Carreira / Emprego - Demissão em massa: quem tem mais "tempo de casa" corre menos risco?
Em um momento de crise global, em que muitas empresas já estão demitindo, os
profissionais começam a analisar quais são as chances de eles perderem seus
empregos. Uma das variáveis comumente usadas nesta análise é o "tempo de casa".
Será que, por conhecer mais os processos e ter mais experiência no cargo, o
emprego está garantido? Ou, por outro lado, por ganhar mais, corre-se o risco de
ser mandado embora primeiro?
De acordo com o gerente de RH (Recursos Humanos) da Catho, Rogério Reberte, o
que conta na hora de se decidir sobre a demissão ou não de uma pessoa é a
importância da atividade realizada. "Às vezes, exigi-se o profissional
multifuncional e, às vezes, exigi-se o grande especialista que faz as coisas
funcionarem. Nos dois casos, os profissionais que têm dedicação e atitude fazem
a diferença", respondeu.
Em relação ao tempo de casa, ele afirmou que "se tivermos profissionais com a
mesma qualidade, que trazem soluções e não problemas, e um tem mais tempo, pelo
conhecimento da cultura da empresa e pelo custo, eu ficaria com ele". Na opinião
do gerente de RH, os anos de trabalho na empresa devem ser um fator de
desempate, e não decisório.
Custos para a empresa
Ninguém pode negar que, se o profissional com mais tempo de casa for mandado
embora, sairá mais caro para a empresa. Confira abaixo o que ela tem de pagar ao
funcionário no momento da rescisão de um contrato comum (prazo indeterminado),
de acordo com o advogado trabalhista Fábio Soares, do Tostes & Associados
Advogados:
- Aviso-prévio: que é o valor do último salário, mas pode ser a média dos
últimos 12 meses para quem recebe por tarefa realizada;
- Férias proporcionais;
- Décimo terceiro salário proporcional;
- Indenização de 40% do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço): o
dinheiro para o fundo é descontado mensalmente do salário do funcionário, a
uma proporção de 8%;
- Saldo de salário: por exemplo, se o funcionário trabalhou até o dia 10
de determinado mês e foi demitido, precisa receber pelos dez dias
trabalhados;
Diante disso, questionado sobre se o profissional com mais tempo de casa é mais
caro, Soares respondeu: "com certeza, primeiro porque, geralmente, ele tem um
salário mais alto. Segundo porque, quanto mais tempo na empresa, maior o
recolhimento para o FGTS e a indenização de 40% do fundo".
Emprego corre risco?
Num momento de demissões, o tempo de casa será levado em conta de acordo com as
estratégias da empresa. "Tudo isso vai depender da gestão empresarial e da
atividade. Existem atividades que demandam mais experiência", explicou o
advogado trabalhista.
O que ela vai analisar, de acordo com Soares, é quem pode ser cortado, para
diminuir os custos, sem prejudicar a atividade da empresa.
Em alguns casos, ela precisa imediatamente cortar pessoas que ganham mais, para
reduzir custos, atitude que mira quem tem mais tempo de casa. Porém, em empresas
pequenas, com capital de giro baixo, a indenização do FGTS é muito alta para
demitir um funcionário com muito tempo de casa, então o emprego dele corre menos
risco.
Outro ponto que a empresa observa é se vale a pena demitir uma pessoa experiente
e já formada e colocar uma outra pessoa que não sabe muito sobre a função e para
a qual terá de fornecer apoio para a formação. "Tudo isso é pensado", finalizou
o advogado.
Referência:
InfoMoney
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Autor:
Flávia Furlan Nunes
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