cada dia que passa, a expectativa de vida do homem aumenta. No Brasil, por
exemplo, de 1980 para 2002, ela cresceu de 62,5 para 71 anos, segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E a tendência é
continuar a crescer.
Além de querer descansar e curtir outras atividades, com a idade, alguns
custos adicionais chegam como os dos remédios ou das altas mensalidades dos
convênios médicos. É importante, portanto, que você pense em como garantir uma
boa renda na sua aposentadoria, além da aposentadoria paga pela Previdência
Social.
Uma boa maneira é investir em um plano de previdência privada, ou seja,
aplicar mensalmente desde jovem uma pequena quantia de dinheiro que, ao final de
30 ou 35 anos, se constituirão em um boa grana. Os administradores desses
produtos financeiros normalmente aplicam seu dinheiro em fundos e ações
conservadoras para garantir a rentabilidade. Você poderá desfrutar a “melhor
idade” da melhor maneira possível.
Neste artigo, desvende o universo das aplicações financeiras de previdência
privada.
O que é previdência privada
Fundos
de pensão
Os planos de previdência privada fechada de " fundos de
pensão" são voltados a grupos de profissionais ligados a empresas,
sindicatos ou entidades de classe, além de servidores públicos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Algumas dessas
previdências se transformaram em fundos de pensão poderosos como o
Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, ou o Petros, do funcionários
da Petrobras, grandes investidores do mercado financeiro brasileiro. |
A previdência privada, ou previdência complementar, é uma modalidade de
aplicação financeira cujo principal objetivo é garantir uma renda mensal no
período em que você quer parar de trabalhar, por algum motivo especial, ou
simplesmente deseja se aposentar.
Como o próprio nome sugere, é uma renda “extra”, um complemento ao benefício
pago pela Previdência Social. Só para lembrar, no Brasil, o piso da
aposentadoria por idade é de 65 e 60 anos, para homens e mulheres,
respectivamente.
É claro que a previdência privada não é uma modalidade de aplicação exclusiva
para quem trabalha, é chamada assim por se tratar de um investimento de longo
prazo, cujo usufruto se dá ao final da carreira profissional ou de depois de
muitos anos.
Para compreender melhor como funciona esta aplicação, podemos dividi-la em
duas fases:
- Fase de acúmulo: fase em que você deposita uma quantia mensal
pré-estabelecida durante um longo período de tempo (em geral, de 20 a 35
anos);
- Fase de renda: nesta fase você recebe o dinheiro (se inicia logo após ao
término da fase anterior).
É claro que você não receberá apenas a mesma quantia que depositou durante
todo o período. Como qualquer outra aplicação, a idéia é fazer crescer o
dinheiro, caso contrário, seria melhor guardar dentro de um cofre em casa,
concorda?
Por exemplo, depositando R$ 500 mensalmente pelo período de 20 anos, o valor
total dos depósitos será de R$ 120 mil. Contudo, o montante resgatado será igual
ao valor depositado mais os rendimentos do período.
Antigamente, os rendimentos destes planos eram indexados a algum índice da
economia, como por exemplo o Índice Geral de Preços ao Mercado (IGPM), medido
pela Fundação Getúlio Vargas. Atualmente a rentabilidade do seu dinheiro advém
de aplicações feitas em renda fixa e ações conversadoras.
Os planos de previdência privada podem ser feitos por pessoas físicas e por
empresas, inclusive micro e pequenas empresas. As aplicações individuais
representaram 75% do total investido em abril de 2007, enquanto as empresariais
e de menores de idade somaram respectivamente 18,5% e 6,5%, de acordo com
levantamento da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida). A
receita total para o mesmo período foi de aproximadamente de R$ 2,1 bilhões.
Quanto desembolsar
A previdência privada serve muito bem a qualquer pessoa que deseja aumentar
sua renda no período de aposentadoria. Esta aplicação, no entanto, é indicada
para quem tem renda superior a R$ 2.894,28, que é o teto de contribuição e
benefício pelo INSS (Instituto Nacional de Seguro Social). Ou seja, se você
possui renda maior do que R$ 2.894,28, pode optar pela previdência privada para
manter o mesmo patamar financeiro no período de aposentadoria.
Para definir seu plano de previdência privada, você precisa ter em mente três
questões básicas:
1. Quando você deseja iniciar a aplicação;
2. Quando você deseja se aposentar;
3. Quanto você quer receber de renda extra na aposentadoria.
Com isso você chega ao valor dos aportes mensais, ou seja, de quanto precisa
desembolsar para garantir a renda extra desejada para o seu futuro. Aí, é só
escolher o tipo de plano que deseja.
PGBL ou VGBL?
Os produtos disponíveis no mercado brasileiro são o PGBL e o VGBL. Existe
também o Plano Tradicional de Previdência, que atualmente não é mais
comercializado.
É importante frisar que, excluindo o extinto plano tradicional, os planos de
previdência não possuem qualquer tipo de garantia de rentabilidade, o que
teoricamente significa que você poderá vir até a perder rendimentos. Contudo, ao
analisar os dados históricos, verifica-se que elas sempre rendem, na medida
em que rendem também a renda fixa e os fundos de ações conservadores
(principais alvos destas aplicações). Em 2006, por exemplo, os planos de
previdência renderam entre 10 e 20%.
Veja abaixo em qual produto seu perfil se enquadra:
VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) - Ideal para pessoas
que fazem a declaração simplificada de IR, para profissionais liberais e/ou para
quem já contribui com 12%, pois não é dedutível do Imposto de Renda. É o plano
preferido dos brasileiros, representando cerca de 67% do montante total
investido.
PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) - Ideal para quem
faz a declaração completa de Imposto de Renda, pois ele é dedutível em até 12%
da base tributável do IR. Corresponde por cerca de 15% do volume total investido
do setor.
Entretanto, independente do plano de previdência privada escolhido (PGBL ou
VGBL), você precisará definir o regime de tributação que incidirá sobre seu
investimento. Para isso, você deve refletir sobre o tempo e o valor da
aplicação. Suas opções são:
1. Tabela progressiva - tributação é de 15% na fonte;
2. Tabela regressiva - tributação diminui com o tempo, conforme abaixo:
Cuidado com as taxas
As taxas são as grandes vilãs de qualquer plano de previdência privada. Fique
atento a elas, em geral os bancos e as seguradoras não gostam de esclarecer
muitos detalhes sobre as mesmas. Veja abaixo:
Taxa de carregamento - incide sobre as contribuições
realizados. Em geral, estas taxas variam de 0 a 3%. Veja o exemplo:
Aporte = R$ 1.000,00
Taxa de carregamento = 2%
Desconto do aporte = R$ 20,00
Total aplicado = R$ 980,00
Taxa de administração - custo da gestão dos ativos, que
incide sobre a rentabilidade total da aplicação. Em geral varia entre 1,5% e 3%.
Cuidado, pois esta taxa é a de maior impacto na aplicação, opte sempre pelo
plano que oferece a menor taxa.
Taxa de saída - cobrada no caso do resgate antecipado da
aplicação. Contudo, a maioria das seguradoras executam esta cobrança apenas nos
primeiros anos. Algumas seguradoras impõe prazos de carência para resgates e
transferências externas parciais ou totais.Defina o tipo de renda
Existem, ainda, algumas variáveis que precisam ser definidas, independente do
produto que você escolher. É a escolha do tipo de renda desejado para que você
receba os rendimentos da sua aplicação. São elas:
Renda temporária - você recebe uma pensão por um período
determinado. Porém, quando você morrer o benefício “cessa”, mesmo que haja
“saldo remanescente”.
Renda vitalícia - você recebe uma pensão mensal enquanto
viver, ou seja, ao passar dessa para uma melhor o benefício cessa imediatamente,
independente de eventuais “saldos remanescentes”.
Renda vitalícia reversível ao beneficiário - você recebe
uma pensão mensal até falecer, e quando isso ocorrer, um percentual desse
dinheiro é revertido a um beneficiário (indicado em contrato) até sua morte.
Garantias adicionais
Os planos de previdência privada possuem garantias adicionais, que você pode
optar normalmente pagando uma taxa a mais. Veja as principais possibilidades
oferecidas no mercado:
Pecúlio por morte - caso você venha a falecer antes do
período de renda, o beneficiário recebe o montante integral acumulado até a
data;
Pensão por prazo certo - semelhante ao caso anterior, com a
diferença de que o recebimento da aplicação ocorre em parcelas (no formato de
pensão);
Pensão a filhos - o(s) filho(s) menor(es) de idade receberão
uma pensão mensal até atingirem a maioridade, no caso do seu falecimento;
Pensão ao cônjuge - semelhante à opção anterior, porém
destinada a apenas um beneficiário (em geral o cônjuge ou companheiro);
Renda por invalidez - caso você venha a se tornar inválido
durante o período de acúmulo, você receberá uma renda mensal, uma espécie de
seguro por invalidez.
A escolha da instituição
Pense muito bem na escolha na administradora do seu plano de previdência
privada, afinal de contas, serão longos anos de aplicação. Não dá para brincar
com uma aplicação deste vulto. Idoneidade e solidez são requisitos fundamentais.
Não estamos falando de um aplicação que será resgatada em dois ou três anos,
e sim de até 35 anos de investimentos. Mais do que isso, estamos falando da sua
renda complementar até o final da vida. Portanto, na hora da escolha, não deixe
de verificar o número de clientes atendidos, o histórico da instituição, bem
como sua saúde financeira. Cheque no Procon, se a empresa não recebeu nenhum
tipo de reclamação.