Ele é um velho conhecido do brasileiro. Tem aspecto de salvação nas horas
difíceis e nos momentos de aperto, mas na realidade é o grande vilão de milhares
de famílias e está no topo da lista dos problemas de quem se enquadra no perfil
dos endividados. E você já identificou quem é esse instrumento de perigo
constante que vive em nossas mãos prometendo sonhos? É o cartão de crédito –
responsável por dívidas com as maiores taxas de juros praticadas no mercado. Em
função desses altos juros, muitas famílias acabam optando por pagar o mínimo da
fatura, que chega em suas casas. Aí começa o grande problema: juros sobre juros,
um dinheiro que não se vê mais e mina a saúde financeira da família.
Tudo começa com uma ilusão. No início o cartão tem um limite modesto. O
desejo de consumo começa a crescer, logo o banco detecta a vontade do seu
cliente e oferece mais crédito, logo mais crédito e mais. O cliente satisfeito
com a generosidade do banco se empolga facilmente e sai às compras, que podem
ser pagas ao final de 30 dias e contam com os parcelamentos. Tudo o que ele
queria para sempre. Mas iludido não percebe o problemão que está se criando, que
muitas vezes acontece pela facilidade do valor de seu limite pré-aprovado
disponível e o prazo estendido de parcelamento nas compras concedido pelos
lojistas.
Apesar deste retrato de cruel, o cartão não é tão bandido assim. Pode ser um
aliado nas compras, auxiliar no planejamento financeiro e pode até render
prêmios, milhas que são revertidas em viagens. Mas é preciso ter bom senso antes
de assinar o ticket emitido ao final de mais uma compra com cartão.
Para minimizar o risco de ficar inadimplente e usar o cartão com planejamento
e consciência é preciso antes de tudo que você adéque o limite do cartão ao de
sua renda. Com o tempo e o bom relacionamento, as administradoras costumam
aumentar o limite, porém quando ultrapassa nossa renda é um perigo e uma
tentação, por isso cuidado e não deixe o seu limite ultrapassar 70% sua renda.
Outro ponto que deve ser bem observado antes da ida às compras é evitar
comprometer mais que 30% da sua renda com o pagamento da fatura. Para isso, é
preciso monitorar constantemente as compras e os parcelamentos que estão no
cartão. Lembre-se que há outros gastos como alimentação, transporte, moradia que
saíram da sua renda também.
Escolha corretamente a data de vencimento: procure conciliar o vencimento da
fatura poucos dias depois do recebimento dos seus rendimentos, isso ajuda a
evitar não ter dinheiro para pagar o valor total da fatura.
Agora, prepare-se para a dica principal: evite pagar o mínimo da fatura.
Quando pagamos o mínimo, automaticamente estamos optando pela modalidade de
crédito do cartão. Daí para frente, os juros são desenfreados e os mais altos do
mercado. Programe-se antes. Quando for necessário utilizar o crédito, opte por
outras modalidades como pôr exemplo o CDC (Crédito Direto ao Consumidor) com
taxas de juros mais baixas. Assim você poderá pagar o valor total da fatura.
Caso não consiga pagar o total da fatura por dois meses seguidos, tem algo
errado com o seu planejamento. Uma dica que funciona nesta hora é suspender o
uso do cartão até organizar o problema.
Para evitar mais problemas é necessário também manter vencimento em dia.
Atrasar o pagamento do cartão de crédito, além dos encargos da modalidade de
crédito, faz você pagar multas e encargos financeiros pelo atraso da fatura.
Essa é a pior situação que terá que enfrentar, não deixe que ela aconteça.
O melhor mesmo é usar o cartão de forma consciente, com um bom planejamento
financeiro e de compras. O ideal é sempre pagar o total da fatura, aproveitando
o benefício dos parcelamentos e a segurança de não precisar andar com dinheiro.
Observando esses benefícios, o cartão é sem dúvida um grande aliado da
organização financeira.