A globalização separou o aprendiz do professor, tanto física como
temporalmente. Hoje é possível que se aprenda sem estar fisicamente no mesmo
local do instrutor e tampouco no mesmo momento. Esse recurso, conhecido como
Ensino a Distância - EAD ou e-Learning -, vem sendo amplamente adotado
por instituições acadêmicas e cobiçado por corporações que precisam treinar seus
funcionários, sua força de vendas, seus representantes de maneira unificada e
vencendo barreiras territoriais intercontinentais.
Mas será que os recursos de e-Learning são adequados para
treinamentos nos quais, na maioria das vezes, o grande interessado no processo é
a corporação e não o treinando? A resposta é: não. Da mesma forma que se
estabeleceu o e-Learning para o Ensino a Distância (EAD), é preciso que
se estabeleça o e-Training para o Treinamento a Distância (TaD).
O e-Training deve ser mais interativo, deve aplicar com propriedade
os recursos de multimídia, valendo-se de todas as inovações possíveis para
tornar o treinamento mais agradável e, sobretudo, respeitando os conceitos e
premissas desse importante instrumento de comunicação corporativa.
Relação próxima com o treinador - Estabelecer uma relação
próxima do instrutor com o treinando é primordial. O mundo digital carece de
calor humano. Assim, é preciso lançar mão de recursos como uma apresentação em
vídeo do treinador para que este ganhe vida. A identificação vai garantir que o
aluno encare de forma muito mais positiva o assunto apresentado. Seja pela sua
qualidade ou pela propriedade com a qual o professor o apresenta.
Participação interativa - Um erro comumente cometido no
e-Learning é a falta de possibilidade de interação e participação ativa. Em
um treinamento corporativo, é muito importante que o treinador seja real e
acessível ao treinando; como se ele pudesse levantar a mão e fazer uma pergunta.
Para isso, a possibilidade de interação entre ambos tem que ser garantida de
forma que o aluno possa postar perguntas, dúvidas e comentários através de
mecanismos como fóruns, blogs ou chats. E ainda mais importante, que estes sejam
respondidos com agilidade pelo próprio palestrante ou por alguém que o
represente.
Conteúdo atual e dinâmico - A retenção do conteúdo
apresentado em um treinamento presencial está em grande parte relacionada à
forma como é transmitido e ao seu ineditismo. No e-Training não é
diferente. Pelo contrário, por não depender de um evento físico, espera-se que
seja atualizado com mais agilidade e frequência. As apresentações devem ser
dinâmicas e cativantes. Os recursos multimídia disponíveis atualmente nos
permitem mostrar diagramas e gráficos de formas muito mais atrativas que um
simples slide estático. Em um ambiente digital, espera-se que estes recursos
sejam utilizados sempre que possível.
Flexibilidade de acesso - Segurança é palavra de ordem em
qualquer corporação minimamente organizada, especialmente quando se trata do
mundo digital. Por isso, é fundamental que as ferramentas utilizadas não
dependam de qualquer instalação de aplicativos ou de um ou outro sistema
operacional que possa desencorajar ou até discriminar o usuário. Ele quer ser
livre e quer que as coisas funcionem como se promete. A boa experiência do
treinando desde o primeiro contato com a ferramenta é condição para sua
permanência e pode virar um grande trunfo para a empresa no futuro da sua
comunicação com ele.
Motivação premiada - É comum a inclusão de diversos
mecanismos de premiação ou estímulo aos participantes de eventos presenciais,
desde recursos visuais altamente elaborados, até a distribuição de prêmios por
participação. Essa prática também não deve ser menosprezada nos e-Trainings.
A verificação do conteúdo treinado - prova - pode tornar-se um mecanismo de
premiação. Um bom certificado de conclusão pode ser mais interessante que um kit
com caneta e bloquinho de rascunho.
Estatísticas gerenciais - Por fim, para uma empresa é muito
importante poder mensurar o retorno dos investimentos realizados, inclusive com
treinamentos. Os tão atuais mecanismos de Business Intelligence trazem
consigo ferramentas extremamente poderosas de análise de eficiência dos recursos
aplicados. Por isso é necessário que a ferramenta a ser utilizada para o
e-Training de uma corporação tenha recursos flexíveis das estatísticas de
acesso e participação em tempo real. Assim, cada passo pode ser monitorado de
forma gerencial e não apenas estatística.
O acesso à banda larga vem crescendo exponencialmente no mundo inteiro e
notadamente no Brasil. Os conteúdos multimídia estão cada vez mais familiares
aos usuários e, por motivos culturais, o vídeo é o que mais os atrai. Estudos
internacionais mostram que a utilização do vídeo on line, podcasts,
blogs, fóruns e comunidades nas estratégias de comunicação das empresas é cada
vez mais importante. Esse, portanto, é um caminho sem volta.
Diante desse cenário, as corporações devem atentar para as sutis diferenças,
como aquelas entre e-Learning e e-Training. Embora possam
parecer semelhantes, algumas particularidades podem ser fatores determinantes
para o sucesso da iniciativa e o nível de especialização atingido por esse
mercado permite aos dirigentes escolherem as ferramentas certas para cada caso.