Imóveis - Perdas com material encarecem preço final de imóvel em 10%
A construção de um imóvel sem ajuda de um profissional capacitado e sem
planejamento pode encarecer em até 10% o valor final, devido ao desperdício de
materiais, segundo afirmou o professor da Faculdade de Engenharia da UERJ
(Universidade do Estado do Rio de Janeiro), José Abrantes.
"Os materiais têm um peso muito grande no preço dos imóveis, que podem ficar 10%
mais caros com o desperdício. No caso de piso e ladrilhos, a perda pode chegar a
20% dos materiais", afirmou. O principal motivo para o fato, de acordo com o
professor, é a falta de escolaridade e de treinamento específico da mão-de-obra
contratada.
Abrantes ainda disse que o desperdício está enraizado na cultura brasileira, já
que o país nunca passou por restrições devido a guerras, grandes catástrofes ou
desastres naturais.
Contraposição
Já para Yves Mifano, do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), não é possível medir
quanto uma pessoa desperdiça de material em uma obra. "A primeira sugestão que
dou é para a pessoa leiga não tentar construir sozinha", afirmou, completando
que, sem a ajuda de um profissional habilitado, com certeza terá desperdícios
grandes.
Ele ainda disse que, no caso das construtoras, que envolvem pessoas capacitadas,
as perdas variam de 3% a 5%. Esta despesa, porém, não é inclusa no preço final
do imóvel. "O valor de venda do imóvel é definido pelo mercado, pelo custo do
metro quadrado da região em que ele está. Se a empresa desperdiçou mais ou
menos, o prejuízo vai para ela", afirmou. O custo do desperdício afeta o
resultado da empresa, mas não muda o preço de mercado.
Sobre o fato de as pessoas construírem sozinhas, Mifano afirmou que as maiores
perdas se dão em materiais de acabamento e em cimento, quando o indivíduo
resolve preparar o concreto e não sabe as proporções adequadas. "Ou pega uma
pessoa despreparada para fazer, e esta pessoa acaba consumindo muito mais do que
o necessário".
Outra sugestão dada por ele é que as pessoas contratem projeto de estrutura,
hidráulica, elétrico e tudo o que for possível. "Em projeto, não pode fazer
economia".
Explicações
De acordo com Maurício Bianchi, do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da
Construção Civil do Estado de São Paulo), há 20 anos, falava-se em desperdício
de cerca de 30% na construção civil, proporção que caiu para 15% há dez anos e
que continua em queda.
"Mas existe o desperdício na construção formal e na informal. A formal é quando
tem projeto, tecnologia e uma planta. A informal é feita pela pessoa por conta
própria. Na informal, o desperdício é muito maior".
Ele disse ainda que a pessoa física pode chegar facilmente a um desperdício de
20% com material de construção. Para evitar isso, Bianchi indica a contratação
de engenheiros e arquitetos.
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