Você está em dificuldades financeiras? O simples fato de se
questionar sobre o assunto já é um sinal de que a situação pode ter saído do seu
controle. Na dúvida, siga seus instintos, já que o primeiro sinal de que você
efetivamente está em dificuldades financeiras tende a ser uma simples sensação
de mal estar.
Você fica acordado à noite pensando em como vai pagar suas contas? Arrepende-se
depois de ir ao shopping e comprar no cartão? Promete que nunca mais vai fazer
isso? Briga com seus pais ou cônjuge por causa de dinheiro? Quando pensa em
dinheiro se deprime e é dominado por uma sensação de impotência?
Desequilíbrio emocional é prejudicial
Se você respondeu afirmativamente à maioria destas perguntas, muito
provavelmente a sua situação financeira é delicada e exige atenção imediata.
Existem várias razões pelas quais as pessoas gastam mais do que podem. E ainda
que a falta de educação financeira contribua para este tipo de comportamento,
muitas vezes ele reflete a necessidade de compensar um problema de natureza
emocional.
Assim, não são raros os casos de pessoas que se atolam em dívidas para compensar
algum tipo de negligência que tenham sofrido, seja dos pais quando eram
crianças, dos cônjuges ou algum outro tipo de sentimento de inferioridade.
Bastante conhecidas de todos nós, as conseqüências incluem, por exemplo, a perda
do emprego, destruição do casamento, abandono da família e até mesmo a
deterioração da saúde.
Não importa o que tenha levado você a esta situação. Uma coisa é certa: a saída
só é possível se você reconhecer que existe um problema e, neste sentido, a
sensação de mal estar mencionada acima é bastante positiva. Ainda assim, existem
outras formas mais objetivas de verificar se sua situação financeira merece
atenção. Abaixo serão discutidas algumas delas.
De salário em salário
Muitas pessoas vivem de salário em salário, simplesmente porque não ganham bem.
Este é o caso, por exemplo, de um rapaz que trabalha como Office boy e precisa
sustentar mulher e filho. Neste caso, é muito difícil não viver sempre na
expectativa do próximo pagamento. Mas isso não significa que este mesmo rapaz
esteja atolado em dívidas.
Por outro lado, existem profissionais bem remunerados que vivem a mesma situação
que o Office boy, simplesmente porque não se preocupam em administrar o dinheiro
que ganham e cometem erros financeiros básicos, como financiar gastos correntes
no cartão de crédito.
Usar o cartão de crédito como forma de gerenciamento da data de vencimento dos
seus pagamentos é sinal de que você planeja suas contas, mas quando você usa o
crédito rotativo para pagar as compras do supermercado, é hora de acender o
sinal vermelho.
Empurrando com a barriga
Por mais que se fale, a maioria das pessoas ainda não entende que o limite do
cheque e do cartão não pode, em hipótese alguma, ser visto como renda. Eles
servem para complementar o seu orçamento em um momento de emergência, e é só.
Apesar disso, não são raros os casos de pessoas que optam por efetuar apenas o
pagamento mínimo da fatura e financiam o restante no crédito rotativo,
acreditando que, por ter quitado o mínimo, não estão se atolando em dívidas.
Raciocínio semelhante é adotado para o cheque especial, com vários correntistas
esperando o próximo pagamento para quitar os juros.
No início, os gastos com juros parecem desprezíveis e administráveis, mas basta
um pouco de tempo, que logo o salário já não é suficiente para cobrir os gastos
crescentes com juros de uma dívida que nunca é amortizada. Daí para pedir outro
cartão, ou abrir uma nova conta corrente, e usar o novo limite para pagar o
antigo é um passo!
Sinal vermelho!
Para quem, apesar de não ser capaz de gerenciar o próprio dinheiro, gosta de
números, e precisa de uma prova empírica de que sua situação financeira está
delicada, é possível calcular seu grau de endividamento.
Para tanto basta uma calculadora, ou simplesmente uma folha de papel e um lápis.
Esta é uma metodologia bastante adotada pelas instituições que oferecem crédito,
e certamente deve lhe dar uma fotografia bastante boa da sua situação.
Se você só levantou financiamento imobiliário, e isso já é suficiente para tirar
o seu sono, vale lembrar que, via de regra, quando a prestação responde por
menos de 25% da renda bruta mensal da família, a situação está sob controle.
Ainda que esta análise seja feita no momento da concessão do financiamento, como
os prazos envolvidos são longos, não são raros os casos no qual esta relação se
deteriora com o passar do tempo, seja porque a amortização da dívida é muito
lenta, ou simplesmente porque houve perda de renda.
Mas se você é daqueles que paga financiamento da casa, do carro, e
constantemente usa o limite do cartão de crédito, é preciso calcular o grau de
endividamento total, ou seja, quanto da sua renda bruta está comprometido com o
pagamento de dívidas. Caso o percentual de comprometimento supere 35% está na
hora de rever a sua situação financeira.
Não se iluda!
Pode parecer surpreendente, mas muitas das instituições que concedem crédito não
efetuam uma análise da dívida consolidada, e se concentram na análise individual
da quantia que estão concedendo.
Ainda que este tipo de postura acabe induzindo o devedor a acreditar que sua
situação ainda é saudável, quando na verdade já saiu completamente de controle,
ele não pode se isentar completamente da culpa pelo seu descontrole financeiro.
Se você não consegue economizar um centavo no final do mês, e já usou todos os
limites que tem disponível no cartão e no cheque, provavelmente o seu instinto
já lhe disse que está na hora de tomar uma providência com relação à sua
situação financeira. Não se iluda! Por mais que você não queira acreditar, seu
instinto provavelmente está certo e está na hora de tentar sair do vermelho.