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Saúde - Transgênicos - a polêmica da soja 

Data: 21/06/2007

 
 

No meu entendimento, a análise deve ficar mais em torno dos aspectos comerciais dos nossos cereais e leguminosas, pois no campo médico, neste momento, entidades privadas e governamentais, renomadas e respeitáveis, defendem com bons argumentos a noção de que os transgênicos não são prejudiciais à saúde. De outro lado, defendendo o ponto de vista contrário, também existem entidades com as mesmas boas qualificações, em cuja companhia me sinto muito confortável.

Por que defendo a posição que a produção de soja transgênica não deve ser analisada somente sob o aspecto médico?

1. Existem alguns princípios em Medicina que dizem que “quando há riqueza de explicações é porque há pobreza de conhecimentos”.

2. No caso das vacinas, por exemplo, há comprovação científica convincente. Mas se não existe essa comprovação, EXISTE RISCO!

3. Médicos apreciam modernidades COMPROVADAS.

4. A literatura mundial tem mostrado erros escandalosos, os quais existem até em países do assim chamado “Primeiro Mundo” . É só lembrar o caso Doença da Vaca Louca, acontecido na Inglaterra, onde a população foi enganada durante anos, sobre a afirmação de que a B.S.E. (Encefalopatia Espongiforme Bovina) não ocorria em humanos. No final ficou comprovado que a contaminação estava ocorrendo de fato, acometia também pessoas jovens e era a variante humana da Doença da Vaca Louca.

5. Não podemos deixar de mencionar, entre outros fatos, a tragédia da Talidomida que comprometeu cientistas e autoridades.

6. Por outro lado, alerto que existem centenas de alimentos nos supermercados que possuem na sua composição O.G.M., ou seja, Organismos Geneticamente Modificados.

Enquanto que na Europa a lei de rotulagem está exigindo que quando um alimento possuir mais do que 0,5% de elemento transgênico este dado seja colocado no rótulo, no Brasil estamos defasados na lei da rotulagem: nossa lei exige que somente quantidades superiores a 4% é que devem ser indicadas no rótulo. No meu entender esta quantidade é elevada e se constitui num desrespeito ao consumidor.

Podemos concluir comentando o fato de que existem muitos cidadãos surpreendidos com ataques alérgicos inexplicáveis – na verdade o que pode ter acontecido é haverem consumido produtos dos quais desconhecem a verdadeira composição por falta de uma rotulagem adequada.

A partir daqui analisemos o cerne da questão: Onde estão os problemas e qual a análise mercadológica?

1° - Não está provado que a produção de transgênicos é mais barata e que aumente a produtividade.

2° - Combater a fome com a produção de transgênicos também não é argumento, pois o problema não é de Produção, que já é suficiente no mundo, mas de MÁ DISTRIBUIÇÃO.

3° - Não quero entrar nos objetivos da empresa monopolizadora que, ao comprar a patente da tecnologia chamada “Terminator” – que faz com que a segunda geração de sementes torne-se estéril – nos obriga a comprar sementes novas para cada safra, desta maneira quebrando uma tradição de 10.000 anos – na qual, pelo processo natural, as sementes se perpetuam e conservam a capacidade de se reproduzirem.

Pergunto: - Qual é a defesa que o Brasil teria contra o “Terminator”?

Agora vejamos:

- O Brasil é o único entre os grandes produtores que proibiu o plantio, até o momento, dos transgênicos.

- A Comunidade Européia, com seus 450 milhões de habitantes, o Japão, com mais de 100 milhões de habitantes e a China, que será a maior potência mundial nos próximos anos, com uma população de um bilhão e meio de habitantes, AINDA CONSEGUEM IMPORTAR SOJA NÃO TRANSGÊNICA! Estes países necessitam da nossa soja tradicional, por demanda de seus povos e o Brasil, que tinha 24% do mercado mundial, já está com 36% do mercado e a tendência é subir em quantidade e preço.

- Atualmente, exportamos para a Europa e Japão a maior parte da nossa produção de soja não modificada.

- Com todo o respeito que tenho pelos países desenvolvidos, as Empresas Multinacionais, como o próprio nome está dizendo, não podem ter bandeira, embora possam ter conflitos com seus países de origem.

- Sob o ponto de vista mercadológico é absolutamente irracional discutirmos o assunto! Nenhuma análise sob qualquer argumento, pode nos fazer abrir mão de um mercado cativo, ávido e certo, sob pena dos produtores brasileiros perderem o mercado internacional e RENDAS!

- Lembro também que esta é uma via de mão única – se não fizermos a opção certa, os transgênicos a farão irreversivelmente, pois a contaminação da soja tradicional pela transgênica é certa, e acabaremos irremediavelmente dependentes de tecnologias dispendiosas.

Para finalizar, recomendo – entre as centenas de manifestações na mídia mundial a respeito do assunto – a entrevista do Dr. Mohamed Habib, professor titular do Instituto de Biologia da UNICAMP, um dos maiores especialistas em biologia vegetal no País, encontrada em http://www.biodiversidadla.org/article/articleview/3751/1/15 , publicada em 24/10/2003.

Portanto não podemos desviar a atenção da polêmica dos transgênicos para o ponto de vista médico, mas sim tentarmos fazer com que não seja alterado o que está funcionando bem, ou seja, estamos entre os primeiros no mundo porque temos compradores ainda cativos.



 
Referência: dicasdesaude.com
Autor: ROLF UDO ZELMANOWICZ
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