Negócios / Empreendedorismo - Hotelaria hospitalar gera oportunidades nos setores de turismo e saúde
Viajar para buscar um tratamento de saúde adequado e eficiente é uma prática
que aumenta não só no Brasil, mas também em todo o mundo. Embora não existam
estatísticas oficiais das entidades de turismo e do governo, um levantamento da
Deloitte Center for Health Solutions aponta que, entre 2007 e 2009, foram cerca
de 180 mil visitantes estrangeiros no Brasil buscando tratamentos médicos.
O volume parece alto, mas, na Tailândia, apenas em 2007, esse número chegou a
1,2 milhão - prova de quão subaproveitado é o mercado brasileiro.
Neste cenário, o Brasil desponta – pelo crescente reconhecimento a suas
instituições médicas, e também, pelo baixo custo que cirurgias e internações têm
aqui na comparação com procedimentos equivalentes na Europa e Estados Unidos. Os
norte-americanos são o público que mais busca o Brasil para os tratamentos
atualmente.
Oportunidades
Mesmo com grandes possibilidades de mercado, no entanto, ainda são poucas as
instituições, empresas e executivos que apostam nesse mercado no País.
Uma delas é Sonia Watanabe, que, ainda em 1993, fundou a Hospitalité Consultoria
e Assessoria Ltda, empresa focada em prestar ensino, pesquisa e desenvolvimento
em hospitalidade nos serviços de saúde.
Nos quase 18 anos da companhia, Sonia viu o setor crescer e se profissionalizar
no Brasil. No ano passado, cinco dos melhores hospitais do Brasil - Albert
Einstein, Sírio-Libanês, Oswaldo Cruz, Samaritano e Hospital do Coração - uniram
forças para garantir uma fatia do mercado mundial de turismo médico. No Brasil,
são 22 instituições acreditadas pela Joint Comission International.
Mesmo assim, segundo a especialista, ainda há muito a fazer. “Infelizmente, eu
percebo que as indústrias ligadas ao setor não estão totalmente preparadas para
atender à demanda do segmento. Poucas agências de viagens, por exemplo, oferecem
serviço completo de recepção do turista no aeroporto até acompanhamento ao
consultório e internação”.
Ao mesmo tempo, alerta Sonia, o mercado está repleto de oportunidades para quem
quiser empreender, já que há poucos setores voltados para a necessidade dos
turistas que vêm ao País buscar atendimento. “É um perfil de turista que vem
preparado para enfrentar questões mais delicadas e não mede esforços e, muitas
vezes, custos, para sair com o resultado esperado”, analisa. Segundo dados do
setor, a cada US$ 1 gasto pleo paciente internacional em medicina, US$ 8 são
gastos com turismo.
Sonia lembra também que turismo médico e hospitalidade não estão ligados apenas
à relação entre médico e paciente e o tratamento realizado. “Para desenvolver um
sistema adequado, é necessário atuar na contratação de profissionais, treinar
equipes, adequar a arquitetura, ajustar a tecnologia, como rede Wi Fi e acesso a
notebooks e TVs a cabo, gerenciamento do serviço de alimentação e cuidados
adicionais”, lista a especialista.
Perfil
O Centro Universitário Senac-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial)
também aposta no segmento como boa oportunidade de mercado. Prova disso é a
oferta da pós-graduação em Hotelaria Hospitalar, um dos poucos cursos na área no
País, que começou a ser ofertado recentemente.
Na grade estão disciplinas ligadas à gestão de saúde, receptividade,
administração de pessoas, visão gerencial e inserção dos conceitos de
padronização já usados amplamente na rede hoteleira na administração de
hospitais.
O professor da graduação tecnológica em Hotelaria do Senac, Márcio Parreira
Stetner, aposta que o setor deve crescer de forma ainda mais expressiva nos
próximos anos, gerando oportunidades para os profissionais e investidores da
área. “À medida que mais hospitais conquistam certificações internacionais,
agências exploram o turismo médico e instituições na área de saúde atentam para
a necessidade de trabalhar melhor a receptividade, novas frentes de negócios
devem ser abertas”, explica.
É um ciclo. A profissionalização estimula a melhoria do atendimento, que, por
sua vez, atrai mais pacientes para tratamento em solo brasileiro.
Na avaliação do professor, a divulgação dos serviços oferecidos no Brasil pode
alavancar o fluxo de turistas buscando atendimento em saúde. “Ainda falta um
pouco de ação, divulgação desse mercado no exterior, para apresentar as
potencialidades que o País tem”, afirma o especialista.
Algumas iniciativas isoladas já surgiram dentro desse contexto. A São Paulo
Turismo lançou recentemente o “São Paulo Saúde – Guia de Turismo Médico,
Bem-estar e Qualidade de Vida”, com informações sobre os principais hospitais,
clínicas, laboratórios e agências de turismo receptivo que trabalham no setor.
Referência:
InfoMoney
|
Autor:
Equipe InfoMoney
|
|