Com a onde de violência, fazer um seguro de carro é praticamente obrigatório.
No Rio de Janeiro, segundo estatísticas recentes, um carro é roubado ou furtado
a cada 15 minutos. Em São Paulo, não é muito diferente — um carro a cada 20
minutos. Sem contar os acidentes de trânsito que, no Brasil, têm uma das médias
mais altas do mundo. Há ainda o problema das enchentes. Levando tudo isso em
consideração, o seguro tornou-se uma peça tão obrigatória quanto o próprio motor
do carro.
Hoje em dia a concorrência entre as seguradoras, os preços estão mais baixos.
Mais ainda, serviços que não existiam vêm surgindo na área. Há, por exemplo,
apólices feitas sob medida para cada perfil de cliente. Hoje é possível,
inclusive, pesquisar as melhores ofertas pela Internet. Isso facilitou a vida de
todo mundo, mas também abriu uma boa brecha para os oportunistas. Veja a seguir
sete coisas que os maus corretores, e às vezes até os bons, omitem dos clientes.
É a única maneira de ter certeza de que, em caso de acidente, o carro pode até
ficar amassado, mas você e seu bolso não saem machucados.
1 – Barganhe a comissão do corretor
A comissão de um corretor de seguro de automóveis gira entre 10% e 20%. Isso
lhe deixa uma bela margem para negociar. Seu poder de barganha aumenta se, por
exemplo, você for um motorista prudente, fizer seguro de todos os automóveis da
família, indicar os serviços do corretor a outras pessoas e por aí afora. Quem
dirige com atenção tem desconto. Mulheres, por serem mais cuidadosas, pagam
menos do que os homens. Se você indica um amigo para o corretor e ele fecha o
contrato, mais tarde o corretor saberá retribuir a gentileza. Antes de bater o
martelo, peça pelo menos três orçamentos — por escrito — e exija que o desconto
e a forma de pagamento sejam incluídos na apólice. Mas atenção: a opção mais
barata, embora possa parecer, nem sempre é a melhor. O mais importante é
verificar quais as coberturas e os tipos de serviço que cada uma das seguradoras
oferece. Compare e tenha certeza do que é melhor para o seu caso.
2 – O seguro inclui...
Não raro, você pensa que está comprando apenas um seguro para o carro, mas
está levando junto, sem saber, seguros adicionais contra furto de toca-fitas ou
que cobrem despesas médicas em caso de acidentes. E é claro que você, de novo
sem saber, paga por essas coberturas extras. A tendência é a de que o corretor
tente empurrar o pacote todo (lembre-se, ele ganha comissão). Mas, se você já
tem um seguro-saúde, para que vai precisar das tais coberturas médicas?
Decididamente, não vai. Se o toca-fitas está com defeito e o rádio não pega,
para que pagar um seguro por essa velharia? Melhor comprar um novo (sobretudo,
porque a cobertura dos acessórios uma das partes mais caras das apólices). Por
isso, pergunte até cansar. Destrinche tudo o que está no contrato. Mande tirar o
que não interessa. Levando isso em conta, fique esperto e descubra as coberturas
que você realmente precisa. Examine os prós e os contras.
3 – Mais prudência, mais desconto
Até bem pouco tempo atrás, o valor médio do seguro de automóveis era
calculado apenas de acordo com o modelo, o ano e a área de circulação do
veículo. A novidade é que algumas seguradoras já estão oferecendo um novo tipo
de produto: o seguro de acordo com o perfil do segurado. O cálculo é feito em
função das características do motorista, da condição do veículo e dos riscos aos
quais ele está exposto. Nada mais justo. Afinal, se o seu carro fica o dia todo
no estacionamento da empresa, a chance de ele ser roubado é infinitamente menor
do que se ficasse na rua. Para descobrir que tipo de motorista é você, as
seguradoras criaram um longo questionário.
Nele, você informa todo o seu perfil como motorista. Dependendo das
respostas, os descontos podem chegar a até 35%. Importante: nem tente passar a
perna na companhia. Se, na hora de acionar o seguro, ela descobrir mentiras no
questionário, adeus indenização. E, acredite, as seguradoras descobrem essas
coisas. Um exemplo: se você fizer o seguro em nome de sua esposa para garantir
um abatimento maior (as mulheres têm mais desconto do que os homens) e a
seguradora descobrir que quem usa o carro é você, não adianta espernear. Na hora
do sinistro (do segurês: dano ou prejuízo ao veículo), não verá a cor do
dinheiro. É claro que há um certo grau de tolerância dado pelas seguradoras.
Porém, para evitar esse tipo de situação, o ideal comunicar imediatamente
qualquer mudança relativa aos itens do questionário.
4- Atenção nos detalhes
Cada vez mais, os seguros estão se diferenciando de seguradora para
seguradora (e os preços também). Antes de assinar a apólice, fique atento aos
detalhes do contrato. Para não perder dinheiro, o ideal é ler cada uma das
cláusulas (inclusive, e principalmente, os itens em letras miúdas) e esclarecer
com o corretor todas as dúvidas. Saiba, sobretudo, quais os casos que não
prevêem indenização — como carros conduzidos por pessoas não-habilitadas ou que
estavam dirigindo sem a carteira de motorista ou documentos do veículo. Sim, é
muito chato ler linha por linha contratos de seguro, mas é o seu dinheiro que
está em jogo.
5 – Afinal, quanto vale seu carro?
Antes de adquirir um seguro de automóveis, o corretor afirma que o seu carro
vale, por exemplo, 10 000 reais. O problema é que muitas vezes ele pode
supervalorizá-lo, sem que você se dê conta. Resultado: o preço do seguro sobe.
Para evitar que isso ocorra, consulte uma concessionária, um profissional de sua
confiança, jornais e revistas especializados no assunto e mostre pelo menos três
anúncios ao corretor. Há outro problema: se seu carro vale 10 000 reais hoje,
daqui a alguns meses ele valerá menos. O que acontece é que o reembolso do
seguro não acompanha essa diminuição. Ou seja, no caso de colisão ou de roubo, a
seguradora vai pagar só o valor de mercado do automóvel. Resumo: apesar de você
continuar pagando o valor inicial, o carro vale menos e a empresa está gastando
menos com você. A saída? Solicite, então, uma reavaliação do valor do carro de
tempos em tempos. Desse modo, você pode pedir o ressarcimento da empresa (caso
já tenha pago o valor total do seguro) ou a diminuição do valor do prêmio.
6- Contrate um corretor de segurança
Muitas pessoas sem qualquer qualificação, que se aproveitam da boa-fé dos
clientes para vender gato por lebre. Pior: na hora do pagamento, alguns deles
simplesmente se apoderam do seu dinheiro e não o repassam à seguradora. Só
quando precisar do dinheiro do seguro, vai descobrir que não só não tem direito
ao reembolso como ainda está devendo. Portanto, se você optar pelo pagamento em
cheque, faça-o nominal à seguradora (nunca ao corretor diretamente) e trate de
cruzá-lo. Coloque também, no verso, o nome do banco, o número da conta e da
agência da empresa. “Para evitar surpresas, o ideal dar preferência aos carnês,
pagando as prestações do seguro no banco”, diz Marcelo Ponce, técnico de
assuntos financeiros do Procon. E caso você tenha dúvidas sobre a idoneidade do
corretor, entre em contato com a seguradora ou com o órgão regulador do mercado
de seguros — a Susep — e verifique se ele está cadastrado.
7- Lembre-se do direito a guincho
Antes de fechar negócio, alguns corretores prometem mundos e fundos, mas na
hora H, quando você mais precisa dos seus serviços, pode ficar na mão. Por
exemplo, a maioria das companhias também mantém uma assistência técnica 24
horas, que oferece aos segurados auxílio em caso de pane mecânica, como guincho
e reboque, entre outros benefícios. O problema que os maus corretores muitas
vezes omitem algumas informações que — dependendo da situação — podem fazer toda
a diferença. Não faça cerimônia. Pergunte, por exemplo, qual o limite de
quilometragem do guincho e do reboque, durante quantos dias você terá direito ao
carro extra (no caso do seu estar no conserto), se tem direito a fazer um
orçamento fora da rede de oficinas credenciadas, entre outras.