Quando crianças, precisávamos ter o reconhecimento e o elogio dos pais para
que fôssemos "admitidos no mundo dos adultos", nas palavras do coach e autor do
livro "Executivo, o super-homem solitário", Emerson Ciociorowski. Os anos
passam, mas muitos costumes permanecem. A necessidade de reconhecimento é um
deles. "É uma troca inconsciente, que tem a ver com a própria natureza humana".
Só que o grau de necessidade de reconhecimento varia de indivíduo para
indivíduo. Pessoas que não eram reconhecidas quando crianças são mais
dependentes dos elogios, devido à baixa auto-estima. Elas têm dificuldade de
enxergar o próprio valor. "Sem estímulo, muitos profissionais ficam sem
referência. O testemunho parece ser fundamental para que prossigam".
A realidade do mercado
O coach alerta que, no entanto, a realidade dentro das organizações é outra. "Em
geral, os colaboradores não têm referências de resultados, inclusive os
executivos do alto escalão". Por isso, acontecem os desencontros, que geram mais
falta de reconhecimento.
Por exemplo, por não saber exatamente o que é esperado deles, os funcionários
enfrentam uma série de desafios que não fazem parte das metas de sua chefia. No
final das contas, além de não serem reconhecidos, são criticados.
Uma forma de driblar isso é tendo conversas abertas e sistemáticas com o
superior. Pergunte a ele sem medo: "O que espera de mim?", "Qual deve ser o meu
foco?", e "Quais resultados são esperados para o próximo trimestre?". A
combinação de alinhamento das expectativas e metas cumpridas tem como resultado
o reconhecimento, explica Ciociorowski.
Porém, pode acontecer de, mesmo assim, o reconhecimento não vir. Se isso
acontecer, não fique se torturando. Analise todas as variáveis da questão. "O
reconhecimento, nos dias de hoje, é muito raro. A tendência é de que nas
empresas não exista o reconhecimento para o bem, mas para o mal", diz o
especialista. Ou seja, é mais fácil ouvir críticas negativas do que elogios.
O que fazer
Para Ciociorowski, o contexto de competitividade no ambiente corporativo não
favorece o reconhecimento. "Muitas vezes, o chefe não reconhece o bom trabalho
de um subordinado porque é inseguro, porque teme a perda de seu posto".
A solução é não ficar na expectativa de ter o reconhecimento dos outros. No
lugar disso, procure parâmetros para saber se o seu trabalho está sendo bem
feito. Por exemplo, caso seja um vendedor, compare o quanto consegue vender em
um mês ao resultado obtido por seus colegas. Se for professor, analise quantos
alunos comparecem às aulas e peça o feedback deles. Se for consultor, veja o
quanto conseguiu ajudar seu cliente.
O que não pode é se deixar levar pelo ambiente corporativo e ficar com baixa
auto-estima. "É fundamental se aceitar e se conhecer, sem ficar à mercê do que
os outros acham de você. Ser crítico consigo mesmo é essencial para evoluir e
crescer profissionalmente, mas não busque o perfeccionismo e, muito menos, o
reconhecimento de todos", conclui o coach.