Errar é um processo para quem acredita que uma boa colheita se dá através da
experiência e que ninguém adquire experiência se não cometer um erro, mesmo que
seja mínimo, mas que servirá como um guia para alcançar o objetivo.
As pessoas não gostam de admitir que erraram ou que erram, por isso, continuam
persistindo e nada conseguem colher, algo que parece ser assustador, mas se
encararmos de maneira positiva, pode ser um grande aliado para o aprendizado.
Administrando o erro
Podemos aprender muitas lições através dessa sombra tenebrosa que o erro parece
ser. Muitas pessoas que hoje fazem parte da nossa história aprenderam com os
seus próprios erros, que muitas vezes foram transformados em oportunidades e
ganhos inesperados. Temos muitos exemplos que hoje são casos de sucesso.
A 3M deixa como herança, para quem quer aprender com o erro, o exemplo de uma
jovem assistente de laboratório que, no ano de 1953, acidentalmente descobriu um
produto fluorquímico ao deixar cair algumas gotas de um composto experimental
sobre o seu tênis. Na tentativa de limpá-los, percebeu que os efeitos do sabão,
álcool e outros solventes não surtiam. Dois anos depois, surgia no mercado o
primeiro protetor ScotchgardMR com base no alto poder de repelir até mesmo
outras substâncias.
Aceitar o erro é simples e se faz com naturalidade, basta ser humilde e lembrar
que os mais sábios erram. Conta-se que, certa vez, Thomas Edson, o inventor da
lâmpada, foi convidado por seu patrocinador a interromper suas experiências, mas
respondeu que já conhecia muitas maneiras de como não fazer uma lâmpada e que
estava mais próximo do seu invento do que antes. No entanto, acreditava que
errar era a possibilidade de acertar na próxima tentativa. E por que não podemos
errar?
Como evitar o erro?
Errar é a melhor maneira de evitar o erro e aprender a fazer a coisa certa. Na
verdade, muito do que sabemos não é ensinado por ninguém. Aprendemos com a nossa
própria experiência que nada mais é que um processo natural de aprendizagem na
vida do ser humano. Através da observação dos erros que comete, o indivíduo fica
mais atento e evita um segundo erro, chegando cada vez mais próximo do seu
objetivo. É como aprender a caminhar.
Jean Piaget (1896 -1980), psicólogo e filosofo suíço, pioneiro no campo da
inteligência infantil, ensina que ao observarmos atentamente como se desenvolve
o conhecimento nas crianças seremos capazes de compreender melhor a natureza do
conhecimento humano. Cada ser humano constrói o seu conhecimento e isso se faz
ao longo do processo de desenvolvimento e o erro é um componente poderoso. Para
esse grande gênio, as crianças estão constantemente testando as suas próprias
teorias, em relação ao mundo, razão pela qual as respostas que esse dá a cada
uma de suas ações é de extrema importância.
Por ter suas teorias particulares no que diz respeito ao mundo e, ao testar
alguma delas, a criança censurada sem receber a devida explicação não será capaz
de entender por que sua teoria é considerada um erro. Quando um fato como esse
acontece, ela passa a ter medo de testar novas experiências. Como conseqüência,
terá o bloqueio da criatividade e a perda da motivação. A criança passa a ter
medo de errar, internaliza esse sentimento e o levará para o resto de sua vida.
E quando gente grande erra?
Muitas vezes, os erros são severamente punidos dentro das organizações, e o pior
é que essas pessoas, em um ato impensado, "matam" a criatividade de um
colaborador que pode fazer a diferença, em vez de abrir espaço para um diálogo e
discutir o que pode ser transformado em um processo de aprendizagem e na busca
do resultado, para criar um atalho para evitar o erro.
A sociedade possui um péssimo vício de condenar os erros; tolerar, jamais.
Devemos mudar as nossas maneiras de pensar a partir de que errando é que se
aprende, assim se torna interessante lutar contra as nossas próprias limitações
e que também podemos aprender com o erro de outras pessoas.
A perseverança, a vontade de ver e fazer acontecer, a curiosidade, a humildade,
a necessidade, a esperteza, a sabedoria, inovar (fazer diferente o que já foi
feito), acreditar e perceber o que e no que errou servirão como instrumentos
para evitar um futuro erro. Não existe idade para errar ou aprender, a evolução
faz parte da espécie humana, mesmo que o erro tenha nos trazido conseqüências
dolorosas (erramos também nas atitudes, nas escolhas, etc.). Mas o conhecimento
adquirido ao corrigir o erro ou aceitá-lo como condição servirá como combustível
(elemento essencial) para o motor da aprendizagem (conhecimento). Não há nada
mais estimulante do que aprender com o erro, pois se adquire todo um processo na
procura de soluções e respostas, o que nada vale quando trazida por outra
pessoa. Devemos viver a nossa própria experiência.