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Carreira / Emprego - A “super” eficiência  

Data: 25/11/2008

 
 
A funcionária anda para cá, anda para lá; dá suspiros de cansaço; atende ao telefone; faz anotações em um papel; olha para outra pessoa que está na mesa ao lado e faz careta. Segue falando ao telefone e com a outra mão puxa um papel daqui, outro dali. Desliga o telefone. Pega outro papel e sai da sala. Ufa! Que correria! Que dia!

O funcionário sobe e desce as escadas umas dez vezes, sempre com um papel na mão. Pára e troca umas palavras com alguém, pergunta se viu tal pessoa. Anda mais um pouco, pega um telefone, liga para outra seção e pergunta se tal pessoa está lá. Volta, passa rápido pela recepção, vai até à fábrica, sempre com o papel na mão. Ufa! Que correria! Que dia!

Mas, um observador atento vai confirmar que toda essa “eficiência” é muito mais espuma do que líquido! Tenho observado que muitas empresas têm em seu quadro pessoas que são altamente “eficientes”, e pergunto: por que, em tantos casos, essas organizações têm tantas reclamações no PROCON ou nos outros órgãos de Defesa do Consumidor? Por que recebem tantos e-mails com reclamações? Dando uma geral, muito dos problemas situam-se no Atendimento, na relação com o público.

Contratar um funcionário exige um ótimo feeling para perceber se a pessoa quer só um emprego com salário, ou, se está mesmo comprometida com seu trabalho, sua profissão, quer crescer profissionalmente e fazer com que a empresa também cresça e elimine problemas, traga soluções. Além disso, se o relacionamento com o público fizer parte da função, ela deve passar por mais pessoas para ser checada sua capacidade de comunicação e resolução de problemas.

Percebo cada vez mais que as maiores ansiedades de uma pessoa, que está em busca de uma vaga ou negociando com uma empresa, é sempre o ‘vale-isso’, o ‘vale-aquilo’, o salário, o convênio médico, o seguro de vida, o horário de trabalho, o local da empresa etc. e etc. Pouquíssimas vezes ouço alguém que volta de uma entrevista, falar sobre a empresa, seu site, seus negócios, a posição oferecida, eventuais treinamentos negociados, pós-graduação ou mesmo um curso profissionalizante.

Na realidade, buscam um “trampo” em vez do emprego. Querem estabilidade, salário em dia, benefícios, mas dificilmente entendem que é uma troca e que deve ser profissional, atuante, comprometida com o que faz e buscar sempre o melhor para a empresa. Parece que a coisa mais importante do mundo é ter uma mesa, um telefone e, hoje em dia, um computador. Já experimentou dizer a um funcionário que ele não tem mesa com telefone e computador? Em certas empresas até o motorista tem mesa! E se, eventualmente, precisar terminar um trabalho no horário de almoço? Heresia total! Punição aos exploradores!

Para os funcionários já registrados em carteira é sempre muito mais importante o horário de saída para o almoço e saída do expediente do que qualquer outra coisa. Chegar atrasado é sempre acompanhado de milhões de desculpas, mas se puder sair um pouquinho mais cedo... Assim, há uma grande diferença entre “ticar” a obrigação ou seguir seu job description com perfeição. Se as pessoas e as empresas não trabalharem direito, não tem dinheiro para remunerar bem os funcionários e fazer investimentos.

A legislação trabalhista, na forma atual, não obriga um funcionário a ser profissional, porém, de certa forma, estimula a “enrolação”. É paternalista e protege em demasia o trabalhador e coloca o patrão na situação de vilão da história. Se cobrar muito pode sofrer até um processo por assedio moral.

Independente de Lei ou não, os profissionais de Recursos Humanos precisam ajustar melhor seus focos, na hora de contratar alguém. Assim como, avaliar a fundo a “qualidade profissional” do candidato, real interesse em crescer na empresa, preferir quem faz milhões de perguntas sobre a organização, os negócios, a vaga, a carreira, mercado, treinamentos e muito mais, àquele que foca nos “vales-qualquer coisa”, e demonstra que está mais para “super” eficiente do que realmente eficiente e lucrativo para a empresa.

Excluindo o funcionalismo público – que não serve de modelo para ninguém, porque já parte da estabilidade no emprego, e tem até um Decreto que nos obriga a tratá-los bem, mesmo que eles sequer tomem conhecimento que estamos do outro lado do balcão e nós é que pagamos os salários deles – as empresas tem que deixar bem claro na hora das contratações, e reciclar quem está atuante hoje, que o mundo mudou. Cada dia é necessário matar um leãozinho diferente, uns mais mansos, outros mais bravos, mas tem que ser profissional.

Para quem não sabe ou não lembra o significado correto da palavra, aqui vai um refresco: profissional – pro.fis.si.o.nal – 1 Relativo, próprio ou pertencente a profissão; 2 Que exerce uma ocupação como meio de vida ou para ganhar dinheiro; 3 Exercido como meio de vida, ou pelo ganho, por profissionais ao invés de por amadores; 4 Pessoa que exerce, como meio de vida, uma ocupação especializada.

Assim, o candidato que pretender demonstrar muita “eficiência” na próxima entrevista, deve pensar antes: vão olhar a espuma ou o líquido?



 
Referência: rh.com.br
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