Finanças pessoais - Dicas para passar o ano "no azul"
Não é preciso esperar a meia-noite de 31 de dezembro para prometer que em 2007 o
gerenciamento do seu bolso vai mudar para melhor. Quem entende de finanças
pessoais garante que a hora de planejar a vida financeira para o ano que vem é
agora, antes que todo o 13.º salário se converta em presentes e artigos
natalinos ou em uma viagem de ano-novo.
Ainda dá tempo de pensar bem em tudo que se tem para pagar e definir
prioridades, para impor limites nos gastos e traçar um planejamento para o ano
todo. “O dinheiro adicional permite planejamentos mais consistentes”, recomenda
o especialista em finanças Flávio Panhoni, da Faculdade de Informática e
Administração Paulista (Fiap).
Começando cedo, os endividados têm mais chance de sair do vermelho e aqueles que
não estão atolados em contas atrasadas, mas gastam tudo que ganham, podem
encerrar o próximo ano com folga no orçamento e até uma poupança. Confira
algumas dicas para garantir um 2007 no azul.
1 - Anote todos os gastos ao longo do mês
Esta é uma unanimidade entre os gurus do planejamento financeiro pessoal. Só
sabendo exatamente em que se gasta é possível descobrir como o dinheiro vai
embora tão facilmente da conta corrente. “Muitas vezes a forma como as famílias
gastam o dinheiro tem pouco a ver com o que realmente consideram importante. Mas
elas não percebem isso porque não anotam todos os gastos”, afirma o coordenador
do Centro de Estudos de Finanças Pessoais e Negócios (Cepife), Marcos Silvestre.
A orientação é que primeiro a pessoa faça uma estimativa, procurando colocar no
papel tudo que gasta por mês. Depois, ao longo das semanas, anote todos os
gastos, inclusive compras miúdas como chicletes e cafezinhos, para fazer a
comparação. “Qualquer classe social tem pelo menos 10% de gordura nos gastos. É
preciso descobrir em que se gasta antes de fazer cortes. Se não, se reduz
despesas no desespero, perdendo qualidade de vida.”
2 - Não subestime as pequenas despesas
É a soma das compras pequenas, daquele dinheiro que parece que não vai fazer
diferença no orçamento, que faz o consumidor pouco re-grado perder o controle.
“A gente tende a pensar nas grandes quantias que despendemos, mas são as
pequenas que fazem dife-rença para a conta entrar no vermelho. É mais fácil, na
hora que projetamos mentalmente nossos gastos, lembrar das grandes despesas. Por
isso, não são elas que nos fazem permitir excessos, mas as pequenas”, diz a
educadora financeira Cássia D’Aquino. Saber dar valor às pequenas quantias ajuda
a cortar o supérfluo sem mudanças radicais de hábitos. Marcos Silvestre,
coordenador do Cefipe, usa a compra diária de pães como exemplo. “Ninguém dá
bola para o gasto de R$ 1,50 com seis pãezinhos. Mas ele significa R$ 45 por mês
e R$ 540 por ano. Se, por dia, dois vão para o lixo, é melhor comprar apenas
quatro pães e, no mês, economizar R$ 15.”
3 - Pense duas vezes antes de comprar
Resistir ao impulso de compra pode não ser fácil, mas o esforço costuma render
bons resultados. “Muitas vezes, só ligando para um amigo ou parente para
comentar sobre o produto que viu, a pessoa já sacia a ansiedade de compra”,
garante a educadora financeira Cássia D’Aquino. Ela sugere que a pessoa sempre
deixe a compra para o dia seguinte. Quem tem hábito de agir por impulso deve
andar sem talão de cheques, cartão de crédito e com pouco dinheiro. Para o
consultor Gustavo Cerbasi, professor da Fundação Instituto de Administração
(FIA), o consumidor deve sempre pechinchar – primeiro com o vendedor e depois
com o gerente da loja. “E quando ele se definir pelo produto, antes de fazer a
compra deve sair um pouco da loja, dizendo que já volta. É comprovado que uma
saída destas derruba mais da metade das compras.” Cerbasi explica que este tipo
de situação acontece pelo envolvimento com o vendedor, que seduz o comprador.
4 - Fuja da armadilha dos cartões
Os cartões de crédito e de lojas são os grandes vilões de quem quer manter um
orçamento estável, porque facilitam o descontrole e o aumento dos gastos.
Segundo a educadora financeira Cássia D’Aquino o consumidor tende a comprar 34%
a mais com cartão do que se pagasse à vista. “Só por aí se tem uma idéia do
quanto ele é perigoso.” Mas não é só uma questão de fortalecer o impulso de
compra. Os juros altíssimos do crediário são um veneno para qualquer orçamento.
Segundo levantamento mensal do Procon de São Paulo, em novembro os juros por
atraso no cartão de crédito eram de 10%, em média. “Quem tem cartão deve checar
toda semana seu extrato na internet. Também não há necessidade de ter mais de um
para se usufruir dos benefícios que ele gera, como parcelar alguns produtos pelo
mesmo preço que custam à vista”.
5 - Troque a dívida cara por outra mais barata
Se não é possível quitar dívida do cartão de crédito ou cheque especial, a
me-lhor opção é trocá-la por outra menos danosa. Os especialistas sugerem o
crédito consignado ou empréstimo pessoal como as melhores alternativas de troca,
porque apesar de ainda cobrar juros, têm taxas menores e com uma despesa
parcelada. En-quanto o cartão cobra juros em torno de 10% ao mês e o cheque
especial 8%, so-bre os empréstimos pessoais oferecidos pelos bancos incide uma
taxa de 5%. Uma pessoa que tem uma conta de cartão de crédito de R$ 1 mil, mas
só dispõe de R$ 100 para pagar, mesmo que não gaste nada no mês seguinte
continuará com a dívida inicial, consi-derando-se um juro de 11%. “Se o devedor
muda para o empréstimo pessoal e pegar o empréstimo de R$ 900; vai pagar 12
vezes de R$ 100, que é muito melhor que a situação an-terior”, sugere Marcos
Silvestre.
6 - Evite os parcelamentos muito longos
Olhar o valor da parcela pode tornar uma compra desnecessária ou adiável muito
atraente, mas não é a melhor medida a ser adotada para quem pretender ver o
dinheiro sobrar. “O fato de poder parcelar faz com que as pessoas juntem uma
porção de prestações, consumindo além do necessário e comprometendo boa parte de
seus ga-nhos”, diz a educadora financeira Cássia D’Aquino, autora de livros que
ensinam os pais a ensinarem os filhos a poupar. Fugir das parcelas também está
entre as sugestões do especialista em finanças Flávio Panhoni, professor da Fiap.
“As pessoas olham apenas se elas cabem no orçamento mensal, mas não calculam o
prejuízo que estão tendo por não juntarem o dinheiro para pagar à vista.”
Somente bens indispensáveis e aqueles que tem um bom preço à vista e o mesmo
valor a prazo merecem ficar fora desta regra.
7 - Poupe um pouco todos os meses
Quando lembrar de poupar é difícil, além de colocar uma reserva de dinheiro como
regra no orçamento do mês, o melhor é transformá-la em uma espécie de despesa.
Os bancos oferecem alternativas como previdência privada e depósitos programados
em poupança ou fundos de investimento. Assim, o dinheiro sai da conta corrente
antes que o titular tenha tempo de pensar em gastar. As sugestões de quanto do
orçamento deve ser guardado para uma poupança de emergência variam conforme o
especialista. A mais citada é 10% da renda mensal. “Para um casal que logo no
início do casamento começa a poupar, 10% é suficiente. Quem começa depois de 10
anos deve poupar 20%. Após 20 anos, a reserva deve ser de 30%”, recomenda Marcos
Silvestre. É o dinheiro que vai ajudar na compra da casa própria, na faculdade
dos filhos ou no pé-de-meia para a aposentadoria
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