Além dos erros que todos os investidores cometem, independentemente da
modalidade na qual aplicam, existem aqueles específicos do mercado de renda
fixa.
De acordo com o diretor de investimentos da Safdié Gestão de Patrimônio,
Otávio Vieira, entre os principais erros cometidos por este público, está pensar
que a renda fixa é realmente uma garantia de um retorno fixo todo mês. Puro
engano.
O consultor financeiro certificado da Novinvest, Silvio Paixão, concorda: “As
pessoas têm uma visão errada do que é a renda fixa, porque denota que a renda é
fixa pelo nome. Mas, na verdade, o rendimento é negociado. São estabelecidas as
condições e o investidor aceita uma determinada remuneração por um prazo”,
explicou ele.
Existe risco?
Outro equívoco cometido é o de pensar que renda fixa não está relacionada a
risco. Pois ele existe, já que podem acontecer até perdas neste mercado.
Vieira exemplifica com um investimento pré-fixado com rentabilidade de 12,5%
ao ano. “Se o ativo [que a modalidade acompanha] sair de 12,5% para 13% ao ano,
o investidor pode ter perda temporária. Os movimentos do mercado influenciam a
renda fixa”. Outro risco do mercado acontece se o investidor vender o ativo
antes do período estipulado, quando ele não terá aquela rentabilidade que foi
acordada no início.
O diretor de investimentos disse ainda que existe risco em função de outros
ativos que compõem aquela modalidade de renda fixa, como o que acontece com os
FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), que nada mais são do que
fundos de renda fixa com títulos que representam receitas futuras de uma
empresa.
“Por mais que conte com proteção - porque existe cota sênior e subordinada e,
se tem problema de inadimplência, afeta primeiro a subordinada e depois a
sênior, que vai para o mercado -, tem risco. Isso já aconteceu no Brasil”,
explicou Vieira. Se as receitas futuras da empresa não se consolidam, o
investidor fica sem seus recursos.
Existe risco, de acordo com Vieira, também no que diz respeito aos títulos
privados. “Houve problema no Brasil também com o CDB (Certificado de Depósito
Bancário) do banco Santos e de fundos DI que tinham esses CDBs. Às vezes, o
cliente acha que porque o fundo é grande e de banco comercial, não tem risco”.
Paixão, da Novinvest, resume os riscos da seguinte forma: “A renda fixa tem
risco de crédito, tem o risco de mercado – que é flutuação da taxa de juro e que
se materializa quando tem venda antecipada – e tem risco tributário – se o
investidor fez investimento por 2,5 anos, a alíquota é de 15%, mas se tiver
emergência e tiver que resgatar, a alíquota vai ser maior”.
Erros que todos cometem
De acordo com Paixão, existem erros que são cometidos por qualquer
investidor, independentemente da modalidade na qual está alocado. Confira
abaixo:
- Fazer perguntas inadequadas: O que está rendendo mais? Se fosse você,
onde colocaria? Segundo Paixão, falta responsabilidade quanto ao próprio
patrimônio. “Só você pode fazer a escolha. Tem de fazer a pergunta 'Como
vocês enxergam o cenário', para fazer uma análise e tomar a decisão”.
- Não ter plano de investimento que leve em consideração as finanças
pessoais: o que pretende com esse investimento? “As pessoas não fazem esse
exercício”.
- Não pesquisar as opções disponíveis para um mesmo nível de risco: “As
pessoas não olham as outras modalidades e não monitoram os próprios
investimentos”.