A psicóloga e psicoterapeuta Clarice Barbosa explica que existem dois tipos
de insegurança. Uma delas é a momentânea e acomete os indivíduos em situações de
mudanças ou novos desafios. Por exemplo, quando ele consegue um emprego novo, é
promovido ou recebe mais responsabilidades.
Há, no entanto, aquelas pessoas que se sentem inseguras sempre, porque não
confiam em sua capacidade, mesmo tendo formação, especialização, títulos ou
vasta experiência no mercado. "Esse profissional precisa de reconhecimento
contínuo por parte dos superiores, o que, muitas vezes, não acontece", conta
Clarice.
Ninguém é sempre seguro de si
A especialista garante que ninguém se sente 100% seguro. Nem mesmo o homem mais
rico do mundo. "É natural sentir medo e insegurança". O problema é que alguns
profissionais acabam paralisados e, por isso, fogem de novos desafios, o que
acarreta a perda de inúmeras oportunidades na carreira e a dificuldade de se
sentir satisfeito tanto em âmbito pessoal quando profissional. "Esses indivíduos
sempre buscam a zona de conforto e uma segurança no emprego que é ilusória,
idealizada".
De fato, nos dias de hoje, toda segurança com relação ao trabalho é fantasiosa,
uma vez que há anos não existe mais uma relação matrimonial entre empregado e
empresa. Ao tomar decisões, o empresário visa ao lucro e à sobrevivência no
mercado.
Pessoas com baixa auto-estima que se mostram inseguras quase o tempo todo,
independentemente das situações que se apresentam no trabalho, precisam
trabalhar sua segurança emocional de forma contínua. Essa insegurança "inerente"
a alguns profissionais tem a ver com a criação na infância, de acordo com a
psicóloga. "Crianças que são reforçadas positivamente nas atividades que
desenvolvem crescem mais confiantes", exemplifica.
Dicas para contornar a insegurança
Clarice dá algumas dicas simples para dar a volta por cima. A primeira delas é:
assuma suas fraquezas e tenha consciência do que precisa melhorar.
"Uma das coisas que ajuda muito é sempre fazer um levantamento de sua carreira e
se perguntar o que faz melhor. Para tanto, recomendo elaborar um outro
currículo, um pessoal, que inclua suas capacidades, aptidões e o quanto se
desenvolveu até agora. Geralmente, quem tem baixa auto-estima já olha pelo lado
negativo e começa a se desvalorizar e fazer comparações com colegas e
conhecidos", sublinha.
Segundo a psicoterapeuta, todos precisam entender que o mercado sempre será
competitivo, daí a importância de focar no que tem mais facilidade e no que
gosta mais. Além disso, é preciso buscar se desenvolver, por exemplo, fazendo um
curso de especialização. "O profissional deve questionar: o que posso fazer para
acreditar mais em mim?".
Faça sua própria avaliação de desempenho
Outra dica é não esperar a avaliação de desempenho da empresa e elaborar seu
próprio relatório, com o objetivo de trabalhar a ansiedade e o grau de exigência
que tem sobre si mesmo. "A insegurança está muito ligada à ansiedade. Às vezes,
a ansiedade é tão alta que o indivíduo não nota quantas coisas já consegue fazer
de forma bem-sucedida nem o quanto cresceu profissionalmente. Mas ele também não
pode esquecer de assumir o que de fato precisa melhorar".
Na hora de receber críticas, dada a possibilidade de seu chefe ser tão inseguro
quanto você, saiba separar o que é crítica construtiva e o que não significa
nada. "Quando o próprio líder é inseguro, é importante filtrar as informações e
se perguntar até que ponto a crítica é real. Além disso, é necessário se
fortalecer para receber críticas que algumas vezes são necessárias".
Dominar a insegurança é vital também para as relações profissionais. Explica-se:
a pessoa insegura tende a fazer comparações e, como a competição é reforçada em
nós desde que somos crianças, ela pode acabar sentindo inveja de um colega e
promovendo boicotes, às vezes, sem perceber. "Ela deve aprender a focar em si
mesma, em suas fraquezas e pontos fortes. Não pode estar centrada no outro, pois
acaba se nivelando e deixando de crescer profissionalmente".