Resolver alguns problemas diretamente com o cliente, sem ter de repassá-los a
um superior, torna a vida corporativa mais fácil. Porém, muitos líderes têm
dificuldade de conceder esse poder para a equipe – o que pode gerar ainda mais
problemas. Eles não sabem aplicar o empowerment.
“Empowerment é uma cultura diante do mercado”, afirma o consultor sênior do
Instituto MVC, Alexandre Freire. Uma equipe ou uma empresa que tenha aderido a
essa cultura possui líderes que sabem delegar poderes de decisão e resolução de
problemas para os funcionários.
E o que isso ajuda no desenvolvimento profissional? É a oportunidade que
muitos têm para mostrar que são criativos, que sabem lidar com situações
adversas e que conseguem resolver problemas com facilidade. Além disso, é o
cenário ideal para você mostrar que pode ser um líder no futuro.
Para o líder, por outro lado, implantar essa cultura é demonstrar que sabe
delegar tarefas e responsabilidades, que é seguro, que confia no seu trabalho e
no da sua equipe e que está atento ao que é exigido de um líder. “Hoje, aquele
que sabe disseminar de modo positivo a informação é que detém o poder”, afirma o
especialista.
De cima para baixo
“O empowerment vem de cima para baixo”, explica Freire. Ou seja, se a
empresa ou o líder da equipe não delegam esse poder, o profissional simplesmente
não o terá. O que não impede o profissional de mostrar iniciativa em resolver as
questões, o que deve ser feito com cautela.
Isso porque, segundo Freire, empresas que não têm essa postura diante do
mercado, de modo geral, têm um perfil centralizador. Líderes com esse perfil têm
dificuldades de delegar por muitas razões. Freire cita a insegurança de o
profissional se mostrar melhor que o líder na resolução dos problemas. “Essa
situação pode gerar desconforto”, afirma Freire.
“Há um medo generalizado de que, se dermos o poder para as pontas, as
consequências poderão ser desastrosas”, diz. Segundo ele, o sentimento de que
vai perder o controle da situação ou da equipe prevalece para o líder e impede a
implantação do empowerment. Além disso, o medo de arcar com as consequências
caso a equipe ou um profissional específico falhe também prejudica essa mudança
no ambiente corporativo.
“Falava-se muito no passado que o empowerment seria muito maior hoje”, afirma
o especialista. “Mas é o contrário. Centraliza-se cada vez mais o processo
decisório, mesmo quando o problema é de simples solução”, completa.
Poder nas mãos certas
Freire explica que, de maneira geral, as empresas e os líderes que aplicam a
cultura do empowerment sabem delegar. “Esse líder foca no crescimento da equipe
e no alcance das metas de maneira rápida”. E qual a vantagem? “Um aumento rápido
da satisfação do seu cliente”, ressalta Freire.
Um líder que age segundo essa cultura costuma priorizar profissionais que
tenham iniciativa em resolver problemas, e não apenas repassá-los. “Em uma
equipe com empowerment, o líder deixa claro o que quer e as metas que o
funcionário deve atingir”. Mas não é só isso. Acompanhar cada ação do
profissional de perto também cabe ao líder.
“Torna-se necessário contratar ou formar gerentes que sejam humanos,
imperfeitos e que não tenham medo de sombra”, diz Freire. “Quando a ponta tem o
poder, sobra mais tempo para a liderança pensar a estratégia da empresa”,
afirma.
Com o poder nas mãos, é a vez de o profissional mostrar que pode solucionar
problemas e trazer, com isso, lucros para a empresa. “É uma questão de prova.
Ele vai ter de provar que pode dar conta”, afirma o especialista.