Em 1945, a Organização Mundial da Saúde (OMS) formulou o conceito onde a
saúde é estabelecida em termos de bem-estar físico, mental e social.
A saúde deixou de ser vista como ausência de doença e assumiu um conceito mais
amplo, onde se priorizaria a sua prevenção e promoção em sentido mais amplo.
Essa mudança de paradigma foi positiva e trouxe com ela maior responsabilidade
das organizações frente à manutenção da qualidade de vida de seus trabalhadores.
O termo Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é utilizado nos Estados Unidos
desde a década de 90, mas é na França onde encontramos cultura mais crítica e
pesquisas mais intensas em relação às condições de trabalho e o bem-estar dos
trabalhadores. Os franceses difundiram conceitos da psicopatologia do trabalho,
sofrimento no trabalho, organização do trabalho, questões sobre poder e inveja.
Dentre os nomes importantes dentro dessa linha de pesquisa estão
Christopher Dejours, Yves Clot e Alain Wisner.
Em ambientes de trabalho, o conceito refere-se à identificação, eliminação,
manutenção dos riscos ocupacionais, carga física e mental em cada atividade,
estilos de liderança e a satisfação dos funcionários em seu cotidiano
empresarial. O especialista no tema R. Walton definiu QVT como
a atenção e o cuidado aos “valores ambientais e humanos, negligenciados
pelas sociedades industriais em favor do avanço tecnológico, da produtividade e
do crescimento econômico”.
O estudo da psicóloga Ana Cristina
Linongi França mostra que várias ciências influenciaram e contribuem
até hoje para a construção e a implantação de ações em QVT. Repare na figura
abaixo baseada em um de seus textos:
Para atender a essa nova demanda, encontram-se hoje nas empresas muitas ações
destinadas à promoção da qualidade de vida no trabalho, onde o enfoque é
essencialmente o bem-estar e a gestão integral do ser humano, isto é, foco nas
necessidades biológicas, psicológicas e sociais:
- SIPATs;
- Ações ecologicamente corretas;
- Administração participativa;
- Estudos do clima organizacional;
- Ações ergonômicas;
- Intervenções pedagógicas empresariais;
- Orientações nutricionais;
- Plano de cargos, salários e benefícios;
- Programas de educação financeira;
- Ajustamento psico-social do funcionário;
- Estrutura física adequada;
- Incentivo a prática de esportes ;
- Ações de responsabilidade social e cidadania.
Ana Cristina também destaca que os programas de QVT podem ter ênfase em
setores diferentes, como o de Higiene e Segurança, Recursos Humanos, Qualidade,
Comunicação Interna etc. Podem também, segundo ela, se instituírem a partir de
demandas especiais vindas de acordo com a cultura da empresa, questões
específicas ou exigência legal. Exemplos desse modelo seriam as programas de
prevenção ao uso de drogas, informações sobre DSTs, AIDS, câncer, acidentes de
trabalho, consumo consciente e ecologia.
O ser humano é integral, possui necessidades e expectativas diferentes.
Quando a empresa consegue ter uma visão holística na condução de seus programas
de QVT os resultados tendem a serem melhores. Infelizmente, não são muitas as
empresas que possuem programas bem estruturados e estratégicos no sentido de
promover a satisfação dos empregados. As mudanças e a assimilação de novos
modelos de gestão levam um tempo até serem consolidadas. Acredito que estamos no
caminho certo. Você concorda?