Ao pecuarista
Oi bem!
Sabe que eu gosto muito de você, mas tem umas coisas que eu não entendo: cada
vez que você me dá um presentinho tem que dizer que custou não sei quantos
bois-gordos? É sempre assim, você chega dizendo: "benhê, comprei esse anelzinho
procê, custô vinte boi-gordo. Se você não gostá pode trocá que já deixei uns boi
de crédito lá na joalheria!"
Ô bem, tem outra coisa que eu não gosto: é essa sua mania de ficar me
enchendo de presentes pra não deixar eu usar depois! De vez em quando você
parece meio ciumento, porque só deixa eu usar vestido novo quando saio
contigo... Às vezes desconfio que andam colocando alguma coisa na sua cabeça,
pois você vive coçando a cabeça quando digo que vou sair sozinha com aquele
carrão novo que você me deu e que custou mais não sei quantos caminhões de
leite!
Ô bem, você não tem confiança em mim? Se tem, porque me trata desse jeito,
porque me dá todo o conforto e a melhor ração pra depois me deixar presa feita
uma vaca no confinamento? Você sabe que eu não te troco por nada no mundo, né?
Nem se o Chitãozinho e o Xororó me dessem a fazenda deles com porteira fechada
eu deixava de gostá d`ocê pra gostar ainda mais deles!
Você é o must! Acho que você devia matar uns bois e fazer um churrasco bem
bacana, convidar aqueles políticos da cidade e chamar aquele povo da Caras e da
Chiques & Famosos pra gente aparecer na revista, igual a Gisele Bin... Bun...
ah, sei lá, aquelazinha que é só carne e osso e que anda saindo com o rapaz do
naviozão que afundou...
Sabe bem, apesar de você ser o must, às vezes, no meio da noite, fico meio
encafifada... mas, não se preocupe: é só naquelas horas do bem bão em que você
resolve me chamar de Pretinha ou de Mimosa... quando a gente namorava você não
me chamava assim...
Um beijo da
(assinatura)