Para a garçonete
Menina linda
(permita-me tratar-te assim, pois ainda não sei o teu nome), só sei que quando
entrei neste bar acompanhado de meu olhar ao mesmo tempo carente e ansioso,
senti que você primeiro sorriu gentilmente e, depois, mirou-me com tal
profissionalismo e frieza que teus olhos pareciam duas pedrinhas de gelo
brilhando num longo copo de uísque.
Sabe, só fui ao bar porque precisava ver pessoas, movimento e, eventualmente,
conversar com alguém. O que eu não contava era ser atendido por uma pessoa tão
graciosa de gestos e tão perturbadora, apesar de escondida atrás de um
aventalzinho preso às costas por um laço muito bem feitinho.
Olha, senti minhas mãos tremerem e antes mesmo do primeiro gole eu já me
sentia totalmente inebriado pela tua presença, pela doçura da tua voz e pela
graciosidade com que desfilavas por entre as mesas equilibrando uma enorme
bandeja que parecia flutuar sobre a tua bem tratada mãozinha.
Sabe, fiquei te olhando e tive vontade de te mandar sentar, tomar a bandeja
das tuas mãos e passar a servi-la, como devem ser servidas as princesas, com
gentileza e reverência. Queria servir-te por toda a vida, ficar observando os
teus modos elegantes para sempre, ou pelo menos até acabar o último litro de
uísque da prateleira.
Acho que estou apaixonado por você... Você acredita em amor à primeira vista?
Vamos fazer um acordo? Da próxima vez que eu entrar neste bar, não perguntes
"o que você vai beber?", pois a tua simples presença me embriaga, mas diga,
talvez, "quer comer alguma coisa?".
Um beijo de saideira e até a próxima. Com carinho,
(assinatura)