Investir no desenvolvimento de colaboradores, tornou-se quase que uma regra
para as organizações que desejam sobreviver ao acirrado mercado globalizado. No
dia-a-dia corporativo, já virou rotina a realização de cursos e treinamentos que
visam a capacitação profissional. No entanto, em alguns casos, um fator tem
deixado de ser levado em consideração pelos organizadores desses eventos: o
local onde serão realizados.
Pesquisa realizada, recentemente, pelo Instituto Avançado de Desenvolvimento
Intelectual (IADI/São Paulo) mostrou que uma ambientação adequada é essencial
para que o público possa se concentrar e principalmente, assimilar o que está
sendo exposto. "No geral, empresas e profissionais escolhem um curso levando em
conta apenas o tema de interesse, o currículo do instrutor ou o status da
instituição responsável, esquecendo-se o tipo de palco do evento que é tão
importante quanto o conjunto instrutor/conteúdo", comenta Dieter Kelber,
diretor-executivo do IADI.
Segundo Kelber, antes de promover algum treinamento o profissional de
Recursos Humanos deve considerar algumas variáveis. Quando o assunto em questão
é a realização de um curso/treinamento, que pressupõe uma grande transferência
de conhecimento, é importante que o local escolhido permita uma concentração
total dos participantes em relação à atuação do instrutor. As pessoas,
complementa o diretor-executivo do IADI, devem chegar ao local e perceber que
vão participar de uma aula, um treinamento e não meramente assistirem a uma
"troca de cartões".
É importante que o local escolhido também "cheire" a ensino, a conhecimento,
sem que se perca, no entanto, o conforto, o layout agradável e moderno. "Também
é fundamental que os equipamentos necessários, como datashow, sejam fixos,
permanentes, evitando-se assim que improvisos de última hora possam complicar o
transcurso do evento", ressalta Dieter Kelber.
Para evitar a dispersão dos treinandos, é fundamental que a coordenação do
treinamento observe o espírito dos participantes em relação ao que lhes foi
proposto. Quando de antemão, os treinandos sabem que o ambiente escolhido é uma
instalação acadêmica, provavelmente eles esperarão receber conhecimentos nos
quais terão que se concentrar. Por outro lado, se o local escolhido como palco
for um hotel, isso poderá levá-los a associar o treinamento às boas comidas, ao
conforto e até mesmo à diversão.
"Acreditamos também que um excesso de alunos numa sala de aula, com mais de
30 pessoas, contribua para uma dispersão, uma vez que dificilmente o professor
conseguirá comunicar-se com todos, de forma a mantê-los concentrados. Numa sala
pequena, as pessoas acabam controlando umas às outras de modo que o curso corra
sem grandes perturbações. As pessoas se sentem constrangidas de ficar entrando e
saindo, por exemplo. Diferentemente de um grande auditório", comenta.
Quanto às estratégias para se conduzir um treinamento, Dieter Kelber defende
que os facilitadores e os instrutores devam dominar técnicas pedagógicas de modo
a envolver todos os participantes. Por outro lado, isso não é uma tarefa fácil,
uma vez que os participantes captam as mensagens de formas distintas e se
concentram de várias maneiras.
Ele menciona ainda que trabalhos em grupo, tarefas para serem resolvidas em
casa e estudos dirigidos devem fazer parte das metodologias de ensino. Além
disso, também é importante introduzir novos conhecimentos, usar ferramentas
inovadoras e mostrar o lado prático do aprendizado. "Temos visto muitos cursos
que não passam de apresentações. Não entram na profundidade e nem na
complexidade dos assuntos, associando-os com o lado prático aplicativo. É
importante que os facilitadores tenham o domínio das ferramentas pedagógicas",
complementa o diretor-executivo do Instituto Avançado de Desenvolvimento
Intelectual.
Então, qual seria o local mais apropriado para se realizar cursos e
treinamentos? Quando questionado sobre isso, Dieter Kelber defende que os locais
ideais, seriam aqueles que combinam salas de aula equipadas com carteiras
escolares apropriadas e equipamentos modernos, com espaços para os "coffee
breaks" separados, ou seja, com espaços reservados que evitem que outras pessoas
que não estejam participando do evento, misturem-se com os participantes.
"O espaço do coffee break não pode ser dentro de uma sala de aula, nem tão
pouco num hall de circulação. É importante que todo ambiente denote um conforto
e facilidades necessárias, para que os participantes sintam-se motivados a
absorverem, com bastante intensidade, os conhecimentos que serão ministrados. Os
participantes devem vislumbrar a existência da biblioteca, de local de
pesquisas. A mesma situação é válida para espaços de treinamentos dentro das
empresas. Devem seguir os mesmos critérios", finaliza Kelber.