Com a chegada do feriado de Carnaval, muitos brasileiros que querem fugir do
agito das praias acabam optando por um roteiro ecológico, também conhecido como
ecoturismo. Se esta é a sua opção, prepare-se, pois o valor de um pacote de
ecoturismo pode ser até três vezes superior aos pacotes tradicionais.
Uma viagem de sete noites para Bonito, no Mato Grosso do Sul, por exemplo, pode
custar cerca de R$ 4.144, enquanto as mesmas sete noites em Natal, Fortaleza ou
Maceió ficam entre R$ 1.368 e R$ 1.398, segundo informações da agência Viagem
Express.
A explicação para tamanha diferença está no conceito de ecoturismo, que envolve
um grupo menor de pessoas e acompanhamento constante. "O custo operacional é bem
maior. Envolve guias e monitores constantes, transporte, além do número de
visitantes nos passeios ser limitado", explica a coordenadora socioambiental da
Abeta (Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura),
Lucila Egydio.
Falsos passeios
Formado majoritariamente por um público entre 35 e 40 anos, proveniente,
principalmente, das classes A e B, o grupo dos adeptos do ecoturismo pode estar
sendo enganado por operadoras que têm se utilizado do ambiente natural apenas
como cenário para a realização das atividades, deixando de lado a verdadeira
filosofia pregada por este tipo de passeio, como alerta o professor de Turismo
Ambiental do Senac e pesquisador da Esalc (Escola Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz), Hélio Hintze.
"O uso mercadológico do eco atua como uma nova roupagem para o que ainda pode
ser antigo. Tudo agora é eco. Por exemplo, postos de gasolina ecológicos,
ecoresorts, ecoempreendimentos, programas de ecoeficiência em empresas de
diversos ramos utilizam-se desta estratégia de marketing. Ser ecologicamente
correto está definitivamente na moda", diz.
O que é ecoturismo então?
Segundo o pesquisador, o verdadeiro ecoturismo deve conscientizar os viajantes
ambientalmente, por meio de atitudes e atividades, e assim provocar mudanças no
dia-a-dia de seus participantes.
Para não ser enganado, além de desconfiar de preços muito baixos, o especialista
aconselha ao turista que observe a quantidade de pessoas que vão participar do
passeio. Se for um grupo muito grande, desconfie.
Também é importante checar com quem já fez a rota e como é a relação da empresa
com as comunidades visitadas. Para Hintze, as características locais devem ser
ao máximo preservadas.
Ah, e não confunda: "ecoturismo não é turismo de aventura", diz o professor.
Atitude correta
Quem quer realmente aderir ao ecoturismo, além de observar com rigor a prática
da agência de viagem que está contratando, precisa ter em mente algumas atitudes
ecoturistas e estar disposto a realmente interagir com o local e a comunidade
que vai visitar, lembra a coordenadora da Abeta.
Portanto, se você quer ter atitudes convenientes com a filosofia ecoturista em
sua próxima viagem, procure visitar ambientes naturais, consumir produtos da
região, para incentivar a economia local, e se preocupar com o que irá consumir,
assim como com os resíduos produzidos e seus respectivos destinos.