''Toda mulher bem resolvida é confiante, respeita a si mesma
e aos outros, ama o próximo, tem pensamentos e palavras positivas, é honesta e
tem a consciência limpa.''
Lívio Callado
O que se observa nas empresas, nos escritórios, nos estabelecimentos públicos
e privados em todos os níveis hierárquicos neste novo século, que conta com a
participação marcante da mulher? Ainda existem discriminações? Se existem, como
as mulheres estão reagindo?
Estudiosos sobre esta questão observaram que a igualdade entre homens e mulheres
nunca foi aceita. Eu arrisco dizer que nunca foi aceita até mesmo pela própria
mulher.
Minha proposta é convidar as mulheres a uma reflexão sobre o comportamento
machista que as próprias mulheres desenvolveram. Isto quer dizer que,
inconscientemente, na escala de valores de algumas representantes do sexo
feminino, a própria condição de evolução no tempo, muitas vezes, não é um valor
totalmente aceito. Então, a mulher passa a discriminar a si ou a discriminar uma
outra mulher dentro de seu universo corporativo.
Não é raro que ataques invejosos, competições desonestas e assédio moral
aconteçam entre as próprias mulheres no ambiente de trabalho, principalmente
quando a competência evidente é mais um atributo a ser agregado à sua condição
feminina.
Na opinião de Lívio Callado, ator e professor de Marketing Pessoal e Etiqueta
Empresarial, as mulheres competem entre si, naturalmente.
Se a mulher aprendeu a conviver com as diferenças entre ela e os homens nos
assuntos de rotina profissional, um outro passo no mundo corporativo é aprender
a conviver com as possíveis diferenças entre as próprias mulheres.
Causa-me mais perplexidade os jogos de poder entre as mulheres, que relutam em
reconhecer capacidades, competência e liderança entre si, criando preconceitos
que envolvem e desgastam as relações interpessoais.
Tudo o que foi conquistado para superar as distâncias que separavam a mulher do
homem ao longo da História, através de direitos trabalhistas, do exercício
diário de destruição do modelo frágil, agora pode ser avaliado como positivo: a
humanidade sabe que homens e mulheres se enriquecem com suas diferenças.
Sabemos reconhecer a força daquelas que, no passado, contribuíram para que hoje,
nós, mulheres, possamos nos dirigir às fábricas, aos escritórios, às empresas,
para uma máquina operadora, escrivaninha ou qualquer outro layout operativo, com
o poder de construir, de produzir, de criar, de renovar e, principalmente, de
amar.
A mulher é uma força criadora! E aprendeu a se fazer respeitar na sua condição
de mulher com a sua postura, com a sua contribuição para o mundo corporativo,
conquistando a igualdade diante de uma sociedade eminentemente machista.
Penso que o momento agora é de conquistas internas, onde o autoconhecimento pode
levar a mudanças no dia-a-dia das empresas e organizações no que diz respeito ao
relacionamento da mulher com a própria mulher.
Um dia unidas pela discriminação e hoje imunes a tantas outras doenças sociais,
a mulher pode evoluir no mundo corporativo utilizando sua capacidade, seu poder,
sua inteligência para fortalecer a própria empresa, a própria equipe de
trabalho, em vez de minar os esforços grupais em detrimento de posições
existenciais humilhantes.
Seriam resquícios do tempo em que se sentiram humilhadas? Seria um repasse
inconsciente da 'batata quente'? Uma mudança da posição de discriminada para
discriminadora? Cada uma poderá refletir e reformular valores internos no que
diz respeito à qualidade do relacionamento que se faz presente no ambiente de
trabalho neste novo milênio.
Fica o meu convite para que a mulher olhe para o passado e sinta orgulho das
conquistas já realizadas ao longo da História; que possa contribuir no presente,
para um ambiente mais humano e sadio.
Assim, a mulher poderá dar sua contribuição para que, no futuro, possa ser
referenciada no mundo corporativo não só como executiva competente, mas como um
ser humano que exerce suas atividades profissionais com dignidade e respeito aos
semelhantes.