Um dos problemas da enxaqueca é que todos os exames eventualmente realizados
pelo paciente resultam perfeitamente normais.
Então, qual a causa da enxaqueca?
Para muitos médicos, infelizmente, a enxaqueca ainda é doença de hipocondríaco,
frescura, piripaque, vontade de chamar atenção. Mas a causa da enxaqueca é, na
verdade, muito sutil para ser detectada pelos exames de que dispomos, ainda que
os mais modernos.
Trata-se de um desequilíbrio bioquímico em certas localidades do cérebro,
envolvendo substâncias chamadas neurotransmissores, além de neuropeptídeos e
hormônios. Neurotransmissores e neuropeptídeos são substâncias que o cérebro
fabrica, responsáveis por nossas sensações (inclusive a de dor) e até pelo nosso
humor e comportamento. É por isso que a enxaqueca anda de mãos dadas com
depressão, ansiedade e pânico. Elas dividem o mesmo mecanismo bioquímico
cerebral!
Uma vez instalado esse desequilíbrio, o indivíduo fica vulnerável a apresentar a
dor e os demais sintomas, mediante uma série infindável de gatilhos (fatores
desencadeantes), os quais são erradamente confundidos com causas.
A segunda parte do meu novo livro, Enxaqueca - Finalmente uma Saída, é destinada
inteiramente à explicação destes mecanismos descobertos pelas pesquisas mais
avançadas da atualidade, nas mais diversas áreas da ciência. Leia e releia esta
parte com toda sua atenção e use este site como suporte às suas dúvidas.
A localização da dor podde variar de crise para crise; raramente dói sempre no
mesmo lugar. A dor pode ocorrer em qualquer lugar da cabeça, inclusive na região
dos dentes, dos seios da face e da nuca, dando origem à confusão com problemas
dentários, de sinusite e de coluna.
Os demais sintomas da enxaqueca compreendem náuseas (enjôo), vômitos, aversão à
claridade, ao barulho, aos cheiros, hipersensibilidade do couro cabeludo, visão
embaçada, irritabilidade, flutuações do humor, ansiedade, depressão (mesmo fora
das crises) e lacrimejamento. Um indivíduo não precisa apresentar todos estes
sintomas para ter enxaqueca. Normalmente apresenta alguns deles, em graus
variados.
A duração de uma crise de enxaqueca é, tipicamente, de 3 horas a 3 dias, seguida
de um período variável sem nenhuma dor. Pode ser precedida por uma alteração do
humor (euforia em alguns casos, depressão e irritabilidade em outros) e do
apetite (vontade de comer doces, ou então perda de apetite), visão embaçada,
visão dupla, escurecimento da visão (cegueira parcial) de um ou ambos os olhos,
e sensação de estar vendo pontos brilhantes, como se fossem vaga-lumes.
Entre outros sintomas estão incluidos diminuição da força muscular de um lado do
corpo, formigamentos, tonturas, diarréia, podendo também ocorrer as
manifestações visuais já descritas.
A freqüência da dor é muito variável, podendo ser desde uma vez na vida, até
todos os dias, e até várias vezes ao dia, no caso da cefaléia em salvas.
A cefaléia em salvas é uma variante rara da enxaqueca, que acomete muito mais os
homens.
A dor pode ser muito forte, a ponto de impedir o indivíduo de exercer qualque
atividade, obrigando-o a ficar deitado, num quarto escuro, em silêncio, durante
horas ou dias. O paciente torna-se muito irritável, preferindo ser deixado
sozinho.
Boa parte das crises terminam com o sono, ou então quando a pessoa vomita
(principalmente as crianças). Ao fim de uma crise, o paciente sente-se como que
de ressaca, apresentando, por mais de um dia, tolerância limitada para atividade
física e mental.