Ações / Bolsa de Valores - Contrato futuro: entender o seu funcionamento é mais simples do que parece
Comprar ou vender bens e serviços no mercado à vista é algo
bastante intuitivo para qualquer um. No entanto, quando se trata do
funcionamento dos contratos futuros, muitas pessoas mostram certa dificuldade
para o seu completo entendimento.
Apesar da aparente barreira à compreensão destes mercados, a lógica de um
contrato futuro é bastante simples: trata-se de um compromisso de comprar ou
vender determinado ativo numa data específica do futuro, por um preço
previamente estabelecido. É importante observar que o investidor poderá vender
um contrato que tenha comprado antes da data do seu vencimento.
Diferenças em relação ao mercado a termo
Outro mercado de derivativos que permite ao investidor realizar uma operação no
futuro com preço previamente estabelecido é o mercado a termo. No entanto,
existem diversas diferenças entre as duas modalidades.
Em primeiro lugar, os contratos futuros precisam ser negociados em uma Bolsa de
Valores, de forma que as duas partes, o comprador e o vendedor deste contrato,
não precisam se conhecer, já que a própria Bolsa dá garantias de que o contrato
será honrado.
Além disso, as Bolsas determinam características padronizadas destes contratos,
para evitar problemas caso a entrega física, que pode ocorrer quando da data de
vencimento do contrato, seja necessária. Vale lembrar que apenas uma pequena
minoria dos contratos futuros tem liquidação física, com a liquidação financeira
sendo a mais usada.
Além disso, o contrato é negociado com diferentes datas de entrega, geralmente o
período de um mês, ao contrário do termo, que apresenta data única. Por fim, as
diferenças de preço são ajustadas diariamente, através do mecanismo de margens,
que será descrito em mais detalhes abaixo.
Onde negociam?
No Brasil, os contratos futuros são negociados na BM&F (Bolsa de Mercadorias &
Futuros), que oferece diversos tipos de contratos de renda fixa e também
variável, sendo os mais negociados deles o contratos de DI de um dia. Também
aparecem com destaque os contratos futuros de dólar, do índice Bovespa, e de
diversas commodities, entre elas soja,
milho, algodão, etc.
Uma das principais funções da Bolsa é organizar o mercado e as operações, de
modo a minimizar a taxa de inadimplência dos contratos. É neste ponto que ganham
importância as margens de garantia, que devem ser depositadas pelo investidor no
momento da realização da operação, e os ajustes diários.
Ajustes diários
A existência dos ajustes diários talvez seja a característica mais particular e
importante dos contratos futuros. Ela permite a liquidação financeira diária de
lucros ou prejuízos das posições. Desta forma, se um investidor comprou um certo
contrato futuro e, em determinada data, o seu preço caiu, isto significa que ele
terá de realizar um depósito neste dia, de forma a compensar a sua perda.
Este procedimento é conhecido também como ajuste ao mercado, ou marking to
market, em inglês. Deste modo, o risco para a Bolsa acaba sendo reduzido,
uma vez que qualquer diferença desfavorável ao vendedor ou comprador seja
compensada de forma gradual, sem a necessidade de ajuste apenas no último dia,
como no caso do mercado a termo.
Convergência do preço futuro para o preço à vista
De uma maneira geral, ao se aproximar a data do vencimento do contrato futuro, o
preço futuro deverá convergir para o preço do ativo base no mercado à vista,
caso contrário haveria espaço para arbitragem.
Imagine uma situação em que, no dia do vencimento, o preço futuro esteja acima
do preço à vista, por exemplo. Um investidor poderia vender o contrato futuro e
comprar o ativo, auferindo nesta situação um lucro certo, que corresponderia à
diferença entre o preço futuro e o preço à vista.
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