Encontrar uma nova recolocação no mercado de trabalho pode se tornar uma
verdadeira saga para diversos profissionais, sobretudo em tempos de crise, onde
as empresas costumam contratar menos. Diante desse cenário, as pessoas
qualificadas tendem a encontrar um emprego com mais facilidade.
Entretanto, mesmo para esses profissionais que possuem formação teórica e
experiência no mercado essa nova oportunidade pode não acontecer. Surge então a
dúvida: onde está o erro? Para desvendar esse mistério, o especialista em gestão
estratégica de pessoas e diretor-geral da Laerte Cordeiro Consultores em
Recursos Humanos, Laerte Leite Cordeiro, aponta os cinco pecados capitais que
podem dificultar uma recolocação.
Falta de foco
O primeiro pecado na busca por uma nova oportunidade de trabalho segundo
Cordeiro é procurar um novo emprego sem um foco definido. "Há um grande número
de casos de profissionais cujo objetivo de busca de emprego não está claro e
tem-se a impressão de que o recolocando não se sabe bem o que quer ou, pior do
que isso, que concorre a tudo ao mesmo tempo, sem que, para os selecionadores
das empresas, fique evidente o emprego pretendido e a melhor contribuição a
esperar".
Para evitar esse equívoco, o especialista destaca que o profissional antes de
sair em busca de um emprego deve definir com muita clareza qual é o foco que ele
almeja, qual o cargo que ele pretende conseguir, em que ramo de atuação, onde e
com que remuneração.
Currículo
O segundo equívoco fatal para quem quer conseguir um novo emprego é apresentar
um currículo de forma inadequada. "Um currículo em papel colorido, em tamanhos
diferentes do A-4, impresso em letras coloridas, com mais de duas páginas, não
tem a forma que o mercado quer. Além disso, um currículo que não define
claramente o foco da busca do candidato, que não oferece informações
profissionais e pessoais que o selecionador precisa para sua avaliação, que
contenha dados incorretos ou que busque enganar quanto aos fatos descritos é,
certamente, um mau currículo", destaca Cordeiro.
Um currículo sem a idade ou datas que possam comprometer o candidato, por
exemplo, aqueles profissionais que passaram dos 45 anos de idade e omitem essa
informação com medo que esse seja um critério desqualificativo ou com as razões
das saídas de empresas anteriores, são os erros mais comuns na elaboração de um
currículo.
Entrevista
Passando da fase do currículo pode surgir então o terceiro pecado capital a
falta de preparação dos candidatos a emprego para enfrentar as entrevistas dos
processos seletivos.
"Falar demais ou falar de menos incomodam os recrutadores, o chegar atrasado é
imperdoável, a falta de higiene pessoal é eliminatória, o não saber expor a
história profissional é inaceitável, o debruçar-se sobre a mesa do entrevistador
não ajuda nada, o entrar mudo e sair calado é deplorável e o contar detalhes não
pedidos é problema".
Uma forma de evitar esses equívocos é o candidato a uma vaga conhecer bem o seu
currículo e se possível ter informações sobre a empresa em que fará a
entrevista.
Má divulgação
Depois de ter um foco, um currículo adequado para o mercado e saber como lidar
com as entrevistas do processo seletivo, um tropeço que pode acontecer para o
profissional e atrapalhar a sua recolocação é uma má divulgação do seu
currículo.
"O ponto de partida é se imaginar como qualquer empresa procede quando pretende
contratar alguém. A lista de ações é bem conhecida: anúncios de jornais e
revistas, utilização de headhunters (caça-talentos), pesquisa nos cadastros de
empresas de recolocação, uso dos bancos de vagas de empresas especializadas,
utilização do network (rede de contatos pessoais) para recebimento de indicações
e recomendações e, obviamente, a consulta aos próprios cadastros internos",
indica Cordeiro.
Plano de contingência
Para finalizar, o especialista ressalta que o profissional depois de tomar todos
esses cuidados não deve ficar em casa esperando o telefone tocar com uma
oportunidade de recolocação no mercado.
"O candidato deve desenvolver um plano de contingência que o ajude a manter a
sua autoestima e, por que não, faturar algum enquanto o novo emprego não vem.
Aceitar a situação de desempregado e habitar uma "zona de conforto" é um pecado
para a recolocação".