As corretoras oferecem para os investidores o serviço de compra programada de
ações, o qual pode ser uma boa opção para quem pensa em formar uma poupança de
longo prazo e para quem quer fugir das armadilhas do emocional na hora de
aplicar.
O serviço funciona como uma ordem de compra registrada através da corretora e
realizada mensalmente, em qualquer dia do mês escolhido pelo cliente, por tempo
indeterminado e por meio de débito em conta-corrente.
O serviço é oferecido desde a década de 1980 pelo Bradesco e pode ser
realizado com ações preferenciais e ordinárias do Banco Bradesco e Bradespar. O
Itaú anunciou o lançamento do serviço em dezembro do ano passado, que vale para
ações Petrobras PN, Vale PNA, Itaú Unibanco PN e quotas dos Ishares Bovespa
Fundo de Índice (BOVA 11).
“Ao fazer uma aplicação programada, o cliente se disciplina a poupar sempre.
Ao simplificar o processo de aquisição de ações, ela facilita o acesso a esse
mercado e favorece a diversificação de investimentos. Além disso, ao olhar para
horizontes mais longos, os riscos relacionados à volatilidade do mercado são
reduzidos”, disse o diretor da Itaú Corretora, Jean Sigrist.
Indicação
De acordo com o educador financeiro Mauro Calil, fundador do Centro de
Estudos e Formação de Patrimônio Calil & Calil, o mecanismo da compra programada
de ações se assemelha ao de um plano de previdência.
Ex: se a pessoa tem um plano de previdência que tem 49% em ações e que todo
mês tem débito automático de R$ 500 de sua conta, R$ 255 vão para renda fixa e
R$ 245 para a renda variável. “A corretora está fazendo isso, tirando o dinheiro
da conta do investidor para aplicar em ações”, explicou ele.
Mas para quem é indicado esse serviço? Calil responde da seguinte forma: “Nos
nossos cursos, sempre falamos de investimentos em longo prazo e que 10% da renda
tem de ser destinada à aposentadoria mensalmente. O serviço é uma ótima forma de
fazer isso”.
Altas e baixas
Com o serviço, fica menos importante analisar o cenário atual do mercado, já
que o horizonte é de longo prazo e se evita deixar o emocional controlá-lo na
hora de aplicar.
“Quando se coloca pequenas quantias ao longo dos anos, o investidor mitiga o
risco de ter comprado na alta”, explicou Calil. “Essa compra programada resolve
um pouco – ou muito – do problema emocional, porque com ela o investidor não
abre o homebroker e vê toda hora se a ação está em alta ou em baixa. Fica o
pensamento do 'Estou semeando a longo prazo' e isso dá uma tranquilidade muito
grande”, completou.
Cuidado
Calil ressaltou que a compra programada é para o poupador, não para o
investidor que vive de ações – aquele que vai pagar uma conta mensal com os
papéis.
“Um dos homens mais ricos que eu conheço, quando eu tinha 14 anos de idade,
me falou que fazia isso com os papéis de um banco. Todo santo mês ele investia
algo em torno de R$ 1 mil. Não queria nem saber o preço”, exemplificou. “A
compra programada é para a pessoa que gosta de ações sólidas, não
especulativas”.
De acordo com ele, o mais importante no serviço é a consistência da
aplicação, ou fazê-la em boas companhias. Além disso, é preciso analisar qual o
custo do serviço, que pode não valer a pena para o investidor iniciante que
conta com poucas quantias.
“Às vezes, não vale a pena para quem começa com R$ 100. Quando você estiver
com pouca grana, mas quer começar no mercado de ações, entre em um fundo ou em
um clube de investimento. Quando tiver mais dinheiro, aí forme uma carteira
própria”.