Consumidor - A administração da compra por impulso, pelas empresas e consumidores
Tem gente que confunde impulso com compulsão. Não é a mesma coisa.
Compulsão é um comportamento doentio. É gente que compra para satisfazer
necessidades que nada têm a ver com o produto adquirido. Compra alimentos para
suprir carências afetivas. Compra roupas e outros objetos para aliviar a tensão
e o stress.
Mas a compra por impulso é diferente. Ela só acontece porque um bom produto está
bem exposto. E quem compra, responde ao impulso gerado pelo seu desejo de
possuir ou consumir aquele item.
O QUE GERA O IMPULSO DE COMPRA?
Falando assim, "Impulso", dá a impressão de que a pessoa comprou alguma coisa de
que não precisava. Mas não é bem assim que acontece. Na maioria das vezes, a
compra por impulso não foi mesmo planejada. Mas aconteceu porque o cliente viu o
produto e lembrou que precisava dele ou que poderia precisar. É a típica
situação de quem está passando no caixa do supermercado para pagar as compras,
vê as pilhas expostas e lembra que o controle remoto da TV está com a bateria
fraca.
Esse mesmo comportamento acontece com outros itens como: cola, lâmpadas, linha e
agulha e outros itens cujo consumo é mais eventual, de modo que as pessoas
acabam esquecendo de colocá-los em suas listas de compras.
Aquele docinho no caixa do restaurante por quilo também gera muita compra por
impulso. A pessoa terminou sua refeição, pulou a sobremesa, mas não conseguiu
resistir ao bombom ou ao sorvete. Mas ela consumiu o doce com todo o gosto.
Tem também aquela compra do produto exposto na vitrine. A pessoa que passou, viu
e comprou pode até não ter planejado. Mas achou bom, bonito e barato e não quis
abrir mão dele. Muitas vezes, a pessoa compra por impulso e vai embora feliz por
ter aproveitado a oportunidade. É a venda de ocasião, a situação ideal, o "ganha-ganha".
A transação comercial que deixa satisfeitos todos os elos da corrente: o
consumidor, o lojista e o fabricante.
Esse tipo de coisa acontece com os chamados "bens de conveniência", conforme a
Psicologia e o Marketing já explicaram há muito tempo. Os campos de estudos de
otimização e aproveitamento dos impulsos são: o merchandising, o design de
embalagem e a exibitécnica, que a cada dia evoluem com novas tecnologias e novas
ferramentas.
IMPULSO RACIONAL
A compra por impulso não acontece se o negócio não for bom para quem compra. A
pessoa não planejou comprar aquela mercadoria, é verdade. Mas só decidiu ir às
vias de fato quando percebeu que o produto estava ao alcance das suas
possibilidades. Ao ver o produto, o consumidor percebeu que ele poderia resolver
algum problema imediato ou futuro. Teve, assim, um impulso de compra. Mas para
que o ato se concretize, é preciso que a oferta atenda a vários outros
requisitos.
O consumidor vai perguntar quanto custa e como pode pagar. Dependendo da
mercadoria, vai tentar entender como funciona, se tem manutenção, garantia etc.
Dependendo da pessoa, ela ainda irá negociar para conseguir preço ou condições
mais adequadas. Se todas as variáveis de compra forem favoráveis, a pessoa irá
finalmente, fechar o negócio e concluir a compra gerada por aquele impulso
inicial.
Mas o impulso também pode sair pela culatra. Se o preço for muito alto para a
realidade do consumidor, dificilmente ele concluirá a compra.
Compras por impulso se tornam mais raras na medida em que as mercadorias são
mais caras. Quanto maior o valor, maior será o planejamento de quem compra. É
fácil comprar por impulso um vidro de xampu ou um até mesmo um frasco de
perfume. Mas ninguém compra carro por impulso ou casa por impulso, pois esse
tipo de bem não é "de conveniência" e sim um "bem de compra comparada".
Por isso mesmo, somente os muito abonados comprarão uma jóia por impulso ou um
eletro-eletrônico sofisticado. Itens de valor mais alto geram sim, impulso de
compra, mas exigem um planejamento maior para acontecer. De modo que, mesmo as
negociações mais programadas e planejadas foram, em algum momento, um impulso de
compra.
IMPULSO DE COMPRA. SEM ELE, NENHUM PRODUTO SOBREVIVE.
A compra por impulso não é um ato irrefletido. É, na verdade, resultado de um
encontro feliz: um consumidor que sempre precisou de algum item, o encontra
quando menos esperava. Sorte? Não. Competência de quem desenvolveu um produto
adequado, planejou seu marketing e suas vendas, cuidando para que ele fosse
exposto num local onde os potenciais clientes teriam mais chances de
encontrá-lo.
E quando um produto exige mais do que um simples impulso para vender é
importante que a empresa compreenda o comportamento do seu consumidor e
providencie para que ele possa cumprir satisfatoriamente todas as etapas
necessárias até que o negócio seja concluído. Ou seja, além de expor seus
produtos para gerar desejo nos consumidores, a empresa deve cuidar para que ele
possa esclarecer suas dúvidas, conte com um bom plano de pagamento, tenha uma
boa experiência de compra e uma excelente convivência com o produto que comprou.
RESPONSABILIDADE DE QUEM VENDE E DE QUEM COMPRA
Vale, por fim lembrar dois pontos importantes: todo produto produzido dentro da
legalidade foi feito para ser vendido e, se isso não acontecer, será um prejuízo
social. Quando não há vendas, não há lucros e isso leva a recessão e desemprego.
Sim, as empresas precisam vender todos os dias e todas as horas. Elas têm que
impulsionar suas vendas, pois essa é a forma de obter mais receitas e lucros, de
pagar mais salários e mais impostos, enfim, de fazer sucesso no mercado. É,
portanto, responsabilidade de seus ADMINISTRADORES manterem seu foco em vender
e, desse modo, devem sim utilizar todas as ferramentas de exibição que
impulsionem vendas.
Por outro lado, não podemos ficar pensando que o consumidor é uma vítima de
truques que o induzem a comprar o que não precisa ou não quer. Essa seria uma
visão ingênua, muito primária ou oportunista, de politiqueiros que vivem
querendo assumir a tutela dos ignorantes. Ora, o consumidor não é ingênuo, ao
contrário, ele hoje é bem mais escolarizado e bem informado, até mesmo com
acesso a informações eletrônicas via web. Além dos "direitos do consumidor",
temos que reafirmar que existem as responsabilidades do consumidor, que vem da
família e da educação "de berço". É em casa que se formam os hábitos de consumo
e de compras. E quanto mais educadas as famílias, os pais - mais liberdade terão
os filhos para que seus desejos e impulsos sejam manifestados e expressos, sem
repressão e com liberdade.
Comércio e consumo são atos humanos e expressão de cidadania que todo
administrador precisa cultivar e defender com convicção!
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