Um estudo realizado com profissionais norte-americanos mostrou que aqueles
considerados não tão ‘agradáveis’ recebem mais do que os ‘agradáveis’, ou seja,
que possuem um perfil mais solicito, colaborativo e simpático dentro das
organizações.
O levantamento, que tentou compreender se os indivíduos com perfil mais
colaborativo são mais ou menos valorizados em termos salariais foi elaborado
pelos professores Timothy A. Judge, da Universidade de Notre Dame do estado de
Chicago, Beth Livingston, da Universidade de Cornell do estado de Nova York, e
Charlice Hurst, da Universidade of Western Ontario, no Canadá. O resultado
indicou que tanto entre as mulheres quanto entre os homens, mesmo que as pessoas
preferiram trabalhar com profissionais simpáticos, eles acabam ganhando menos do
que os ‘implacáveis’.
Apesar da pesquisa ter observado apenas profissionais norte-americanos,
quando olhamos para a realidade brasileira, a situação não é tão diferente. O
que acontece, conforme avalia o coordenador de consultoria da Ricardo Xavier
Recursos Humanos, Samuel Artus, pessoas que valorizam, acima de tudo, a
remuneração, tendem a ter um perfil mais rígido e focado em resultados,
portanto, acabam ganhando mais.
Desviando o foco
A grande questão levantada pelo estudo é que, apesar dos empregadores
valorizarem pessoas simpáticas e colaborativas, eles ainda preferem, antes de
tudo, aqueles que entregam resultados. É possível inferir, portanto, que ser
simpático ou agradável não vai ajudar a destacar o profissional se ele não
mostrar resultados.
Os profissionais que estão sempre dispostos a ajudar, apesar de serem
valorizados entre os colegas de trabalho, acabam muitas vezes desviando o foco
do seu próprio trabalho e acumulando para si tarefas que fogem de suas
responsabilidades. O resultado disso será ótima reputação entre os colegas, mas
avaliação negativa perante os superiores.
Harmonia entre valores
Artus ainda pondera que, apesar dos dados do estudo, para o profissional se
destacar e ter sucesso na carreira é preciso que haja uma harmonia entre os seus
valores e os da empresa em que atua. Na prática, se uma empresa tem uma cultura
altamente competitiva e estimula constantemente a competitividade entre os seus
gestores, sem dúvida os profissionais marcados por um perfil focado em
resultados e, portanto, pouco colaborativos, serão mais valorizados.
Se, por outro lado, a cultura da empresa mostrar que o valor prioritário é a
colaboração, os profissionais mais rígidos não serão tão bem avaliados, podendo
até ser preteridos na hora de uma possível promoção. “Há pessoas que são
apaixonadas por competitividade, e outras que simplesmente não conseguem
trabalhar em um ambiente assim, logo, para ter sucesso, é preciso que os valores
entre a empresa e o profissional combinem”.