O orçamento está apertado e você acredita que não será capaz
de quitar a fatura do seu cartão de crédito neste mês. No próximo, possivelmente
o seu salário será insuficiente para pagar o valor acumulado de dois meses e,
assim, seus débitos tendem a aumentar, num efeito "bola de neve".
Muitas pessoas acabam nesta situação porque não entendem exatamente como
funcionam os cartões, e acreditam que ao pagar ao menos o valor mínimo não têm
que pagar juros, o que não é correto! Para orientar melhor os consumidores em
relação a isto, a ABC (Associação Brasileira do Consumidor) revelou, passo a
passo, como uma dívida no cartão é composta. Fique atento e evite problemas!
Na ponta do lápis
Para ilustrar melhor a evolução da dívida de um cartão de crédito, vamos tomar
como base o caso de uma pessoa que possui saldo devedor de R$ 1.500, e cujo
cartão cobra juros rotativos de 10% ao mês.
Caso opte por efetuar apenas o pagamento mínimo, esta pessoa terá que
desembolsar apenas R$ 300 do total da fatura, (em geral o valor mínimo é fixado
em 20% do valor da fatura). Neste caso, o saldo da fatura que teria que ser
financiado, por não ter sido pago seria de R$ 1.200.
Este valor será acrescido dos encargos pelo atraso no pagamento da dívida
financiada. Além do juro rotativo, há ainda a multa por atraso (2% ao mês) e os
juros de mora (1% a.m.). Calculando os respectivos valores, tem-se o juro do
rotativo, em R$ 120 (R$ 1.200 x 10%), a multa por atraso, em R$ 24, e os juros
de mora, em R$ 12. Em outras palavras: quase R$ 160 apenas em encargos!
No mês seguinte, portanto, a sua dívida, antes de R$ 1.200 no cartão, passou a
valer cerca de R$ 1.360 (R$ 1.200 + R$ 160). Se, por mais uma vez, não for
possível quitar a fatura inteira e você tiver que pagar apenas o valor mínimo
(20% ou R$ 272), é bom saber que, sobre o saldo restante, R$ 1.088, serão
calculados novamente todos os encargos já mencionados.
Vale ressaltar que, neste exemplo, assume-se que não houve novos gastos no mês
seguinte, o que é quase improvável, uma vez que o uso do plástico está cada vez
mais popularizado entre os consumidores. Neste sentido, pense que a dívida real
poderá ser ainda maior, contabilizando-se novos gastos no mês.
Quebrar o cartão pode ser necessário
O cenário discutido aqui deixa claro o porquê de você ter que fugir de pagar o
mínimo do cartão com freqüência. Se notar um acúmulo de dívidas, não pense duas
vezes em quebrar o cartão para evitar novos gastos. Procure o banco emissor e
tente negociar condições de pagamento mais flexíveis.
Uma dica para saber se a proposta recebida da empresa é realmente vantajosa:
submeta as faturas para elaboração de perícia contábil, situação em que se torna
possível eliminar qualquer risco de cobrança de juros ilegais e abusivos. Em
último caso, o consumidor deve buscar a Justiça, pois enquanto um débito é
discutido judicialmente, você não poderá ser taxado por inadimplente, a ponto de
ter o nome incluído nas listas restritivas de proteção ao crédito.
Finalmente, não esqueça da máxima que certamente sempre será a melhor dica para
evitar o descontrole financeiro: a soma dos seus gastos nunca pode ultrapassar o
valor de sua renda. Faça um esforço a mais, para tentar poupar um percentual do
salário visando constituir um fundo de reserva para situações emergenciais.
A ABC coloca à disposição dos consumidores advogados especializados para ajudar
com orientações sobre o tema. O endereço da entidade na internet é
www.ongabc.org.br.