Comprar um imóvel no Brasil não é mole. O tal sonho da casa própria, repetido
exaustivamente pelas propagandas de bancos, consórcios, imobiliárias e
construtoras por aí, requer muitos cuidados, planejamento e visão exata do que
você quer e do que você pode.
Neste artigo, você terá algumas dicas de quais os passos para uma melhor opção
financeira. No Brasil, onde existe uma das taxas de juros mais altas do mundo,
financiar uma casa não é tão barato, nem tem prazos de financiamento tão longos
como nos Estados Unidos, mas pelo menos a burocracia dos financiadores tem
diminuído. Esse resultado pode ser visto estatisticamente. Segundo a Associação
Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), de 2000 a
2006, o número de empréstimo para compra de imóveis cresceu 430%, chegando a
mais de R$ 9 bilhões em 2006.
Veja alguns dos passos para tomar essa importante decisão.
O sonho de sair do aluguel
Um discurso comum entre brasileiros é que alugar uma casa não vale a pena.
Essa visão, no entanto, nem sempre é a correta. Comprar um imóvel é um
investimento de risco com gastos maiores que os de um aluguel, principalmente no
princípio. Além de uma entrada salgada, as mensalidades giram em torno de 1,5% e
3% do valor do imóvel, dependendo do tipo de financiamento. O aluguel de uma
casa gira em torno de 0,5% a 1 % do valor do imóvel.
Do outro lado, a casa própria, apesar dos sacrifícios, é um patrimônio que pode
durar a vida toda, além de ser um investimento para futuras aquisições. Vamos,
então, entender como funciona a compra da casa própria no Brasil.
Qual o melhor imóvel?
Quando se pensa na compra de um imóvel, é comum as pessoas vislumbrarem
imagens de seus sonhos: aquela churrasqueira num quintal arborizado, a ampla e
ventilada varanda com uma linda vista ou aquela cozinha nova, compacta e
extremamente prática. Além da visão dos seus sonhos, que mostram suas
preferências, é importante analisar outros fatores para decidir pela casa.
Localização, metragem do imóvel, divisão e idade da propriedade são alguns
deles. A maioria desses fatores tem a ver também com decisões pessoais, mas
detalhes devem ser levados em conta.
Se você tem filhos, proximidade com boas escolas, segurança e área de lazer
dentro do condomínio ou na vizinhança são alguns dos fatores que indicam uma boa
localização de imóvel. Há também outros aspectos que valorizam a casa como a
facilidade dos meios de transportes. Quem compra um imóvel próximo de uma
estação de metrô, ou de várias linhas de ônibus, sabe que esse item será
interessante não só para você, mas também para facilitar a venda ou o aluguel do
imóvel no futuro.
A metragem do imóvel é também um importante item a ser verificado, antes mesmo
de visitá-lo. Muitos anúncios, principalmente de apartamentos novos ou na
planta, camuflam o tamanho real da área, onde você vai morar. Alguns nem citam
os números. É importante saber que, em um prédio, a área útil representa a área
do apartamento em si. Já a área comum é o que o prédio ou condomínio oferece a
todos: elevador, corredor, playground, piscina. Um bom passo é comparar a
metragem do imóvel em que você vive hoje com o que quer comprar. E não esqueça
de checar o tamanho e a localização da(s) vaga(s) na garagem.
A Prefeitura de São Paulo, por exemplo, regulariza a metragem mínima da garagem
em uma construção. A altura deve ser de 2,1 metros para carros pequenos e 2,3
metros para carros grandes. A largura da vaga é de 2 metros para carros pequenos
até 2,5 metros para carros grandes. O comprimento deve ser de 4,2 metros para
carros pequenos e 5,5 metros para carros grandes.
Outro fator importante na hora de comprar é verificar a incidência de sol e luz
no imóvel. Verifique, então, onde é a face norte do imóvel. É lá a área com
maior incidência de luz e calor do imóvel. Em cidades com clima mais ameno, é
interessante ter boa parte das janelas voltadas para essa face. Em cidades
quentes, com clima equatorial, é importante evitar a face oeste, já que é a área
que o sol da tarde mais incide e deixa o imóvel quente durante a noite. Para se
ter uma boa avaliação da incidência de luz e calor no imóvel, no entanto, a
melhor maneira é visitá-lo em horários diferentes. Aliás, essa dica ajuda também
a verificar outros fatores como o trânsito do local, o barulho que pode haver
etc.
Estes fatores, sem dúvida, ajudam na escolha do imóvel, mas há uma dúvida que
sempre aparece para quem vai comprar sua casa; o que é melhor: um imóvel novo ou
usado?
Novo ou usado?
Há vantagens e desvantagens tanto no imóvel novo quanto no usado. Os imóveis
usados normalmente são mais baratos. A relação entre a metragem do imóvel e o
preço é mais vantajosa no caso do imóvel usado. O valor final do imóvel de
segunda ou terceira mão vai depender, então, de outros fatores - como a idade da
construção, a localização, a depreciação ou valorização do bairro. No imóvel
novo, apesar de pagar mais, não há gasto com reparos.
Antes de comprar um imóvel usado, é importante checar toda a parte elétrica e
hidráulica para ver se não há nenhum problema grave. Uma avaliação profissional,
seja de um engenheiro, arquiteto ou técnico em edificações, ajuda a evitar
surpresas desagradáveis no futuro.
Uma forma de dimensionar a real condição do imóvel novo é fazer um checklist com
todos os problemas (e também com o que você deseja mudar no imóvel) para saber
depois o quanto isto vai custar.
Esta é uma outra vantagem do imóvel usado, já que é possível perceber
rapidamente problemas como infiltrações de água. No imóvel novo, esses problemas
só serão perceptíveis com o passar do tempo.
Outra vantagem que uma casa ou apartamento usado tem é que, algumas vezes, a
propriedade já tem uma infra-estrutura montada com armários de cozinhas, o que,
normalmente, não acontece quando se compra um novinho em folha.
Do outro lado, muitos imóveis novos têm tecnologias de construção que não
existiam antes e que aumentam o conforto dos moradores. Muitos imóveis novos,
por exemplo, têm o sistema Shaft, que facilita a instalação de fiações e canos.
O Shaft é o popular “piso falso”, que evita furação de paredes e pisos e
facilita a manutenção. Alguns imóveis novos têm também sofisticados sistemas de
ar condicionado e aquecimento central.
Outro produto que tem sido adotado nos imóveis novos no Brasil são as janelas de
PVC. Com eficiente sistema de isolamento, evita-se a poluição sonora e as
variações de temperatura bruscas de fora.
Obviamente, ao mesmo tempo, em que você decide entre um imóvel novo ou usado vem
outra decisão importante: casa ou apartamento.
Como pagarHá várias opções de pagamento na compra de uma casa. A
seguir, vamos detalhar desde a compra à vista até o consórcio.
Para pagar à vista, é preciso uma quantia razoável de dinheiro acumulado, apesar
das vantagens financeiras, como você verá.
Quando você não tem o dinheiro à vista, há, no Brasil, três modelos principais
de financiamento, o empréstimo via banco ou imobiliária, o consórcio e o
financiamento do imóvel na planta ou em construção. A opção por uma ou outra
forma vai depender de vários fatores, veja qual o melhor modelo para você.
Pagamento à vista
Vários economistas dizem que a melhor maneira de comprar uma casa própria é
pagá-la à vista. O pagamento “in cash” de uma casa possibilita um desembolso bem
menor do que qualquer outro tipo de financiamento. Vamos às contas.
Supondo que você queira comprar um imóvel R$ 90 mil e que você possa poupar R$
1.300 por mês durante 60 meses, o equivalente a cerca de cinco anos. Com
persistência, você chega a esse valor no período estipulado, levando em conta os
juros da poupança (cerca de 6% ao ano), um dos menores do mercado. Se você optar
por um financiamento bancário para os mesmos R$ 90 mil, você terá que
desembolsar os mesmos R$ 1.300 durante 144 meses, ou 12 anos, já que os juros,
nesse caso, chegam a 12% ao ano, fora os encargos do financiamento.
Obviamente, poupar esta quantia por mês requer um bom rendimento (já que muitas
vezes a pessoa vai precisar continuar pagando o aluguel), além de uma disciplina
que algumas mãos mais soltas não conseguem. Assim, a grosso, o sonho da casa
própria com pagamento à vista tem seus prós e contras.
Pagamento à vista
Vantagem - evita-se a cobrança de
juros. A economia também proporciona a possibilidade de dar um boa
entrada, evitando-se um financiamento longo ou caro.
Desvantagem - não é possível fugir do aluguel, enquanto
se economiza o dinheiro. A administração financeira e a burocracia ficam
a seu próprio cargo. |
Financiamento bancário
Uma das formas de compra da casa própria que mais tem crescido no Brasil é o
financiamento bancário. Várias instituições têm facilitado os trâmites para que
a maioria consiga, seja por meio dos bancos propriamente ditos, seja pelas
imobiliárias. De qualquer modo, é interessante você dar entrada no processo de
financiamento durante o tempo que procura o imóvel, afinal, há um período de
tempo que você vai gastar para ajuntar a documentação necessária para aprovar o
crédito e conseqüentemente liberar a quantia a ser financiada. A principal
vantagem do financiamento é que tira o peso do aluguel e já pode morar no seu
imóvel.
Todo financiamento exige um montante mínimo para dar de entrada no imóvel, que
varia entre 20% a 30% do valor da casa que vai ser comprada. Os prazos para os
financiamentos variam de 5 a 30 anos. Os juros e taxas administrativas mudam de
banco para banco. O valor do imóvel é determinante para a variação da taxa de
juros. Os imóveis voltados para o consumidor de baixa renda têm uma taxa de
juros menor (cerca de 8% ao ano). O valor máximo destes imóveis fica entre R$ 80
mil a R$ 130 mil, dependendo da instituição. Os imóveis voltados para a classe
média têm taxas de juros maiores (12% ao ano). É bom lembrar que, além dos
juros, os bancos têm vários outros tipos de encargos como seguro e taxas
administrativas e a prestação pode chegar a um custo de 18% ao ano.
Quem deseja um imóvel acima de R$ 300 mil, os bancos usam a carteira
hipotecária como seguro contra o calote. É um instrumento legal, criado em 1954,
mas acaba aumentando os juros, geralmente, passando para 16% ao ano.
Tipos de prestação
Há pelo menos três tipos básicos de cálculo da
prestação: SAC, Prise e Prestação Fixa.
SAC - sigla para Sistema de
Amortização Constante. Nesse sistema, o comprador começa com prestações
altas que vão diminuindo ao longo dos anos, podendo chegar no final do
financiamento pela metade do valor. Essa prestação tem juros de 12% ao
ano, mais reajuste da TR (Taxa Referencial), que em 2006 no Brasil foi
de cerca 2% ao ano, e a correção monetária que é de um pouco mais 0,1%
ao mês.
Prestação Fixa - como o próprio nome diz, essa
prestação não muda de valor durante a todo o financiamento. Sua taxa de
financiamento (que é calculada em cima dos mesmos parâmetros da SAC)
acaba sendo de 18% ao ano.
Tabela Price - usada normalmente por construtoras, a
prestação pela tabela Price, contém a taxa de juros do mercado (11,5% em
julho de 2007). Também é fixa com a diferença que o reajuste é feito em
cima de índice que normalmente tem valores maiores como o IGP-M, índice
baseado na inflação do período. Em março de 2007, o IGP-M acumulado era
de 4,2% ao ano.
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Quanto menos tempo, melhor
Um dica importante para quem vai financiar um imóvel é que, quanto menos tempo
você ficar pagando o financiamento, menos dinheiro você vai desembolsar no final
da compra. As prestações podem ser aparentemente mais altas, mas o benefício é
maior.
A partir de simulações feitas em sites de bancos, por meio da modalidade
prestações fixas, é possível confirmar essa equação.
Um financiamento de 180 meses, ou 15 anos, tem uma prestação de 1,6% do valor do
empréstimo, mas no final você estará pagando 190% além do valor financiado. Se
você optar por um financiamento de 60 meses, ou 5 anos, a prestação fica maior (
2,5% do valor financiado), mas, no final, você terá pago 50% além do valor
financiado.
Financiamento da casa própria por
empréstimo bancário
Entrada - entre 20% e 30% do valor
do imóvel.
Prestações - não podem ultrapassar 30% da renda
familiar. Há três modelos de amortização da dívida (SAC, Price e
Prestações Fixas).
Juros - variam de acordo com o valor do imóvel.
Exemplos: cerca de 8% ao ano para casas de R$ 80 mil a R$ 130 mil,
dependendo do banco. Pelo menos 12% ao ano, para casas acima desse
valor.
Outros encargos - os encargos financeiros e
administrativos podem chegar a 6% ao ano.
Prazo de financiamento - de 5 a 30 anos.
Amortização - o devedor tem o direito de amortizar a
dívida quando quiser. O mais aconselhável é economizar uma boa quantia
para fazer. Pode-se abater diminuindo o prazo ou diminuindo do valor da
prestação.
Burocracia - depende do banco. Alguns aceitam apenas a
declaração do imposto de renda como comprovante de renda. O
financiamento no seu banco pode lhe oferecer facilidades por já ser
correntista, como isenção de taxas ou limite menor de entrada, além de
menos burocracia. Alguns, como a Caixa Econômica Federal (CEF), têm mais
exigências. Os prazos para análise de crédito são de 20 a 40 dias. A
liberação do dinheiro tem um trâmite de cerca de um mês. Os imóveis
também têm de ser vistoriado, o que é cobrado do comprador.
Outras burocracias - para legalizar o imóvel que se
está comprando, há um custo que pode variar de 4% a 7%.
Gastos extras - além das taxas de administração dos bancos e
financiadoras, você vai pagar seguros, fiscalização do imóvel,
documentação de transferência.
Prós e contras
Vantagem - sai do aluguel direto
para a casa própria. As opções de diminuição de prestações gradual. A
possibilidade, por exemplo, de comprar a casa que está morando, direto
com o proprietário.
Desvantagem - os custos são altos tanto pelos encargos
como pelos juros praticados. |
Cuidados a serem tomados nesse tipo de negócio
- Pesquise o passado do banco.
- Os encargos do financiamento devem ser analisados. Compare. Há sites que
ajudam você a perceber as vantagens e desvantagens.
- Ter conta no banco que você vai financiar pode trazer vantagens como
desconto nas taxas e facilidade na análise de crédito. Lógica aplicada se
você for um bom cliente.
Imóvel na planta ou construindo
Outra possibilidade de compra é o imóvel na planta ou sendo construído. Esta
é uma opção tanto para quem quer morar em um condomínio de casas como para quem
quer um apartamento novo. Quem aceita este tipo de financiamento, sabe que não
vai mudar agora. Quando se compra na planta, a previsão mais comum para receber
as chaves e abrir as portas do novo lar é entre dois ou três anos. Quando se
compra em construção, vai depender do andamento da obra. Nessa hora, preste
atenção se a maioria dos imóveis já está vendida. Se a resposta for positiva, é
sinal de que a obra já está paga e não tem risco de parar.
Outro perigo desse tipo de imóvel é que o preço estipulado pela construtora como
do valor do imóvel pode acabar sendo maior que o praticado pelo mercado, fique
atento.
Há algumas facilidades para quem compra um imóvel desses. Há prazos estendidos
para se dar a entrada até receber o imóvel. Mas quem paga aluguel deverá arcar
com duas despesas salgadas. Como no caso do financiamento dos bancos, este tipo
de crédito exige que as prestações não ultrapassem os 30% do rendimento mensal
da família.
Quanto mais longe o final da obra, mais facilitada a entrada e, muitas
construtoras dão descontos substanciais para quem opta por comprar na planta.
Normalmente, até a entrega das chaves, você já financiou entre 20% a 45% do
valor do imóvel, dependendo do tipo de empreendimento. É um ótimo negócio para
quem consegue acumular alguns ganhos extras durante o ano.
As prestações desses empreendimentos costumam ser baseados na tabela Price, mas
muitos corretores dão a opção de utilizar outros tipos de financiamentos
bancários.
Financiamento da casa
própria para projetos na planta ou em construção
Entrada - não é preciso
dar um percentual muito alto no começo do empreendimento. A primeira,
por exemplo, pode ser de 1,6% do valor estimado do imóvel. Você pode
programar os depósitos até a entrega da obra. Quando entre 20% e 45% da
obra estão pagas, entra o financiamento bancário. Obras de pequeno valor
costumam oferecer os prazos mais longos, de até vinte anos.
Prestações - não podem ultrapassar 30% da renda
familiar. A maioria começa a pagar mensalmente depois da entrega das
chaves.
Juros - variam de acordo com o valor do imóvel.
Exemplos: 6,5% a 8% ao ano para casas de R$ 80 mil a R$ 120 mil,
dependendo do banco. Entre 12% ao ano, para casas acima desse valor.
Outros encargos - os encargos financeiros e
administrativos podem chegar a 6% ao ano.
Prazo de financiamento - de 5 a 20 anos.
Amortização - o devedor tem o direito de amortizar a
dívida quando quiser. O mais aconselhável é economizar uma boa quantia
para fazer. Pode-se abater diminuindo o prazo ou diminuindo do valor da
prestação.
Burocracia - é uma das menores, já que você está
investindo com a construtora, mas é preciso comprovação de renda. Os
custos de escritura e imposto para conseguir legalizar a propriedade em
seu nome é de cerca de 4,5%.
Gastos extras - estão na escritura e nas taxas
administrativas.
Prós e contras
Vantagem - são sempre prédios
novos e com condomínio inicial baixo. Podem ser também um investimento
mais duradouro. Opção de aumentar ou diminuir cômodos de acordo com a
sua preferência, durante a construção.
Desvantagem - você precisa de um dinheiro extra se
também paga aluguel. Demora para receber o imóvel. |
Tome cuidado
- Pesquise sobre a construtora. O Brasil teve vários escândalos com
construtoras nas últimas décadas.
- Os encargos do financiamento devem ser analisados. Compare. Há sites que
ajudam você a perceber as vantagens e desvantagens.
- Visite outros empreendimentos da mesma construtora.
- Algumas construtoras podem atrasar a entrega da obra, pesquise. Se isso
ocorrer, exija seus direitos. Fique atento ao seu contrato para ver se ele
prevê alguma solução para atrasos ou mesmo a não entrega da obra.
- No contrato, exija a planta do imóvel, a relação do material a ser usado
na construção e um memorial descritivo da obra. Só assim, você poderá cobrar
pelo que não foi feito anteriormente.
Consórcio
Outra opção para se comprar a casa própria é investir em consórcios de
imóveis. O consórcio é a reunião de um grupo de pessoas físicas que cotizam o
valor de um bem. Sua dinâmica pressupõe investimentos de longo prazo. Há
consórcios de 5 a 15 anos. O contemplado recebe uma carta de crédito com um
valor para compra do imóvel. As empresas oferecem cartas de R$ 30 mil a R$ 200
mil.
Para ser contemplado, você pode esperar ser sorteado (são normalmente dois ou
três contemplados por mês) ou você oferece um lance, que normalmente é de 30% do
valor da carta, mais os custos da carta que podem chegar a 20% do total. Este é
o ponto que mais precisa ser pesquisado em um consórcio.
Nos consórcios não há juros, mas há taxas administrativas fazem você desembolsar
cerca de 20% a 30% a mais que o valor da carta. Quando você receber sua carta de
crédito, terá cerca de 6 meses para conseguir o imóvel para comprar.
Financiamento da casa
própria por meio de consórcio de imóveis
Entrada - não é preciso dar entrada. As quatro
primeiras prestações são mais altas porque embutidas algumas taxas
administrativas.
Prestações - não podem ultrapassar 30% da renda
familiar e são fixas.
Juros - não há juros, mas taxas administrativas,
que giram em torno de 20% a 30%.
Prazo de financiamento - 5 a 15 anos.
Lance - o lance pode ser feito a qualquer
momento e deve ser de pelo menos 20% do valor da carta. Quanto maior o
lance, maior a chance de ganhar. Se você não é contemplado, você não
perde o dinheiro.
Amortização - o devedor tem o direito de
amortizar a dívida com várias parcelas. O mais aconselhável é economizar
uma boa quantia para fazer. Pode-se abater diminuindo o prazo ou
diminuindo o valor da prestação.
Burocracia - além da comprovação de renda e
análise de crédito, o banco cobrará taxa para fiscalização do imóvel. Os
custos de escritura e imposto variam de 4% a 7%.
Gastos extras - a carta pode custar 20% a mais,
por causa de taxas como as de vistoria do imóvel, administração do grupo
etc.
Prós e contras
Vantagem - chances de antecipar o investimento.
Você pode comprar qualquer tipo de imóvel e normalmente em todo o País,
sem necessariamente ter residência na cidade.
Desvantagem - você precisa de um dinheiro extra
se também paga aluguel. Pode correr o risco de não ser contemplado
rapidamente. |
Tome cuidado
- Pesquise sobre a idoneidade da empresa de consórcio.
- Os encargos são altos e devem ser cuidadosamente analisados. Compare. Há
sites que ajudam você a perceber as vantagens e desvantagens.
- Lembre-se que você pode correr o perigo de ser o último contemplado.
Veja um exemplo de rateamento do consórcio:
Valor do
empréstimo |
Número de prestações |
Valor da prestação em
relação ao valor do empréstimo |
Porcentagem paga a
mais que o valor do empréstimo |
Valor da entrada |
150 mil |
99 |
1,2% |
cerca de 30% |
Pelo menos 25% do
valor do imóvel |
Como usar o FGTS?
Para praticamente todas as opções de compra da casa própria, existem a
oportunidade de usar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. É possível
retirar todo o valor depositado ou parte dele. Se você é casado os dois podem
usar os recursos.
No caso dos financiamentos bancários, é possível usar o FGTS como parte da
parcela para recebimento das chaves ou como forma de abatimento durante o
pagamento das prestações. Contudo, nem todos os imóveis na planta ou em
construção dão a opção do uso do FGTS. É o caso dos que usam carteiras
hipotecárias como garantia. Essa modalidade é normalmente usada para imóveis com
valores acima de R$ 300 mil.
Nos consórcios, você pode usar seu Fundo de Garantia como parte do lance para
conseguir a carta de crédito. No pagamento à vista, ele vai ser somado ao que
você já tem.
Há, no entanto, alguns limites para a retirada do FGTS para a compra de um
imóvel. Veja quais são:
- Só pode ser usado por quem ainda não tem um imóvel em seu nome ou do seu
cônjuge no município onde mora e nos municípios limítrofes.
- O tempo mínimo de recolhimento é de três anos para se ter direito ao
benefício.
- Não pode ser usado para reformas ou ampliações de imóveis.
- Não pode ser usado para compra de imóvel comercial ou terreno. Não pode
ser usado para compra de imóveis para lazer como sítio ou casas de praia. A
exceção é quando o imóvel estiver no município ou nos municípios limítrofes
aonde o comprador reside ou trabalha há mais de um ano.
Se você tem um imóvel e quer comprar outro, você pode vendê-lo e depois pedir
o resgate do FGTS para completar a compra do novo. Mais informações sobre o
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço pode ser conseguido no site da Caixa
Econômica Federal.
Cuidados com documentos e contratos
Uma importante fase na compra de uma casa é a análise dos documentos
referentes ao imóvel e aos proprietários (que em caso de imóveis novos são as
incorporadoras e construtoras). Cuidados como verificar se o IPTU e o condomínio
estão em dia é um bom caminho.
No caso de uma construtora é bom pesquisar a empresa, visitando outros
empreendimentos e procurando notícias sobre reclamações em órgãos de Direito do
Consumidor como o Procon. Quando chegar a hora de receber as chaves, procure
verificar se o Habite-se, um documento que garante que o imóvel é seu, está ok.
O contrato deve prever situações de desistência, multas para casos específicos e
prazos. É preciso haver uma cláusula que garanta a devolução do sinal (quando
ele é pedido) em caso de problemas com a documentação. No caso das construtoras,
garantias se a obra atrasar ou mudar o projeto original.
No caso de consórcios, é importante verificar o que acontece se houver a
dissolvência do grupo. Exija seu dinheiro de volta.
Em todos esses casos, se você, por algum azar ou imprevisto, não poder pagar
parte dos compromissos, procure o banco e negocie as parcelas, estique o prazo,
por exemplo.
Contrato de gaveta
Apesar de comum no mercado imobiliário, o contrato de gaveta é uma
alternativa arriscada. Esse tipo de contrato serve para quem quer comprar um
imóvel já financiado ou não está dentro das condições exigidas pelos bancos.
Esta transação exige confiança entre os envolvidos, já que o documento não pode
ser registrado em cartório.
Na prática, o documento transfere para o comprador a responsabilidade pelo
pagamento das prestações do financiamento. Isto é, o novo proprietário paga as
parcelas como se fosse o mutuário. Vale salientar que a transferência de
propriedade só poderá ser feita quando o imóvel estiver quitado. O comprador
deve estar atento às regras de financiamento utilizadas na compra do imóvel.
Principalmente no que diz respeito às formas de reajuste das prestações.
Qual a melhor escolha?Depois de todas essas informações sobre o tal sonho da
casa própria é possível ver que nenhum dos caminhos é muito fácil para a
população brasileira, que sofre com os juros altíssimos e uma renda mensal muito
baixa.
As sugestões mostradas são os caminhos possíveis atualmente, mas para você ter
certeza de qual a melhor escolha para a compra da sua casa própria é preciso
queimar muito neurônio na frente da calculadora e muita sola de sapato para
achar o imóvel. Depois é só curtir a sua churrasqueira, a paisagem na varanda, a
cozinha planejada....