh, desculpe pelo grito, eu sei que no local onde você atua os níveis de ruído são controlados; afinal, sua empresa teria que pagar uma indenização altíssima se alguém tivesse a audição afetada por este ensurdecedor: EU TE AMO!

De qualquer forma, peço-lhe desculpas e quero que você saiba que é muito difícil me controlar quando estou ao seu lado, ainda mais sabendo que você é tão rigoroso com as normas. Acontece que meu sangue se torna inflamável quando estou em contato com a sua pele ou mesmo ao alcance da tua voz, e eu não saberia dizer se o fogo gerado por essa explosão seria do tipo A, B ou C (mais uma vez, desculpe a minha ignorância...)!

Saiba, também, que meu coração ignora qualquer referência da A.B.N.T. quando você está por perto, e passa a trabalhar num regime altíssimo, de alta pressão, passível de causar alterações quase irreparáveis à minha salubridade. Por isso, não se aproxime de mim quando eu estiver trabalhando, pois você é um elemento de risco ao meu desempenho profissional, desestabiliza as minhas estruturas e me põe em condições psicológicas incompatíveis para o desempenho de qualquer função que não seja o amor!

Meu querido, nem quero falar dos odores que me entorpecem e que só podem exalar de você. Que mal, ou melhor, que bem me fazem... Sinto-me levitando, num transe inexplicável, etéreo que, sinceramente, não julgo o mais apropriado para ser experimentado durante um turno de trabalho. Isso tudo eu lhe digo assim, de chofre, com o desespero de quem leva um choque horroroso, um 220 V capaz de tirar qualquer ser humano do ar. E, tudo só porque uma vez (só uma, lembra?) eu coloquei a minha mão no seu cabinho desemcapado...

Que a CIPA me perdoe, mas você é o maior fator de risco que eu conheço!

Olha, meu amor, use sempre capacete e receba um beijo perigoso, digo, carinhoso, da sua (assinatura)

P.S.: Ah, já ia me esquecendo: aquele lado para cima, dirija o jato à base do fogo, e não se esqueça de dobrar os joelhos na hora de carregar peso!


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