A gordura do organismo está depositada nas células gordurosas as quais têm a
capacidade de aumentar ou diminuir de volume de acordo com a maior ou menor
quantidade de gordura absorvida no seu interior.
Vários locais do corpo servem de acúmulo para estas células. Abaixo da pele
existe uma camada denominada de subcutâneo. A maior parte dessas células
deposita-se nesta zona. Existem, entretanto, outras regiões que também servem de
depósito, como por exemplo, no interior da cavidade abdominal, entre as alças
intestinais. A maior parte do tecido gorduroso (ou adiposo), entretanto,
deposita-se no subcutâneo.
O grau de adiposidade de uma pessoa depende de vários elementos. Entre eles
destacam-se os fatores genéticos e o tipo de alimentação:
• Fatores genéticos são, sem dúvida, elementos importantes no desencadeamento de
um depósito maior ou menor de gordura. Existem verdadeiras linhagens familiares
que predispõem a estes depósitos.
• O tipo de alimentação também é um fator importante no desencadeamento de um
acúmulo maior ou menor. Um mau hábito alimentar, sem dúvida pode desencadear a
obesidade. É sabido que o exercício e as dietas têm condições de desencadear a
queima de gordura e propiciar emagrecimento.
Existem, por outro lado, depósitos de gordura localizados em determinadas
regiões do organismo, que por regimes alimentares ou exercícios, mesmo
localizados, dificilmente são capazes de serem corrigidos.
Existem alguns exemplos clássicos:
• A região abdominal inferior (abaixo da cicatriz umbilical). À medida que a
pessoa avança na idade este depósito tende a ficar cada vez maior, formando uma
saliência mais ou menos proeminente.
• A região dos quadris é outra zona que também pode ser sede de acúmulo
localizado de gordura, formando os culotes.
O estudo destas regiões de depósito localizado de gordura tem mostrado que
exercícios, ou mesmo emagrecimento, não tem condições de retirar completamente a
quantidade de gordura aí depositada.
Durante muito tempo o tratamento convencional para este tipo de alteração
funcional e estética foi bastante difícil, pois era realizado com técnicas
precárias e com resultados que deixavam a desejar.
No final da década de 70, um francês denominado Illouz, relatou um método de
retirada de gordura localizada através de um procedimento denominado
lipoaspiração.
Este método consiste na introdução de uma cânula metálica no subcutâneo que
ligada a um aparelho de fazer vácuo aspira quantidades de gordura. À medida que
a cânula é movimentada no interior da zona de acúmulo de gordura, esta é
absorvida para dentro da cânula e retirada do subcutâneo. Desta maneira, com
esta cirurgia existe a possibilidade de retirar maior ou menor quantidade de
gordura do interior das zonas de depósito exagerado.
A lipoaspiração não é um tratamento para a obesidade. Serve sim para retirar
acúmulos de gordura localizada em determinadas regiões do organismo.
No culote, por exemplo, a gordura deposita-se na face lateral da coxa dando
aspecto antiestético característico desta alteração.
Quando se faz a lipoaspiração, a retirada da gordura do subcutâneo
inicialmente desencadeia uma zona de excesso de pele. Entretanto, com o tempo,
este excesso vai sofrendo uma retração progressiva. Depois de 30, 60 ou 90 dias
observa-se que a pele não apresenta mais as dobras características do excesso.
Às vezes são necessários de 6 meses a 1 ano para que ocorra esta acomodação da
pele.
LIPOESCULTURA
Assim como pode ser feito lipoaspiração, a gordura retirada pode ser
reinjetada em outras zonas do corpo.
Costuma utilizar-se o termo lipoescultura quando a cirurgia consiste na
retirada de gordura de determinadas zonas e reinjeçao em outras zonas
deprimidas.
A gordura reinjetada sofre um processo de absorção. Aproximadamente 30% desta
gordura injetada é absorvida pelo organismo, de maneira que é necessária uma
correção exagerada (em 30%), para que o resultado final seja adequado. É claro
que nesta circunstância também será necessário aguardar um tempo de até 1 ano
para que ocorra a integração e acomodação deste tecido transplantado na sua nova
posição.
Como é muito difícil para o cirurgião avaliar exatamente a quantidade de
gordura que está sendo retirada e a que está sendo deixada em seu lugar, existe
uma grande percentagem de casos em que é necessário fazer-se uma correção (ou
retoque) no período pós-operatório. Pequenas quantidades de gordura podem
manifestar-se como saliências mais ou menos evidentes na superfície externa,
após a cirurgia.
Em geral estas cirurgias de retoque pós-operatório são bastante mais
simplificadas que as cirurgias de lipoaspiração convencional. Podem ser
realizadas com anestesia local, e freqüentemente são associadas à lipoaspiração
de outras regiões que não haviam sido realizadas no primeiro procedimento.
ANESTESIA
Existem diferentes técnicas anestésicas para a realização de lipoaspiração.
Ela pode ser realizada com:
• Anestesia geral
• Anestesia local
• Um bloqueio peridural
Quando o procedimento a ser realizado é muito prolongado ou a quantidade de
gordura localizada a ser retirada é bastante grande, a maioria dos cirurgiões
prefere a anestesia geral. Nesta técnica o paciente é mantido, pelo anestesista,
sem consciência e sem dor para que a cirurgia possa ser realizada com
tranqüilidade. Quando o procedimento cirúrgico termina o paciente é acordado e
mantido com analgésicos para evitar a dor pós-operatória imediata. Depois de
algumas horas a medicação para evitar a dor pode ser diminuída pois o
procedimento cirúrgico realizado não desencadeia dor prolongada.
Quando as zonas a serem lipoaspiradas são pequenas e o paciente tem condições
psicológicas de tranqüilidade para suportar o procedimento cirúrgico, este pode
ser realizado sob anestesia local. Algum tipo de sedação pode também ser
associado.
Existem alguns cirurgiões que preferem a anestesia do tipo bloqueio peridural.
Nestas circunstâncias, o paciente é submetido a um tipo de anestesia que permite
que ele fique consciente ou com sedação, sem nenhum tipo de sensibilidade em
certas zonas que deverão ser trabalhadas pela lipoaspiração
Cada caso deve ser avaliado cuidadosamente em entrevista tranqüila entre o
cirurgião e o paciente para discussão e escolha do melhor tipo de anestesia.
EXPECTATIVAS DOS PACIENTES
Freqüentemente os pacientes têm uma expectativa de correção completa de todas
as suas irregularidades de depósito de gordura do subcutâneo.
É necessária uma entrevista franca entre cirurgião e paciente, para que se
possa dirimir as dúvidas e desfazer as fantasias que porventura possam ainda
existir no imaginário do paciente. Não é infreqüente que o paciente chegue ao
consultório do cirurgião com um desejo de retirada de todos os excessos
gordurosos (em muitas regiões do corpo).
A quantidade total de gordura a ser retirada não deve ser exagerada pois
existe uma determinada quantidade de sangue que é também aspirada durante o
procedimento de lipoaspiração. Se a lipoaspiração for muito volumosa, a perda
sangüínea também poderá ser, causando anemia no paciente.
Na situação de engorde e emagrecimento, as células gordurosas aumentam ou
diminuem como um balão cheio ou vazio. Nas zonas lipoaspiradas, há a retirada do
contingente celular que permite o funcionamento do tipo balão, portanto uma vez
lipoaspiradas adequadamente com a retirada de grande parte das células, nestas
zonas não há mais a possibilidade de engorde.
É claro que se o aporte nutritivo for hipercalórico (com grande quantidade de
gordura e açúcares), outras dezenas de zonas do corpo estariam capazes de ser
aumentadas e o engorde ocorreria novamente.
COMPLICAÇÕES DA CIRURGIA
Freqüentemente houve-se falar em complicações da lipoaspiração. Sem dúvida é
um procedimento delicado que exige todo o cuidado da equipe médica envolvida no
procedimento.
Entretanto é necessário fazer-se uma diferenciação entre as complicações da
lipoaspiração propriamente dita e as do procedimento anestésico envolvido no
procedimento cirúrgico.
As complicações da lipoaspiração propriamente dita estão relacionadas com
perfurações ou trauma das estruturas profundamente situadas às zonas
lipoaspiradas. Outra complicação da lipoaspiração propriamente dita seria a
presença de irregularidades na superfície trabalhada. Em determinadas situações
de lipoaspiração bastante superficial, podem resultar também zonas de
hipercromia (zonas mais escuras), que podem ser corrigidas com substâncias
descolorantes. Esses procedimentos de descoloração muitas vezes são prolongados.
Não é infreqüente ouvir-se falar em parada cardíaca e morte durante a
lipoaspiração.
É necessário entender que o procedimento anestésico (do tipo anestesia geral,
anestesia local, ou bloqueio peridural), pode desencadear estas complicações.
Portanto, como já se mencionou, é indispensável a diferenciação entre as
complicações da lipoaspiração propriamente dita e as complicações dos
procedimentos anestésicos envolvidos.
As irregularidades maiores ou menores podem ser corrigidas com uma
lipoaspiração secundária conforme foi afirmado anteriormente. Se houver
perfuração de uma estrutura profunda, o tratamento específico deve ser
estabelecido assim que for feito o diagnóstico.
As complicações anestesiológicas também devem ter tratamento imediato assim
que for feito diagnóstico.
Em todas essas situações de complicações é importante levar-se em
consideração que a profilaxia (evitar), é da maior importância. O extremo
cuidado pode ajudar a evitar complicações mais ou menos severas.
A cirurgia da lipoaspiração pode ser realizada ambulatorialmente se a
quantidade de gordura a ser a retirada é relativamente pequena, ou com o
paciente baixado, se a quantidade de gordura a ser retirada for de maior volume.
LIPOASPIRAÇÃO ASSOCIADA A OUTROS PROCEDIMENTOS
A lipoaspiração pode ser associada a alguns procedimentos cirúrgicos.
Por exemplo, quando se faz uma cirurgia de diminuição da mama muitas vezes é
necessário fazer-se lipoaspiração nas saliências gordurosas ao redor da glândula
mamária. Para a complementação do aspecto estético desta cirurgia, muitas vezes
a retirada de porções de gordura da zona inferior à axila, ou da zona da linha
média, entre as duas mamas, pode a complementar o aspecto estético global da
mama operada.
Na cirurgia do abdômen também a lipoaspiração pode ser associada. Nas zonas
laterais da parede abdominal, uma lipoaspiração pode provocar um processo de
acinturamento.