Diante da maior facilidade de acesso ao crédito, muitos consumidores não
resistem e acabam optando pelo financiamento de suas compras, sem o menor
planejamento para o bom uso dos recursos.
Justamente por essa falta de controle do orçamento, as pessoas acabam se
atolando em dívidas. Abaixo tentamos identificar dez razões pelas quais o
problema ocorre:
Perda de renda sem ajuste nas despesas
Você já parou para pensar nisso? Quando o poder aquisitivo das pessoas
aumenta, elas rapidamente tendem a aumentar seu padrão de gastos, ajustando-se à
nova realidade de salário. Mas... a contrapartida nem sempre é verdadeira, ou
seja, o consumidor não ajusta seus gastos com a mesma rapidez diante de uma
redução em sua renda!
Acreditando que a situação seja temporária, muitas pessoas optam por equilibrar
o orçamento através do levantamento de dívidas. Porém, o que deveria ser
provisório acaba se transformando em permanente, abrindo-se a porta para uma
situação de desequilíbrio financeiro.
De repente você está desempregado!
A perda do emprego pode ser vista como uma das causas para a redução de
renda, discutida acima. O maior problema aqui é subestimar o tempo e os custos
associados à recolocação profissional, que podem, inclusive, acabar elevando
padrões de gastos temporariamente. Nesta hora, é importante não se abalar
emocionalmente e agir rápido. Por mais que cortar gastos seja a última coisa que
passe pela sua mente, ela deve ser, na verdade, a primeira providência a tomar.
Não se esqueça que muitas empresas evitam contratar pessoas com nome sujo. A
razão para isso é simples: a preocupação com o gerenciamento financeiro das suas
contas acaba prejudicando o desempenho do profissional.
Despesas médicas podem acabar com sua saúde
Não são poucos os casos de pessoas que acabam sofrendo problemas de saúde, e
por isso são forçadas a gastar com o tratamento, ou a se ausentar do trabalho.
Por este motivo, sobretudo no caso de profissionais liberais e autônomos,
vêem-se diante de dificuldades financeiras.
Nestas horas, levantar um financiamento pode ser a única alternativa para fazer
o tratamento de saúde, ou para manter o pagamento das contas em dia, e assim
evitar a inadimplência.
Divórcio: separação de bens, mas não de gastos
Mesmo que você não esteja casado, basta que se encontre em uma relação
estável, para que possa ser envolvido pela realidade da divisão de bens, e até
mesmo pagamento de pensão ao ex-cônjuge/companheiro.
De repente a pessoa passa de uma situação em que podia contar com a outra para
dividir os gastos, para a realidade de não só ter que arcar com eles sozinha,
mas ainda ter que partilhar parte de seu rendimento, ou patrimônio.
Isso sem falar, é claro, dos custos associados ao processo em si. Dependendo
como se deu a separação, além de gastar com advogado, é possível que surja a
necessidade de outros tratamentos, para possíveis traumas psicológicos, por
exemplo.
Jogos e outros vícios
Ainda que o jogo seja ilegal no País, não há como negar sua existência.
Infelizmente, muitas pessoas acabam viciadas, perdendo completamente o controle
dos seus gastos.
Em alguns casos, o jogo é apenas um entre outras formas de vícios, que vão desde
o consumo compulsivo até a dependência química. Os efeitos ao orçamento são
ainda mais prejudiciais nesses casos!
Gastando aquilo que não recebeu
Esse problema é mais comum do que se imagina e se resume a estimar ganhar uma
quantia e gastar muito mais do que deveria, antes mesmo de receber qualquer
dinheiro. Essa realidade engloba filhos que antecipam o recebimento de bens
ainda em inventário, ou profissionais que adiantam o recebimento de férias,
décimo terceiro ou bonificação anual extra.
Em algumas situações, contudo, esses recursos acabam não sendo recebidos, ou
ficam abaixo do previsto, fazendo com que seja preciso levantar dívidas para
arcar com os gastos antecipados.
Incapacidade de administrar dinheiro
Poucas pessoas investem tempo na gestão do seu orçamento e sabem para onde
vai o seu dinheiro. Assim, a maioria acaba gastando mais do que pode.
Sabendo disso, coloque no papel seus gastos e receitas e adote uma postura mais
responsável com relação às suas decisões de consumo. Evite consumir por impulso!
Você vai se surpreender ao verificar como é gratificante ter suas finanças
equilibradas.
Dificuldade de poupar
A maneira mais simples de evitar o endividamento é efetivamente poupar e
formar uma reserva para situações de emergência. Apesar disso, a maior parte das
pessoas, independente de faixa de renda, encontra dificuldades em estabelecer
uma estratégia de poupança. É exatamente esta reserva que permite que você não
se endivide caso fique doente, perca o emprego ou venha a se separar.
Lembre-se que é mais fácil encontrar pessoas arrependidas de terem consumido por
impulso do que reclamando de que deixaram de consumir para poupar. Não é preciso
muito para começar: sempre é possível separar 5% do que você ganha para
investimento. Basta adiar por algum tempo outro gasto menos essencial. É como
reeducação alimentar: depois de algum tempo você se acostuma com os novos
hábitos de consumo e se sente orgulhoso por isso, experimente!
Quando falar sobre dinheiro é tabu
Este é um problema que aflige muitas famílias. É importante que tanto o
casal quanto os filhos participem, na medida do possível, no estabelecimento de
metas e objetivos de poupança e investimento. Se todos se mantiverem informados,
é mais fácil comunicar quando um dos membros adota um padrão de gastos que não
está de acordo com o orçamento!
Nestes casos, a transparência é muito importante. Todos precisam ser honestos e
objetivos. Caso contrário, as chances de você se surpreender no final do mês com
uma conta absurda de celular do seu filho, por exemplo, são enormes.
Analfabetismo financeiro
Esta forma de analfabetismo atinge até mesmo os países mais desenvolvidos, onde
uma parcela significativa da população é incapaz de gerir suas contas.
Independente do grau de instrução, muitas pessoas simplesmente não apreciam a
importância do planejamento financeiro.
No Brasil, pode-se dizer que existe uma herança claramente negativa do período
hiper-inflacionário. Isso porque, diante de uma inflação mensal que chegou a
superar 50%, o planejamento financeiro de longo prazo se tornava impossível.
Se você faz parte deste grupo de pessoas, está na hora de investir na sua
educação. Assim como em qualquer outra área de ensino, o planejamento financeiro
exige treinamento. A boa vantagem é que já existe muito material publicado sobre
o tema, que pode ajudá-lo rapidamente a se tornar um especialista no assunto.
Boa sorte!