Investimentos / Fundos - Por que alguns investidores ainda resistem em aplicar em fundos?
Enquete realizada pela InfoMoney no começo de junho mostra certa reticência
por parte de alguns em aplicar em fundos de
investimento. Dos 2.244 usuários que responderam à pergunta: "Qual sua
alternativa favorita em fundos de investimento", 252 (11,23% do total) afirmaram
não fazer aplicações deste tipo.
O que estaria por trás da resistência de muitos investidores a esta forma de
aplicação?
Custo monetário
De forma óbvia, o primeiro motivo estaria associado à cobrança de taxa de
administração, que reduz o ganho líquido do cotista. Desta forma, o investidor
mais experiente e conhecedor do funcionamento do mercado de capitais escolheria
aplicar diretamente em determinados ativos, sem, portanto, precisar arcar com
este dispêndio adicional.
É interessante notar que esta recomendação aplica-se somente aos investidores
mais experientes. Caso seu conhecimento sobre o mercado não seja muito amplo,
mesmo pagando as taxas de administração cobradas pelos fundos, seu retorno final
pode ser melhor.
Outros problemas
Mas as taxas de administração estão longe de ser a única barreira aos fundos de
investimento. Ao longo dos últimos anos, vem ganhando espaço na literatura a
abordagem da Teoria da Agência ao caso dos fundos de investimento.
E do que se trata esta linha de pesquisa? Basicamente, a Teoria divide os
indivíduos em agente e principal. Neste caso, o cotista (principal) entrega seu
dinheiro a um gestor profissional (agente), que passa a ser responsável pelas
decisões de investimento.
Ou seja, o principal delega ao agente a capacidade de decidir a respeito do que
fazer com o seu dinheiro. E é justamente neste momento que se dá a emergência do
potencial problema.
Conflito de interesses
Isso acontece pela existência de um possível conflito de interesses entre o
cotista e o gestor do fundo. Em um primeiro momento, tem-se a idéia de que os
administradores de recursos deveriam buscar a maximização da riqueza dos
investidores. Contudo, muitas vezes, maximizar o ganho do gestor não é um
processo em conformidade com proporcionar o maior lucro possível ao cotista.
Cotistas e gestores possuem diferentes metas e atitudes distintas com relação a
risco. Como o gestor administra recursos de terceiros sem correr riscos, seus
esforços podem estar em desarranjo com o interesse dos cotistas.
Informação incompleta
Indo mais além, a adversidade é agravada pela assimetria de informação. O agente
(no caso, o gestor do fundo) possui um acesso mais amplo às informações, podendo
controlar quais dados chegam ou não ao principal (cotista).
Assim, o investidor não consegue monitorar todas as ações do gestor, de modo que
as decisões tomadas podem diferir daquelas preferidas pelos cotistas, explicando
a reserva de parte do mercado com relação aos fundos.
Ressalva
Antes do final, uma ponderação. Não se tratou aqui de minimizar a atratividade
dos fundos de investimento. Esta forma de aplicação pode ser muito interessante,
sobretudo aos que têm pouca familiaridade com a lógica dos mercados financeiros.
No entanto, alguns aspectos, por vezes negligenciados, também devem ser levados
em consideração quando da tomada de decisão de se aplicar nesta categoria de
investimentos.
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