Gerenciamento correto dos gastos, com racionamento até do copinho descartável
do café, dá sobrevida a empresas
O pequeno fabricante de móveis Antônio Emmanuel de Oliveira nunca se contentou
com o elevado índice de desperdício de papel e materiais descartáveis em sua
empresa, no município de Ubá, na Zona da Mata Mineira. Impôs uma regra que
proibia os 20 funcionários de consumir mais de dois copos de café ou água por
dia, regrou o uso de canetas e implantou o sistema de reimpressão de folhas. Em
pouco mais de dez meses, a economia gerada lhe propiciou a contratação de um
funcionário.
"Cada vez que o empregado tomava um cafezinho, utilizava um copo. Cada um
consumia cerca de cinco canetas por mês, pois sempre perdiam o material. O nosso
plano de contenção de custos vai além da simples economia; serve para
conscientizar o nosso funcionário", explica o empreendedor, que aponta como
benefício o fato de a ação ter gerado emprego em sua empresa. O gerenciamento
dos gastos é um dos três mais eficientes pilares utilizados atualmente para
auferir o lucro.
Além de garantir maior rentabilidade através da economia, uma empresa expande
os negócios conquistando mercados ou elevando o preço das mercadorias que
comercializa. As despesas se compõem, basicamente, dos custos fixos e variáveis.
Os primeiros são aqueles diretamente vinculados à principal atividade de uma
indústria. São os valores correspondentes ao consumo das matérias-primas,
materiais de acabamento e embalagens dos produtos. Geralmente, quanto mais se
produz, maiores são os custos variáveis. Já os custos fixos são os gastos que
tendem a permanecer inalterados em função do volume da produção.
Como o próprio nome diz, são despesas mensais que, chova ou faça sol, o
empresário precisará desembolsar, como aluguel, prestação das máquinas e
pagamento dos empregados. Em outras palavras, custo fixo é o sacrifício que a
empresa faz ao consumir recursos para chegar ao lucro. Ele incide indiretamente
sobre os custos de produção e, muitas vezes, não é contabilizado. É um item que
pode arruinar qualquer orçamento num período de interrupção de receita. Quando
há redução na entrada de recursos no caixa da empresa, a situação é sempre mais
dolorosa se o custo fixo for elevado.
Por isso, são justamente os custos fixos os gastos mais controlados pelos
empresários. "É o primeiro lugar onde se pode queimar o excedente. É mais
difícil controlar o custo variável, por estar diretamente vinculado à variação
de produção da companhia. Já o fixo pode ser reduzido sem que se diminua a
produção", explica o consultor do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
em Minas Gerais (Sebrae- MG), Augusto Manso.
Gestão
Na gestão de custos fixos, a primeira coisa a fazer é apurar todos os gastos que
a empresa tem. Colocar tudo no papel, item por item. A tarefa, a mais básica no
gerenciamento, também é a mais esquecida pelos empresários, observa o professor
de ciências contábeis do Ibmec e da UFMG Poueri do Carmo Mário. Mas atenção.
Custos fixos não podem ser reduzidos aleatoriamente, sob pena de prejudicar o
funcionamento da empresa, alerta o especialista.
"De que adianta demitir para economizar, se você está dispensando capital
intelectual?", indaga Poueri Mário. Os custos fixos, afirma o especialista,
devem ser reduzidos com o único propósito de otimizar a produção e os
resultados. Isso se faz mensurando quais dessas despesas agregam valor ao seu
empreendimento - como funcionários bem capacitados - e quais delas são
consideradas desperdícios, como o excessivo gasto de papel.