Finanças pessoais - Prioridades: Estabeleça prioridades na gestão de suas finanças
No início deste ano você prometeu, todo empolgado, que faria tudo diferente,
que iria pensar mais nas suas economias. Porém, o tempo passa rápido e, ao
análisar suas metas, percebe que nem tudo vem acontecendo como o previsto. Saiba
que isso é natural, pois quando o assunto é finanças pessoais, muitas vezes o
mais difícil é estabelecer prioridades.
Afinal, as dúvidas são muitas e as respostas nem um pouco fáceis. Vale mais a
pena aumentar a contribuição ao plano de previdência, ou pagar uma parcela maior
da fatura do cartão de crédito? É melhor quitar o financiamento do seu carro, ou
poupar para garantir o custeio da sua faculdade?
Priorizar é difícil
Com tantas opções, definir um objetivo financeiro não é nada fácil. Exatamente
por isso é importante estabelecer um objetivo financeiro por vez. O fato de não
ter que constantemente rever suas prioridades facilita a organização e
planejamento de suas finanças e, na maioria dos casos, até contribui para que
você alcance mais rapidamente estes objetivos. Somente depois de alcançar esta
meta é que você deve perseguir outra.
Mas é preciso cuidado no estabelecimento de objetivos. Imagine a situação de uma
pessoa sedentária que, de repente, resolve voltar à academia. Não adianta querer
estabelecer como meta inicial ir todos os dias, fazendo pelo menos duas horas de
exercícios diários. Ainda que muitas pessoas consigam, logo de cara, se
acostumar à nova rotina, a maioria acaba se cansando e abandonando por completo
as atividades esportivas.
Um passo de cada vez
O ideal é começar aos poucos, com exercícios equilibrados que permitam a melhora
gradual do seu condicionamento físico. À medida que seu condicionamento
melhorar, maior será sua motivação para se dedicar ainda mais ao esporte. Com os
objetivos financeiros acontece a mesma coisa. Estabelecer como meta um objetivo
difícil de ser alcançado pode acabar desanimando. Portanto, o ideal é começar
com metas que podem ser alcançadas.
Abaixo listamos algumas dicas que irão ajudar no estabelecimento das suas
prioridades financeiras. Mas a regra mais importante é a de se manter focado no
objetivo, e nunca perseguir outro antes da conclusão do primeiro.
- Passo 1. Pague suas dívidas
Por mais que sua intenção seja investir, isso de nada adianta enquanto você
tiver dívidas a pagar. Dependendo do seu grau de endividamento, este pode
ser um objetivo difícil de ser alcançado. Assim, o melhor é estabelecer
prioridades no pagamento das dívidas.
Não se deve levar em consideração apenas a taxa de juro, ainda que esta seja
uma consideração importante a ser tomada, mas também o prazo e o valor da
dívida. Por exemplo: às vezes pode valer mais a pena pagar uma dívida cujos
juros são mais baixos, mas que está próxima de ser quitada, e que, se não
for paga, pode implicar na perda do bem financiado, do que pagar
integralmente a fatura do cartão de crédito.
Por isso mesmo é importante fazer um planejamento de como pretende quitar
suas dívidas. Em uma planilha, inclua todas as dívidas, com valor da
prestação, número de parcelas que faltam e juros. Com base nisso, estabeleça
objetivos de pagamento.
Não se esqueça que nem toda a dívida precisa ser quitada de uma só vez. O
que estamos procurando aqui é o equilíbrio financeiro. Não há problemas em
financiar a compra de alguns bens, mas se o gasto com prestações já consome
mais do que 40% do seu orçamento, está na hora de estabelecer como
prioridade a redução desta dívida.
- Passo 2. Comece a poupar
Esta é uma boa época para fazer uma faxina no seu quarto e identificar
possíveis itens que pode vender em um dos vários sites de leilão existentes.
Por que não se livrar de algumas "tralhas", que não lhe rendem nada, a não
ser poeira e, ao mesmo tempo, juntar algum dinheiro para começar o seu fundo
de reserva?
As alternativas não terminam aí. É preciso cortar alguns gastos, ainda que
temporariamente. Os mais fáceis de suspender são com lazer, mas vale um
esclarecimento: não é preciso abrir mão de uma vida social, basta mudar
alguns hábitos. Troque a ida a restaurantes por um jantar em casa com os
amigos, por exemplo.
Lembre-se que esta é a primeira medida para montar um fundo de reserva, de
forma que a quantia acumulada pode ser menor. A idéia é estabelecer e
alcançar o objetivo, para então definir uma meta mais ambiciosa. Como a
quantia exata depende da sua renda, um bom começo pode ser juntar o
equivalente a um mês de despesas.
- Passo 3. Monte uma reserva financeira
Alcançado o primeiro passo, que é o de começar o seu pé de meia, está na
hora de perseguir uma maior tranqüilidade financeira. Você está pronto para
montar uma reserva de emergência.
Os recursos acumulados devem ser equivalentes a três a seis meses de
despesas correntes, e têm como objetivo garantir sua sobrevivência em caso
de algo inesperado acontecer. A melhor forma de alcançar este objetivo é
investir todo o dinheiro extra que ganhar, o que inclui o dinheiro que
recebeu de décimo terceiro ou bonificação de férias, ou até mesmo a
restituição do imposto de renda.
Não coloque tudo a perder, e mantenha este dinheiro aplicado em
investimentos de alta liquidez e baixo risco. Lembre-se: este dinheiro deve
ser usado em emergências. Já pensou aplicar tudo em ações, e precisar sacar
justamente quando elas estão em baixa?
- Passo 4. Planeje o futuro
Como as contribuições aos planos de previdência permitem abatimento do
imposto de renda até o limite de 12% da sua renda bruta anual, pode valer a
pena investir até esta quantia todos os anos para se beneficiar do
tratamento fiscal vantajoso.
Se você ganha R$ 2 mil por mês, então pode abater até R$ 2.880,00 em um ano
(12% de R$ 24 mil), o que equivale a contribuir até R$ 240 todos os meses.
Mas, se não dispõe desta quantia, comece aos poucos, com valores menores,
até conseguir poupar o teto permitido para dedução.
Se você já contribui para a previdência o máximo permitido para abatimento
do imposto de renda, mas ainda está atrasado com a fatura do cartão de
crédito, ou não montou sua reserva de emergência, reveja suas prioridades.
De nada adianta pensar no futuro, se você ainda não equilibrou sua situação
financeira atual. Portanto, talvez valha a pena diminuir suas contribuições
para a previdência até que consiga alcançar os passos anteriores.
- Passo 5. Quite seu financiamento imobiliário
Se você ainda não tem uma casa própria, ou se levantou financiamento, mas
ainda não o quitou, esta deve ser sua próxima prioridade. Nada de trocar de
carro se você ainda não tem uma casa em seu nome.
Se não tem uma casa própria, mas já regularizou sua situação financeira, de
forma que conta com recursos para levantar um financiamento, este pode ser
um bom momento, visto que muitos bancos estão oferecendo condições mais
facilitadas do que há alguns anos atrás.
Para quem já levantou financiamento, mas agora conta com uma situação
financeira mais equilibrada, pode ser o momento de rever os termos do
financiamento. Quem sabe você já não consegue arcar com uma prestação maior,
de forma a quitar mais rápido sua dívida, gastando assim menos com juros?
Outra alternativa é pedir uma revisão dos juros cobrados no financiamento.
Afinal, desde 1999 os juros caíram muito, e seu banco pode ter espaço para
oferecer uma taxa um pouco mais baixa para um bom pagador.
- Passo 6. Pense na família
Se você tem dependentes, é preciso pensar no futuro deles. Comece
contratando um seguro de vida, que lhes dê alguma segurança financeira em
caso de seu falecimento. Outras opções são os seguros para acidentes
pessoais, e contra desemprego. Afinal, você não quer que eles tenham que
abandonar os estudos porque você perdeu o emprego.
Quanto maior for o patrimônio que acumular ao longo de sua vida, menor é a
necessidade de contratar seguro, pois os recursos que tiver acumulado
poderão ser usados para garantir a cobertura dos gastos, em caso de
emergências ou na sua ausência. Nestes casos, pode valer mais a pena
substituir o seguro por planos de previdência mais completos, que garantam a
continuidade dos benefícios para seus dependentes. E já que a hora é de
pensar na família, por que não juntar uma reserva para pagar os estudos
deles, ou garantir recursos caso venham a abrir um negócio próprio?
- Passo 7. Continue poupando e aproveite a vida
Poupar é um hábito que você deve cultivar por toda a sua vida. Mas, agora
que você já alcançou todos os objetivos acima, é hora de aproveitar a vida e
se divertir.
Aproveite sua independência financeira para comprar aquele carro esportivo
que sempre sonhou, para viajar pelo mundo, ou simplesmente apoiar causas
sociais nas quais acredita. Lembre-se que tudo é questão de prioridades, e
cabe a você escolher qual delas quer alcançar primeiro
|