Quando o jovem consegue uma vaga na faculdade, tem o sonho de seguir uma
carreira e, em um futuro (de preferência, próximo) conquistar um cargo que lhe
proporcione uma certa tranqüilidade de retorno financeiro - e recheado de
atividades rotineiras com as quais a pessoa se identifique.
No entanto, traçar esse caminho não é a coisa mais fácil do mundo: além de
contar com infortúnios no meio da jornada, como a dificuldade de arrumar um
estágio por conta da grande competitividade e, principalmente, conseguir se
encaixar na área de maior afinidade, o universitário passa por um outro
problema: o valor da bolsa-auxílio.
Estagiário não é empregado
A bolsa-auxílio nada mais é do que a remuneração pelo trabalho executado. No
entanto, diferente do emprego com carteira assinada, o estágio não dá uma séria
de benefícios ao estudante, como férias, décimo terceiro etc, além de ter uma
remuneração baseada no nível acadêmica, ou seja, diferente daquela paga a um
profissional.
Diante desse cenário, fica a dúvida: permanecer no emprego atual, que nada tem a
ver com a área na qual estuda, para garantir o pagamento do curso ou ganhar
metade do seu salário para entrar de vez no mercado?
Particularidades
Não é possível dar uma resposta direta para isso: cada situação tem sua
particularidade. Algumas faculdades, principalmente aquelas que habilitam o
estudante para exercer alguma função pedagógica, exigem uma determinada carga
horária de estágio para entregar, no final do curso, o diploma de licenciatura.
Portanto, caso seja difícil conciliar o trabalho, essa atividade
extra-curricular e, ainda por cima, os estudos, pese bem o que é mais importante
para você: ter de recorrer à alguma alternativa para pagar as mensalidades e
começar a exercer a função desejada ou perder os anos de estudo por não
conseguir tirar o diploma.
Experiência é tudo
Existem ainda outras universidades que não exigem dos alunos experiência na
área ou carga horária extra-curricular para liberar o atestado de conclusão do
curso. Dessa forma, alguns universitários esperam o período letivo acabar (e com
ele aquela obrigação financeira mensal) para então tentar um espaço no mercado
de trabalho.
No entanto, é sempre bom lembrar que um dos pré-requisitos na hora de pleitear
uma vaga é a experiência prévia. Por mais que o concorrente ainda seja um
estudante, esse ponto conta como um diferencial. Se para quem procura um estágio
é assim, a cobrança quando se está formado é ainda maior.
Em outras palavras, curso e mercado se complementam. Da mesma forma que é mais
difícil para alguém que não tem nível superior conseguir um posto que garanta
uma boa remuneração, é complicado para o recém-formado sem experiência encontrar
alguma empresa que queria lhe ensinar o que ele já deveria saber.
É de conhecimento geral que só o mercado garante aquele "traquejo" e "jogo de
cintura" da profissão. A faculdade é sim a base para tudo isso, mas o
profissional só ganha essa denominação quando pratica aquilo que aprendeu na
teoria.
Alternativas
Antes de decidir abandonar o emprego convencional e se aventurar pela sua
área de formação (e possivelmente contrair uma dívida com a universidade) vale
lembrar que existem programas que emprestam dinheiro para pagamento de cursos
superiores. Um deles, bastante conhecido, é o Financiamento Estudantil (Fies),
do governo federal.
Informe-se no Ministério da Educação e Cultura ou então na Caixa Econômica
Federal sobre prazos e requisitos para participar do programa. Além disso, as
próprias universidades oferecem programas de bolsa de estudos por desempenho ou
por comprovação de renda. Vá até o atendimento ao aluno da sua e veja quais as
possibilidades.
Seu direito
Em um caso extremo, quando você já optou pelo estágio e pela bolsa-auxílio e
não pode mais pagar a mensalidade, lembre-se: o Código de Defesa do Consumidor
(CDC) expressa que o estudante tem direito de continuar a freqüentar as aulas e
não pode sofrer qualquer tipo de humilhação (como bloqueio das catracas,
confisco de provas e documentos etc), mesmo que inadimplente.
Porém, a universidade não é obrigada a renovar a matrícula no período letivo
seguinte. E se o estagiário já não freqüenta mais o curso, acaba perdendo o
vínculo com a empresa onde aprende a função. Nessas horas, o que vale é ir até o
financeiro da entidade de ensino e tentar um acordo para não perder a vaga, nem
na faculdade, e nem no mercado de trabalho.