Quem de vez em quando já sentiu uma dor, uma fisgada ao fazer um movimento?
Sentir pequenos espasmos devido a movimentos bruscos é normal. Contudo, existem
certas lesões ocorridas devido ao atrito entre elementos presentes nas
articulações. Um conhecido problema deste gênero é a bursite.
Trata-se de uma inflamação nas bolsas sinoviais, pequenos sacos contendo um
líquido lubrificante dos tendões e protetor dos tecidos em torno dos ossos,
evitando assim o excessivo contato de suas faces. Por isso, quando acometidas
por esta lesão, as pessoas sentem mais dor se estão em movimento.
Esta doença pode surgir em qualquer área articular do corpo, é mais comum nos
ombros e joelhos. Esta e uma aparição menos freqüente que nos ombros, mas também
causa dor e desconforto.
Este problema pode ser causado por vários fatores, de naturezas diversas. “A
lesão pode ser de origem traumática, por exemplo, com uma queda de joelhos no
chão, assim como por degeneração das bursas, por causa do processo de
envelhecimento ou, até mesmo, por esforço repetitivo e prática de exercícios
físicos muito intensos sem preparação”, explica o professor Antônio Abreu, chefe
do departamento de Traumato-ortopedia do Hospital Universitário Clementino Fraga
Filho (HUCFF).
O professor salientou que a bursite pré-patelar é uma das mais incômodas. Ela é
a inflamação da bolsa sinovial pré-patelar, localizada na frente da rótula, o
osso interno do joelho.
Esta inflamação ocorre freqüentemente em empregadas domésticas, devido ao
esforço de limpar o chão ajoelhada e, por isso, é conhecida também como “joelho
de empregada doméstica”. Por esta razão, a bursite pode ser classificada como
doença ocupacional.
O ortopedista frisou também que a manifestação não só deste, mas de outros
traumas articulares, é muito comum a partir dos 50, 60 anos de idade. O cuidado
deve, então, ser redobrado nesta faixa etária.
O professor explicitou três modos básicos de tratar da doença: fisioterapia
(exercícios com aparelhos), cinesioterapia (apenas exercícios) e uso de
medicamentos (antiinflamatórios e analgésicos). A chamada infiltração (aplicação
do antiinflamatório no local com agulha) também pode ser utilizada. Em casos
extremos, pode haver intervenção cirúrgica, ressecando-se a bursa.
Bursite versus tendinite
Segundo Antônio Vitor, não é raro haver confusão entre bursite e tendinite,
mesmo na classe médica. Ele assinalou, embora a bursite não seja grave, sem
tratamento ela pode ocasionar a inflamação dos tendões, a conhecida tendinite.
Esta contusão, sim, pode ter conseqüências drásticas, como a ruptura dos
tendões. Por isso, identificar o problema é o primeiro passo, para, então, tomar
as providências necessárias.
Por causa da proximidade entre a bursa e o tendão, fazer a distinção entre as
duas lesões pode exigir procedimentos específicos. O professor mencionou o exame
de ultra-som – apesar da imagem menos visível, de menor definição e qualidade,
tem preço mais acessível – e o de ressonância – capaz de apresentar maior
definição, sendo, contudo, consideravelmente mais cara.
Um outro aspecto ressaltado pelo ortopedista refere-se ao processo da
infiltração. Antônio Vitor afirmou que este procedimento deve ser feito com
cautela, pois, mal aplicado, pode lesionar o tendão. “Em função disso, os idosos
o temem tanto”, declarou ele. “Mas, quando bem feita, a infiltração representa
grande alívio para os doentes. Não é preciso fazê-la várias vezes, apenas uma já
basta. E deve-se continuar o acompanhamento médico até a recuperação.”
Formas de prevenção
Para evitar a bursite o professor indicou cuidados básicos. Não fazer exercícios
físicos intensos sem progressão é uma regra. Alongamento é obrigatório na
preparação das áreas para o esforço. “As articulações são lesionadas porque não
estão acostumadas com a prática”, afirmou ele. Este alerta é válido para
prevenir-se também de outras doenças articulares, como a tendinite e artrose.
Cautela redobrada na fase da vida mais propícia, a partir dos 50 anos, também é
recomendável. “Esforço repetitivo também pode contribuir para o aparecimento da
doença. Enfim, atenção para estas pequenas dores articulares. Sem tratamento,
podem resultar em sérios problemas”, aconselha o professor.