Para alguns, ser aprovado em um concurso público não é o problema. A grande
questão é segurar a ansiedade enquanto espera ser convocado para tomar posse do
cargo. Na euforia de ver o nome na lista, contudo, esse sentimento pode aumentar
e fazer com que os futuros servidores públicos tomem decisões que os
prejudiquem, na vida profissional e financeira. Afinal, o que fazer entre o
resultado e a posse?
O primeiro passo é deixar a euforia um pouco de lado e refletir. Isso porque
esse período pode ser curto para alguns, mas longo para outros. “Vemos casos de
pessoas que esperam por dois anos e há casos mais drásticos em que elas nunca
são chamadas”, comenta o consultor de Coaching da Ricardo Xavier Recursos
Humanos, Jonas Tokarski.
“A convocação não gera direito adquirido para ninguém”, lembra o professor da
Central de Concursos, José Custódio. “O candidato não está com a vaga ainda e,
por isso, não deve adotar atitudes como deixar o emprego atual”, recomenda o
professor.
Processo
De acordo com Custódio, o tempo médio para a convocação pode variar de
acordo com o órgão. Antes disso, depois de 60 dias, em média, após o resultado
do concurso, o candidato é chamado para a homologação, para realizar exames e
apresentar documentação.
Depois disso, ele é nomeado. Mas a posse só é feita mesmo quando o nome do
candidato é publicado no Diário Oficial. O professor explica que, após a
nomeação, o candidato ainda tem 30 dias para tomar posse do cargo. Por isso,
deixar o emprego atual é um risco. “Antes da nomeação, existe um risco, porque
mesmo depois da homologação pode haver uma demora”, diz o professor.
Ele mesmo teve de esperar. Prestou concurso para agente da Polícia Civil da
capital paulista. A homologação foi em fevereiro de 2001. Mas Custódio só foi
nomeado em novembro. “Se eu tivesse me precipitado, poderia ter ficado em
péssima situação”, lembra.
Para Tokarski, até avisar o líder atual sobre a aprovação pode ser um risco.
“Sempre é bom avisar a empresa. Mas e se a pessoa demorar muito a ser chamada?”,
questiona.
Balanço financeiro
“É bem comum a pessoa ficar confusa quando é aprovada”, comenta Tokarski.
“Não sabemos qual é o pior período, se é o que precede a prova ou aquele depois
dela”, diz. “O período após a aprovação é uma fase difícil”. Mas, mesmo com
tanta confusão, a razão deve superar a emoção. Para os que querem deixar o
emprego, é melhor fazer um balanço da vida financeira antes.
Cristiane Crisp Martins Ribeiro, de 24 anos, não precisou fazer esse balanço.
Mas também não se precipitou. Formada em Enfermagem pela Unicamp, a estudante
prestou e passou no concurso para a enfermaria da Prefeitura de Campinas. “O
resultado saiu no dia 30 de abril e fui convocada no dia 2 de junho”, conta. A
posse só foi realizada no dia 30 de junho deste ano.
Durante esse período, a jovem contou com a ajuda da família. “Não precisei me
preocupar com a questão financeira”, diz. A única ação adotada por Cristiane foi
enviar currículos para faculdades de saúde. “Só para tentar mesmo, seria um
vínculo temporário. Não queria assumir compromisso nenhum”, relata.
Cristine só adotou essa postura porque contava com o apoio financeiro da
família e porque estava bem informada sobre os processos do concurso que
prestou. Uma medida recomendada pelos especialistas ouvidos. “O candidato deve
acompanhar os atos internos do concurso”, afirma Custódio.
“Acho que esse candidato que quer deixar o emprego deve ter uma reserva
financeira para se manter nos próximos três, quatro meses”, reforça o professor
da Central de Concursos. Sem recursos, é melhor manter a rotina de sempre, até a
garantia da posse. “Ficar no trabalho é mais seguro”, reforça Tokarski.
Se, no fim das contas, o candidato tiver condições de deixar o emprego, a
recomendação é aproveitar o tempo livre para se aprimorar. “Esse é o momento
para ele realizar atividades que antes não conseguia”, afirma Custódio. Para
Tokarski, consultor da Ricardo Xavier, esse período é o ideal para buscar
informações sobre a futura área de atuação.